Eu vou tomar um caminho perigoso aqui e já começar culpando a minha criação. Não exatamente ela, mas as coisas que aconteceram durante ela. Especificamente o milhão de mudanças. Minha mãe era sagitariana com ascendente em peixes - particularmente boa em mudanças repentinas e violentas quando as coisas se tornavam muito repetitivas. Eu, apegada demais às coisas, costumava odiar algumas mudanças, as que me faziam perder coisas. Mas eventualmente eu me acostumei e houve um momento, bem no começo da minha adolescência, que eu parei de temer mudanças e comecei a desejá-las. Eu que odiava mudar de cidade, deixar meus amigos para trás e ter que me refazer completamente em um lugar novo, quando as coisas ficaram mais sérias e eu comecei a me enrolar em aspectos de mim que eu não gostava, transformei mudanças violentas em minhas melhores amigas. A chance de recomeçar em um lugar novo e ser do jeito que eu queria era aceita de bom grado. E de repente essa sensação ficou viciante.
Eu acho que posso atribuir meus planos de viagem para o futuro a isso. Eu expliquei eles aqui completamente e em detalhes, mas na vida real eu costumo resumi-los apenas a "nunca viver em um lugar por tempo suficiente para que as pessoas se cansem de mim". Eu não suporto a ideia de viver a vida de um jeito só ou de ser uma pessoa só. Consigo mudar tanto em uma semana que às vezes o mês passado parece mais longe do que 2011. E quando essas mudanças violentas internas não são acompanhadas de mudanças violentas no exterior, a sensação de inquietude toma conta. Violentamente. É por isso que eu entendo plenamente gente que termina relacionamento e corta o cabelo ou joga tudo fora. Não é porque você não suporta nada que tenha a ver com o passado, é porque mudanças interiores exigem mudanças externas.

Quando alguém me pergunta sobre a Giulia de anteontem
Talvez seja por isso que eu goste de finalmente estar na faculdade. Eu mudei muito de 2014 para agora e estar em um lugar novo - podendo expor minhas mudanças como qualidades que sempre me pertenceram - faz muito bem. Além disso, a faculdade é o tipo de ambiente que te dá a chance de ser o que você quiser, do jeito que você quiser. E também não é uma mudança longa o suficiente para te fazer se sentir fora da sua zona de conforto. É novo, mas ainda é apenas estudar. Algo que (quase) pode ser feito no automático. Estranhamente, eu também passo um espaço absurdo de tempo fantasiando sobre terminar a faculdade, me mudar e começar uma vida completamente nova. Não por nenhum motivo, além da ideia de começar de novo. Eu romantizo um pouco demais a ideia de ir para um lugar novo onde ninguém conhece a "antiga eu". Não deixa nada fácil o fato de que a protagonista do livro que eu estou lendo está fazendo exatamente isso.
Já que eu falei em livros, aqui vai uma citação real do meu primeiro livro:
"Eu fugi porque queria duas coisas: Liberdade e não ter de enfrentar as responsabilidades impostas a mim. Veja bem, essas duas coisas não são uma só. Liberdade significava me desligar de cada aspecto que me definia naquele momento - o que exigia coragem. Fugir das responsabilidades era covarde porque não fazia elas desaparecerem, apenas delegava-as a outras pessoas."
- Mais Uma Vez. Capítulo 14.
Eu não percebi quanto eu tinha em comum com essa personagem até começar a escrever este post. Essa cena foi a primeira coisa que veio na cabeça, porque eu queria poder fazer o que ela fez às vezes. Apenas me desligar de todos os aspectos que me definem e desparecer. Mas eu não posso. Primeiro porque eu não tenho a coragem dela - ou a covardia. E segundo porque os aspectos dos quais eu teria que me desligar envolvem pessoas com as quais eu tenho vínculos e não quero partir. Além disso, eu não tenho superpoderes que envolvem ler mentes e decidir quando eu quero morrer. Infelizmente.
Eu sei que esse texto inteiro fez parecer que eu sinto vergonha de quem já fui e que quero esconder tudo. Se fosse assim, esse blog já teria sido deletado há anos. Eu só não quero essas coisas antigas me prendendo ou me impedindo de respirar novos ares. É estranho que uma pessoa que gosta tanto de mudar e de se livrar das coisas que a definiam antes tenha registrado toda a sua adolescência em um blog e continue a fazer isso constantemente, mas eu acho que é por respeito a elas que este blog existe. Em respeito às antigas Giulia. A Giulia de 2011, a de 2012 e a de 2013 e assim sucessivamente. Elas podem ser muito diferentes da Giulia de 2016, mas sem elas, ela não existiria. E elas não querem que a Giulia de 2017 se esqueça delas, mesmo que ela queira muito.

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Sim, eu escrevi isso tudo apenas para introduzir a 7ª Era do blog a vocês: Quebrei a máquina de escrever agora é quebreiamaquinadeescrever.com.br. E se vocês prestarem atenção, notam que também houveram algumas mudanças no layout, mas as últimas mudanças de design no blog tem sido meio como as mudanças dos celulares da Apple nos últimos anos: A única coisa que mudou é tudo (porém, nada). Eu estou tentando fazer do QaMdE mais fácil de ler, mas também com a maior número de ferramentas possível. Até porque aqui é o lugar que eu venho para reclamar e falar muito sobre mim mesma, mas também é o meu meio principal de divulgação de trabalho.
Nas guias lá em cima, eu reorganizei as páginas e disponibilizei outros recursos. Juro que vou manter a página com as novidades de Sociedade Inglesa de Oposição atualizada com mais frequência. Por enquanto, os livros do NaNoWriMo continuam uma mistura na mesma tag, mas assim que as fases de edição começarem, eles também ganham páginas únicas com todas as informações possíveis. (Inclusive, meu projeto do NaNoWriMo 2016 já tem data para ser anunciado e é na última sexta do mês, daqui a 3 semanas, dia 28). A página de As Crônicas de Kat também caiu para subtítulo, já que com a história chegando ao fim (a data do fim já está definida, mas ainda tem muitos capítulos até lá, podem ficar tranquilos), ela logo deixará de ser a única história publicada no blog. Os contos que já foram publicados aqui também podem ser encontrados no mesmo menu. A página Extras não sofreu alteração, mas caso você ainda não tenha visto a playlist de Halloween já está lá e ela tem muita música maravilhosa. Nos gadgets aqui ao lado, as postagens mais lidas agora são as mensais, ao invés das de todos os tempos. Finalmente, em Contatos estão todas as redes sociais ligadas ao blog, meu e-mail para contatos profissionais e um formulário de contato para qualquer coisa.
Ufa, acho que é isso.
Vejo vocês em um post mais calmo,
G.