*Título: filosofia/piada/provocação interna e complicada de explicar.

Oi gente. Depois de (de novo) passar mais de um mês fora eu voltei pra vocês! E com tema novo!
Bem, não foi um mês fácil. Não foi um ano fácil, apesar de eu não poder colocar totalmente a culpa dos probleminhas com o blog nisso. Enfim, eu sei que estou atrasada com vocês em relação a Último Dia de Inverno, maaaass, eu vou postar a última parte do conto logo logo e já tenho outro post pra semana que vem totalmente pronto. Além disso, no tema novo tem página nova a "Extras" onde eu vou colocar o que eu quiser, porque o blog é meu. Agora tem contagens regressivas lá, a do meu aniversário e das férias. (Não esquecendo que o aniversário do blog é 11 dias antes do meu).
Tendo dito isso, vou explicar o que vai acontecer com Songs. Hm.. O próximo capítulo de Songs, como já tá bem claro, é o capítulo polêmico e complicado do livro (junto com o 11, sendo que no 11 vai ter muita gente surpresa). Então eu quero fazer um suspense sobre esse capítulo antes de postar, e a depender de como eu resolva fazer esse suspense pra provocar vocês talvez eu só poste a parte 1 do Capítulo 10 no ano que vem. Mas relaxem, as polemicas futuras vão compensar (se é que eu conheço quem lê Songs).
E agora, como muita gente - tipo, umas quatro pessoas no máximo - pediu pra que eu postasse o conto que eu escrevi pro trabalho de artes (que foi recebido com entusiasmo pelo meu professor e pelos meus colegas de sala, apesar de eles não terem lido, e eu tenho que admitir que os gritos deles depois foram um dos momentos mais legais da minha vida - mesmo que dizer isso fira o orgulho que eu não tenho) aqui, eu vou postar. Mas só pra constar: foi pra escola, era sobre o romantismo, e não era o tipo de conto que eu gosto de escrever, nem tão grande quando eu geralmente escrevo e nem do tipo que costuma a ser popular aqui. Mas espero que gostem.
(a fonte ta assim porque eu quis dar a impressão de que era algo antigo)

Enquanto a noite chegava...
Ela estava sentada no banco da gôndola, distraída, brincando às vezes com o babado do vestido, às vezes com as pétalas da tulipa que ganhou quando chegou ao encontro. Conforme os segundos passavam, ela suspirava profunda e lentamente como se estivesse tentando fazer com que, junto com o ar que liberava, o que a estava preocupando fosse embora também.
Ele não estava percebendo todo o nervosismo de Eleanor naquela tarde. Não que fosse desatento, ele sempre atendia e mimava Ellie, mas naquela tarde tinha suas próprias preocupações. Enquanto remava, devagar, não conseguia ver o quanto ela estava tensa.
O dia estava lindo. Na verdade, ele já chegava ao fim, mas a maioria dos pores-do-sol na Holanda é realmente algo de tirar o fôlego e aquele não deixava a desejar. O céu estava em um tom de rosa que combinava perfeitamente com o vestido de Ellie e o jardim cheio de tulipas que se moviam lentamente com a brisa ajudava a deixar o dia colorido. Fazia calor, como qualquer dia em agosto, mas não tanto quanto fizera mais cedo. Mais tarde, faria um frio absurdo, até mesmo perigoso.
Ainda assim, Eleanor se sentia sufocada, por isso soltou o xale e o deixou cair no chão do barco. Aquilo chamou atenção suficiente de Sebastian e fez com que ele olhasse em seus olhos. Quando ele olhava nos olhos dela, ela não precisava dizer mais nada. Ele colocou o remo do barco de lado e se aproximou, tomando as mãos dela entre as suas.
- Algum problema Ellie? – Ele disse, cuidadosamente.
- Todos, Seb. Todos os meus problemas estão de volta.
Ele ficou em silêncio. O barco seguia a correnteza e parecia se mover tão devagar quanto a brisa. Ele pressentiu que ela ia chorar então pegou a tulipa lilás em seu colo e colocou atrás de sua orelha, aproveitando para tocar sua bochecha de uma forma que sempre a fazia sorrir. Isso bastava pra que ela continuasse falando.
- Papai caiu doente na outra semana. Tuberculose, disseram. – Começou a dizer, pausadamente - Dessa vez os médicos dizem que não tem mais jeito. Dessa forma, todos nós temos nos dedicado cada vez mais a ele e ele parece feliz.
“Ontem, após o jantar, ele pediu para que mamãe tivesse uma conversa a sós com ele, então cuidei dos mais novos. Quando papai dormiu, mamãe colocou as crianças para dormir e pediu para que eu e Anna Belle fossemos conversar com ela na sala. Então nos contou que papai teve seu último desejo. Algo que ela considerava simples, especialmente depois que os primeiros pretendentes de Anna Belle surgiram lá em casa.”
Seus olhos se encheram de lágrimas e Sebastian mal teve tempo de contê-las com um lenço.
- Imagino que já saiba o que é, meu amor. – Ela continuou depois de apertar o lenço dele contra o rosto e respirar fundo – Papai pediu para ver o casamento das duas filhas mais velhas antes de morrer! E essa manhã mamãe reforçou a promessa de casamento que fez quando eu nasci! E meu casamento está marcado para o sábado à tarde! E mesmo assim, talvez seja muito tarde para papai. E agora Sebastian? O que eu posso fazer? Dizer não? Para papai? A beira da morte? Não posso fazer isso! E também não posso virar as costas para um futuro com você! O que eu faço?
Sebastian ficou perturbado. Depois do dia que tivera, nunca imaginou que as coisas pudessem piorar. Logo, um dia que tinha começado tão bem.
Era uma segunda ensolarada, em que ele acordou com o nascer do sol. Era realmente algo raro, mas Sebastian gostava quando acontecia. Ele adiantou suas tarefas, pensando que talvez tivesse tempo para fazer umas surpresas para o passeio com Ellie. E o passeio, isso era a única coisa que conseguia pensar.
Acontecia todas as segundas, no canal no fundo da cidadezinha em que moravam. Eles não podiam se encontrar em frente aos outros por causa da promessa de casamento de Ellie, mesmo que tanto ela quanto seu prometido noivo houvessem combinado que seguiriam seus próprios caminhos quando atingissem a maioridade. Sebastian e Ellie sabiam que pertenciam um ao outro, e sempre pertenceriam. Estavam contentes em se verem uma vez por semana.
Mas esse passeio só aconteceria no fim da tarde, então ele se dedicou ao trabalho e as tarefas de sempre. Até às duas da tarde, estava feliz e satisfeito consigo mesmo. E então as coisas começaram a desandar. Ele recebeu um aviso de desapropriação da casinha em que morava. Não que ele fosse pobre, porque ele não era; guardava seu dinheiro para outros momentos. Mas graças aos impostos não pagos por seu locador, teria que sair da casa e ir sei lá pra onde. Para um estrangeiro – romeno – aquilo seria na certa um problema. Ele sempre conseguiria encontrar uma solução para apenas um problema.
Foi, então, para o trabalho e descobriu que tinha sido demitido. Alguém tinha espalhado um boato sobre ele e aquilo chegou aos ouvidos de seu chefe bem rápido. E então ele estava sem casa e sem emprego. Imaginava como contaria aquilo a Ellie.
Por fim, chegaram as noticias da Romênia. Seu tio, que o criou, havia morrido. E agora ele precisava ir a Romênia cuidar de tudo porque era o único herdeiro. Especialmente de todas as dívidas que o tio acumulou no jogo!
Agora Sebastian ainda estava perdendo a única coisa que não o fez perder a cabeça durante aquele dia tão caótico. A única coisa que faltava perder. Ellie. Sua Ellie.
Ela percebeu o quanto aquilo tinha o afetado. Ele parecia em outro mundo. Afogado em uma tristeza tão grande que nem ela podia o alcançar.
- Deixou de me contar algo, Sebastian? – Ela perguntou devagar.
Ele contou. Cada detalhe do seu dia. Ao fim do relato, Ellie estava muito pálida. Ambos sentiam como se o mundo estivesse em suas costas. Depois de vários minutos, se abraçaram em silencio e deixaram os movimentos do barco os embalar. O sol ia se pondo e deixando o lugar mais escuro. Em algum momento, a tulipa lilás caiu no canal. Nenhum dos dois percebeu. A noite chegou mais rápido e o frio veio com ela. Só dois dias depois, a gôndola voltou a margem de onde tinha saído.
Talvez se Eleanor soubesse que seu pai morreu enquanto dormia, e que a mãe cancelou todo casamento, ou se Sebastian soubesse que a fortuna que o tio havia deixado cobria as dívidas, provavelmente nenhum dos dois iria ter ficado no barco naquela noite fria. Não teriam escolhido aquela forma de morrer. Mas, ainda, quem pode decidir se os “ses” ainda existiriam caso eles não tivessem feito isso? Sua escolha mudou a vida de todos.
Mas, agora, mais que nunca pertencem um ao outro, aonde quer que estejam.


Obrigada e desculpem pela demora. Vou me esforçar pra não decepcionar mais =P
G.