Antes da carta de Ellie para Kat, eu quero deixar minha própria carta para Kat e seu Exército. Um adeus que eu venho dizendo há meses que seria um dos mais dolorosos:
Em 2013 eu escrevia tanto que estava praticamente cuspindo histórias de vários tamanhos. Passava horas na frente do computador escrevendo às vezes cinco mil palavras em projetos diferentes. "As Crônicas de Kat" era mais uma dessas histórias. A única coisa que diferenciava o capítulo que eu postei naquele 28 de agosto de todos os outros capítulos de histórias que eu postava no Nyah! era o fato de que ele se parecia com os livros que eu lia na época.
Em 2013 eu escrevia tanto que estava praticamente cuspindo histórias de vários tamanhos. Passava horas na frente do computador escrevendo às vezes cinco mil palavras em projetos diferentes. "As Crônicas de Kat" era mais uma dessas histórias. A única coisa que diferenciava o capítulo que eu postei naquele 28 de agosto de todos os outros capítulos de histórias que eu postava no Nyah! era o fato de que ele se parecia com os livros que eu lia na época.
Aos 15 anos, eu me apaixonei por literatura gótica. Eu aprendi a adorar cenários lúgubres e obscuros, manchas de sangue onde não deveriam estar e as mais suaves, doces e lânguidas criaturas se revelando monstros cruéis e violentos. O tragicamente belo e encantadoramente trágico se tornou minha mais profunda obsessão. Depois de ter encontrado Carmilla e consumido o livro em uma tarde, a paixão tomou raiz dentro de mim e antes que eu percebesse eu consumia tudo que lembrava de longe uma história gótica e um milhão de artigos e páginas sobre as obras que não conseguia adquirir. É claro que consumir tanto daquelas obras me deixou com vontade de escrever algo que pudesse se aproximar das obras que eu admirava - nunca se igualar, é claro.
Foi assim que minha Kat nasceu. E ela era perfeita. Pequena, delicada, cachinhos de anjo e lindos olhos verde-folha. Até o primeiro poder que ela aparentava ter era adorável: ela se transformava em uma delicada gatinha preta de olhos verdes. É claro que ela não era a garotinha de dez anos vitoriana que aparentava ser, mas uma vampira centenária presa no corpo angelical de uma garotinha. E vampiros, nas palavras da própria Kat, são maníacos sádicos. Eu dei a Kat o nome de uma vampira poderosa que veio antes dela, Katerina, um nome que falava sobre seu Destino e sobre seu passado. Enviei Katerina para a igreja mais assustadora em que já tinha entrado e fiz com que ela transformasse uma outra garota, que se parecia um pouco comigo mesma. É claro que você não pode esperar que uma vampira vitoriana tenha começado a transformar outras vampiras em 2013 e Kat, apesar do que disse, não tinha. Também seria ingenuidade pensar que Katerina não teria mais a dizer do que o que disse para Olívia. Suas histórias eram longas, macabras e cheias de reviravoltas perturbadoras - por isso, no primeiro conto em que apareceu, Kat já adicionou um "extra" - onde ela contava que foi transformada pela mãe em um ritual de magia negra e avisava ao inferno que era mais poderosa que ele - cujo nome era aquele que depois eu e os leitores viemos conhecer tão bem: As Crônicas de Kat.
A evolução até uma história maior, em capítulos mensais aconteceu naturalmente nos três meses seguintes. Eu estava tão certa de que seria apenas um passatempo, algo bobo, para me distrair e me contentar enquanto eu trabalhava no meu "livro de verdade", que eu sequer chamei a história de livro virtual ou de fanfic, mas de webnovella (já que eu queria imitar o formato de uma novela de folhetim). As Crônicas de Kat tomou a minha vida naqueles primeiros meses e em vários outros momentos. Eu escrevia cenas no canto do caderno durante as aulas, passava horas pesquisando para colocar boas referências, me tornei ainda mais obcecada pelo meu novo gênero literário preferido. No mês em que eu escrevi "Ellie", eu reli quatro livros e todos eles estão integrados à história de alguma forma. Eu não esperava que o projeto fosse me consumir daquele jeito, mas ele foi mais forte que eu, assim como a própria Kat.
ACDK me ensinou os prazeres de escrever terror. Se deixar consumir por uma história, perder o controle da própria escrita, passar de todos os limites da imaginação. Foram tantas as vezes em que eu me peguei diante da tela digitando rapidamente, com a mandíbula travada e o coração aos pulos. Cada cena importante era sonhada, planejada e debatida meses antes e, então, na hora da escrita eu era surpreendida por reviravoltas além do meu controle. Quantos dos meus dias ruins foram passados planejando As Crônicas de Kat? Quantas vezes eu me concentrei nas minhas vampiras sem alma para não ter que pensar nos meus próprios sentimentos? Quantas vezes os demônios com quem Kat debatia com sua retórica incontrolável eram os meus demônios?
Isso sem mencionar tudo que essa história fez por mim enquanto escritora de fantasia. Eu nunca me levei muito a sério escrevendo fantasia (ainda não levo, apesar de hoje em dia escrever principalmente esse gênero), mas em ACDK eu não precisava me levar a sério. Eu construía subplots sem saber o final deles, mexia na mitologia um milhão de vezes e até o último capítulo eu criei poderes, criaturas, feitiços. Eu morria de medo de ter me perdido tanto que nada mais fizesse sentido. Então eu voltava atrás, mexia em tudo e me explicava da minha própria forma. Fios soltos? Deixei vários. A vontade de puxar um deles e soltar um spin-off sempre vai continuar dentro de mim, mesmo que eu acabe não fazendo.
O presente final de Kat para mim aconteceu alguns dias atrás, quando ela me acompanhou para a Bienal do Livro Rio como escritora, pela primeira vez. Todo processo de imprimir essa edição especial foi incrível para mim e pareceu real demais. De encontrar a gráfica, ao teste final de impressão, cada etapa me fazia querer dançar pela sala. Então minhas mãos trêmulas apresentaram a história de Kat diante dos portões do meu evento preferido nesse mundo inteiro. E a história dela, impressa em capa dura como um diário antigo, fez com que eu recebesse o título de autora.
Eu não acho que essa será a última vez que eu verei essas personagens. Deixei as portas abertas, colocando outras histórias no mesmo universo, e eu duvido que elas não ressurjam em outras histórias, quase que sem querer. Elas são poderosas e teimosas demais. Como Pierre disse, não existe final para criaturas eternas. Mas o seu ciclo chegou ao fim para que novos ciclos possam começar. E por mais que eu não saiba como vou viver sem poder escrever mais dessa história e nem consiga colocar em palavras a falta que eu vou sentir de cada uma das minhas ex-vampiras, eu sei que não preciso ficar triste por elas. Elas venceram. A guerra acabou.
Obrigada por tudo, meu Exército.
Giulia
Deixo com vocês a carta de Ellie.
ACDK me ensinou os prazeres de escrever terror. Se deixar consumir por uma história, perder o controle da própria escrita, passar de todos os limites da imaginação. Foram tantas as vezes em que eu me peguei diante da tela digitando rapidamente, com a mandíbula travada e o coração aos pulos. Cada cena importante era sonhada, planejada e debatida meses antes e, então, na hora da escrita eu era surpreendida por reviravoltas além do meu controle. Quantos dos meus dias ruins foram passados planejando As Crônicas de Kat? Quantas vezes eu me concentrei nas minhas vampiras sem alma para não ter que pensar nos meus próprios sentimentos? Quantas vezes os demônios com quem Kat debatia com sua retórica incontrolável eram os meus demônios?
Isso sem mencionar tudo que essa história fez por mim enquanto escritora de fantasia. Eu nunca me levei muito a sério escrevendo fantasia (ainda não levo, apesar de hoje em dia escrever principalmente esse gênero), mas em ACDK eu não precisava me levar a sério. Eu construía subplots sem saber o final deles, mexia na mitologia um milhão de vezes e até o último capítulo eu criei poderes, criaturas, feitiços. Eu morria de medo de ter me perdido tanto que nada mais fizesse sentido. Então eu voltava atrás, mexia em tudo e me explicava da minha própria forma. Fios soltos? Deixei vários. A vontade de puxar um deles e soltar um spin-off sempre vai continuar dentro de mim, mesmo que eu acabe não fazendo.
O presente final de Kat para mim aconteceu alguns dias atrás, quando ela me acompanhou para a Bienal do Livro Rio como escritora, pela primeira vez. Todo processo de imprimir essa edição especial foi incrível para mim e pareceu real demais. De encontrar a gráfica, ao teste final de impressão, cada etapa me fazia querer dançar pela sala. Então minhas mãos trêmulas apresentaram a história de Kat diante dos portões do meu evento preferido nesse mundo inteiro. E a história dela, impressa em capa dura como um diário antigo, fez com que eu recebesse o título de autora.
Eu não acho que essa será a última vez que eu verei essas personagens. Deixei as portas abertas, colocando outras histórias no mesmo universo, e eu duvido que elas não ressurjam em outras histórias, quase que sem querer. Elas são poderosas e teimosas demais. Como Pierre disse, não existe final para criaturas eternas. Mas o seu ciclo chegou ao fim para que novos ciclos possam começar. E por mais que eu não saiba como vou viver sem poder escrever mais dessa história e nem consiga colocar em palavras a falta que eu vou sentir de cada uma das minhas ex-vampiras, eu sei que não preciso ficar triste por elas. Elas venceram. A guerra acabou.
Obrigada por tudo, meu Exército.
Giulia
Deixo com vocês a carta de Ellie.
Santiago, Chile
28 de agosto de 2017
Katerina!
Essa exclamação indica que estou gritando com você.
Gritando por você estar me fazendo escrever uma carta em 2017! Apesar de eu ter
cogitado simplesmente ligar, sei que você teve o disparate de jogar seu último
telefone fora, e é apenas por isso que eu estou escrevendo esta carta.
Isto é uma intervenção. As meninas sabem que você só
ouviria a razão se viesse de mim – prova disso é você não ter me contado sobre
esta ideia ridícula de se isolar do mundo.
Você, Katerina! Justo você! Você deveria estar viajando pelo
globo, conhecendo cada canto que ainda não conheceu ou cada canto que mudou
violentamente desde sua última visita. Você deveria estar vivendo como se não
houvesse amanhã. Eu não sei o que deu na sua cabeça para você resolver se
esconder do mundo na cabana onde você passou alguns dos piores anos de sua existência
– e nem quero ouvir uma desculpa qualquer sobre encontrar Naomi.
Eu conheço você.
Então eu não vou simplesmente dizer a você que saia daí e
acreditar que você vai sair e viver feliz para sempre rodando pelo mundo como
Olívia e Tatiana – farei uma proposta. E antes dela, tem algumas coisas que
você precisa saber - coisas que não poderiam ser contadas por telefone,
videochamada ou mensagem de texto e que eu não conseguiria dizer em pessoa,
então eu vou agradecer a coisa da carta nesse sentido, mas apenas nele.
Pierre me ligou ontem à noite e me contou que ele e
Juliana estão lançando uma campanha na cidade para encontrar “o verdadeiro
culpado pelo Massacre de Fevereiro de 1998”. Eles querem limpar o nome de
Sophie na única cidade que ela amou, mas ainda não sabiam quem culpar pelos
assassinatos. Eu sugeri que eles culpassem a mim e que fizessem de Sophie uma
espécie de mártir. Não faço ideia de como eles vão conseguir convencer uma cidade
inteira de que uma jovem de aproximadamente 17 anos assassinou 522 pessoas,
além dos corpos nunca encontrados de outras onze, mas eu posso fornecer
qualquer prova necessária. Incluindo um diagnóstico de insanidade que me foi
dado em 1993.
Você se lembra? A psiquiatra que nós matamos? Ela estava
completamente convencida de estar diante de um dos casos mais inacreditáveis de
psicopatia. Eu não demonstrava sentimento algum. A frieza dos meus atos, dos
meus olhares, dos meus movimentos. Eu te deixava completamente orgulhosa por
ser aquela máquina assassina fria cuja existência era devida a você. Você fez
de mim quem eu era e tinha mais orgulho de mim do que das outras. Eu adorava
isso, do meu jeito. Toda vez que alguém entrava no Exército eu tinha ciúmes –
sua adoração por mim era uma forma de garantir que eu sempre seria mais
especial do que as outras.
Claro que as coisas mudaram quando eu recebi minha alma
de volta. Com ou sem maldição, as coisas mudariam. O que eu não esperava era
ser tomada de um sentimento tão inacreditável sobre você. Era a pior coisa que
poderia acontecer comigo. E mesmo que eu me alimentasse de pequenas ilusões a
esse respeito, eu sabia que você nunca se sentiria do mesmo jeito – que sua
adoração nada tinha a ver com amor romântico, mesmo que fosse o sentimento mais
profundo que você pudesse nutrir por alguém.
Nós não falamos muito sobre nossos sentimentos, porque
nós passamos muito tempo da nossa existência desprezando eles. E eu não me
importo que seja assim para sempre, porque essa é nossa dinâmica. Mas quando
você não consegue parar de pensar em algo, eventualmente você vai falar sobre
isso, Katerina. É como as coisas funcionam.
Eu não estou mais com Rubí. Não tenho estado a pelo
menos três meses. Não foi por causa de você ou por meus sentimentos, que ela
sempre conheceu, mas por Siena. Siena não gostava de mim nem um pouco e deixava
isso claro constantemente. Eventualmente, Rubí se cansou de ter que viver entre
eu e ela e simplesmente optou por aquela com quem estava há mais tempo – e que
nutria por ela sentimentos mais fortes. Eu não me importei, realmente preferia
ficar sozinha do que em um ambiente de guerra fria constante. Eu me dei conta,
ao ver Rubí ir embora, que eu não sentiria saudades dela, porque outras
saudades se sobrepunham a essa. Como a do Exército e a de Sophie. E acima de
todas, a saudades de você.
Meus dias sozinha foram tomados por muita reflexão. Eu
nem cheguei a fazer alguma coisa além de pensar muito. Em uma noite, eu
consegui mandar um fantasma ir se catar e fiquei parada pensando: Por que eu
consigo atrair apenas adoração das pessoas? De você, de Sebastian, de Rubí.
Talvez não de Alec, mas que diferença faz? A alma dele foi destruída e, além
disso, ele não tinha nada a ganhar de mim ou motivos para me adorar. Se
apaixonar por mim foi sua ruína. O que me fez pensar se eu mereço amor. Falo de
amor puro e natural, não esse que beira obsessão ou adoração. Depois eu percebi:
é claro que eu não mereço - quem entre nós merece qualquer coisa boa? -, mas
isso nunca nos impediu de tomar o que queríamos e conquistar o que acreditávamos
ser nosso.
Também pensei muito sobre você e sua adoração. Você foi criada para adorar, Katerina.
Sua mãe fez com que ela fosse todo o seu mundo pelos seus primeiros dez anos,
para que você a adorasse e a obedecesse, mesmo depois de sua morte. Depois
disso, o Inferno quis que você fosse sua maior estrela, soldada mais leal e
você foi o mais longe disso que poderia. Você nunca fez o que queriam de você
ou adorou quem mandaram que você adorasse. Ao invés disso, a única pessoa ou
força que você adorou o suficiente para seguir - e mais importante não matar
ou trair - fui eu. E eu não sei porque ou como isso aconteceu, ou o que
você viu em mim que nunca mais voltou a ver, mas talvez esse seja o motivo de
eu ter me apaixonado por você.
Você pode não me amar romanticamente, mas ainda me ama e
ainda me ama de uma forma que nenhuma criatura no universo amaria. E eu sei que
me mandar embora doeu, e que você só fez isso porque sabia que precisava. E eu
tenho sido feliz nos últimos meses, como você imaginava, mas não tenho sido
plena. Não me sinto completa como me sentia quando éramos apenas nós duas
viajando pela França, há um século e meio, ou naquela boate em Nova Orleans,
dois anos atrás. Todas as vezes em que fizemos algo que só nós poderíamos fazer,
eu me senti completa. Eu me senti mais eu mesma do que com qualquer outra
pessoa.
Eu provavelmente deveria dizer a você também que ainda
não fui a Porto Williams. Eu quis, mas cheguei a Santiago colocando um milhão
de impedimentos e inventando preparações que não eram necessárias. Quando Rubí
e Siena foram embora, eu parei de mentir para mim mesma e de acreditar que eu pretendia
ir para a cidade que está ligada a mim. Por mais que eu queira conhecer o
lugar, eu não sei o que faria com uma cidade que espera tanto de mim (como
Anika e Juliana conseguem?). Todo mundo lá sabe minha história e conhece meu
nome. Eles esperam por uma lenda e a
ironia é eu não me sinto uma lenda desde que me tornei o Réquiem.
Sei que no momento em que eu pisar na cidade, vou
precisar ser mais do que apenas Ellie – quem quer que ela seja. Preciso ser a
força que tem as chaves do Inferno, a que canta a canção dos mortos, que
conhece corpo e alma em toda a sua profundidade. Isso é pior que ter o Toque do
Céu (que Olívia não leia isso), porque com ele você pode simplesmente ser o que
esperam de você. O Réquiem tem seus poderes baseados no que sabe e no que viu.
Eu preciso ser quase uma deusa. Aquela que sabe mais do que deveria. Preciso
ser aquela que venceu o Inferno. Mas essa não sou eu – o único motivo para eu
conhecer a saída do Inferno e poder fazer algo sobre isso é você ter me dado
seu sangue. E você e as meninas venceram o Inferno, eu fui apenas a Chave.
Eu não posso fazer isso e entrar naquela cidade sem
você, Katerina.
Não posso enfrentar mais adoração – esta sem nenhum
conhecimento prévio de mim. Adoração sem sentido. Adoração por um conceito. –,
sem estar cercada pela sua – esta que vem de quem me criou.
O que eu quero dizer com tudo isso é que Sophie estava
certa: Eu não posso deixar o que eu quero de você ficar no caminho do que você
pode me oferecer. O que quer que eu acabe fazendo dessa minha vida eterna, sem
maldições e cercada de fantasmas, eu quero fazer com você. Mas eu
definitivamente não vou me esconder em uma cabana na Áustria como se fosse 1885
e a Morte e o Inferno me quisessem morta. Então, venha para cá, Katerina. Me
encontre no Chile e vamos juntas até Porto Williams. Vamos conquistar outra
cidade ou talvez destruir outra cidade. Vamos começar a desbravar o novo mundo
que criamos, juntas.
Tenho todo o tempo do mundo para esperar por você, mas,
por favor, não me faça enfrentar mais essa batalha. Você me disse que
estaríamos no mesmo país no seu aniversário. Sabe o que fazemos com quem quebra
promessas.
E antes que eu vá: Eu também amo você.
Ellie
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