Bem-vindos ao post que é um presente pelas 100 curtidas na página nova. 119 na verdade.
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A campanha dura até o alvo (50 mil dólares) ser alcançado. Ontem (dia 17) com o "Epic Giving Day" um dia inteiro para arrecadar doações, cerca de 73% do valor foi alcançado. O autor Scot Westerfeld (da série Feios) que inclusive vai lançar um livro com o NaNoWriMo como tema, doou 10 mil dólares assim que as doações de ontem atingiram 10 mil dólares, dobrando tudo que foi doado.
Ainda faltam cerca de 13 mil dólares para o valor alvo. Eu (ainda) não tenho cartão de crédito internacional então não posso ajudar, mas se alguém aí quiser e puder pode doar qualquer valor a partir de 10 dólares nesse site! É muito importante gente. Eu posso dizer que sinto na pele o que é ter sua escrita levada como brincadeira por adultos, é muito importante ter qualquer tipo de apoio e um apoio como o Young Writers Program, pode até mesmo salvar algumas vidas.
De qualquer forma, durante a campanha, a organização divulgou um desafio que foi oferecido aos participantes do programa (no caso as crianças e adolescentes escritores): escrever uma carta para o seu eu do futuro, aconselhando, descrevendo seus medos e esperanças sobre a futura carreira.
Eu achei isso muito maneiro. E estou (sou?) tão desesperada por qualquer coisa que me incentive a escrever e que me tire da rotina, que eu pensei "ei, porque não fazer isso também?". Além do mais, eu adoro essas coisas de escrever ou guardar lembranças para serem checadas pelo meu futuro eu. Eu acho absurda a capacidade das pessoas de mudar, e de esquecer como é estar na pele de alguém mais jovem. Eu definitivamente não quero esquecer quem eu sou hoje. Eu quero no futuro, poder olhar lembranças, textos e saber como eu me sentia, usando meu passado para tomar decisões. Por isso eu achei superimportante participar disso, afinal, mesmo não fazendo parte do Young Writers Program, eu sou uma jovem escritor, com uma longa carreira pela frente (se Deus quiser). Escrevi uma carta para eu mesma com 32 anos (que é o dobro da idade que eu tenho agora).
Querida futura Giulia,
Você provavelmente é uma pessoa bem diferente da Giulia que eu conheço. Provavelmente é mais madura, mais sábia. Você enfrentou coisas que eu ainda nem faço ideia de como vão ser e é bem certo que tenha errado várias vezes antes de aceitar a verdade óbvia que só você não queria ver. Se tem uma coisa que eu sei é que você é teimosa, sempre foi sempre vai ser.
Se Deus quiser você também é tudo que eu desejo ser. Confiante, altruísta, bem-sucedida, rica (pelo menos o suficiente para ter aquele apartamento em NY e ter conhecido pelo menos a metade da Europa vai) e tem que ter publicado pelo menos umas 5 séries de livros, sem contar os livros únicos. Isso é quase uma ordem que eu, a enrolada Giulia de 16 anos que sequer terminou de revisar o primeiro livro, dou a você a maravilhosa Giulia de 32 que eu praticamente idolatro sem conhecer.
É claro que eu também escrevo isso tudo para acreditar que consigo, mas eu também sei que várias circunstâncias podem fazer com que essa vida dos meus sonhos não seja a vida que você tem. Você pode estar lendo essa carta com lágrimas nos olhos ao invés de um sorriso orgulhoso. Eu espero que não esteja desdenhando da minha cara. Mas caso você não escreva mais, ou tenha desistido de nossos maiores sonhos eu só quero que você se lembre de como é escrever agora.
Você se lembra daquela dorzinha no pulso depois de escrever durante uma tarde inteira? Das noites mal dormidas porque sua mente funcionava mais rápido que seu corpo? Lembra da sensação das teclas sobre os dedos a história aparecendo diante dos seus olhos? As longas conversas com personagens que literalmente poderiam durar dias? As 10 Posições Mais Estranhas e Desconfortáveis para Escrever? Todas essas coisas faziam escrever valer a pena porque fazia um bem danado.
Lembra aquela sensação na barriga quando você lia um elogio? Um comentário sequer em um conto seu? Você se lembra a alegria quando sua mãe leu um de seus contos e divulgou ele? Lembra como se sentia? Eu não sei as coisas que te levaram a se sentir como você se sente agora, mas a versão de 16 anos de você acha que escrever vale a pena demais para ser deixada de lado por qualquer motivo.
Talvez você tenha ouvido críticas? Lembre que arte tem que fazer as pessoas sentirem alguma coisa, qualquer coisa. A única pessoa que tem que amar sua escrita é você e eu tenho certeza de que você não é a única que ama. Um fã, um milhão, quem se importa? Se o que você escreve muda a vida de uma pessoa - mesmo que seja você mesma - é razão suficiente para ficar escrevendo. Não é sobre as pessoas que você deixa fascinada, é sobre as vidas que você salva. Não é sobre o amor que você recebe, é sobre o amor que você dá. É sobre a sua arte. E para isso essa arte precisa existe.
Para falar a verdade eu não sei o que está me levando a dizer isso tudo. Quer dizer, eu não posso ter certeza de como você se sente. Acho que eu provavelmente tenho medo de que alguma coisa aconteça que me faça desistir de escrever. Quer dizer, escrever faz parte de quem eu sou e eu tenho tanto medo de me perder. Eu só espero que agora você diga que nada disso se perdeu.
G.
7 Comentários
Ai, Giulia, que assim você me mata!!!! Que ideia mais legal essa de escrever a carta para a Giulia do futuro! Muito legal esse projeto!
ResponderExcluirAdoro ser surpreendida. Comecei a ler seu post e fui dando várias googladas (ou googadas?!) para saber do que se tratava. Beleza! Daí comecei a ler a carta, mas não esperava tanta profundidade (nem estava preparada para isso)! Daí tantas exclamações.
Parei para refletir sobre mim mesma; os vários trabalhos que tenho aqui para realizar e como, pela correria, faço tudo tão mecanicamente, objetivamente, esquecendo do amor que tenho pela minha profissão.
O mais gostoso é que é possível sentir o seu amor por esse sonho de ser escritora. Sonho esse que já é realidade, né? :)
Lembro-me de ter assistido a um documentário sobre um cantor e compositor brasileiro chamado Tom Zé, em que ele é vaiado em Paris após tentar improvisar uns versos em francês - sabemos que os franceses quase que exigem que falemos o idioma deles e com perfeição.
Após assistir a esse documentário, fiquei pensando bastante sobre a dureza da vida do artista; de certa forma, o que ele quer, com a exposição pública do seu sentimento/pensamento, é ser entendido. Mas, o que você diz sobre o que você escrever alcançar a alguém, ainda que seja a você mesma, resolve a equação (pelo menos para mim rs).
É isso aí, minha querida! Pode até acontecer de não sermos compreendidos, mas, se o que fazemos, fazemos com amor e tem o poder de nos transformar, já está valendo a pena! Sempre vale a pena :)
Beijão, linda.
Tia Núbia.
Oi Tia. Você e seus comentários sábios, interessante e cultos. Obrigada por tudo.
ExcluirMe arrepiei em cada palavra, em cada linha. Sempre quando eu vejo pessoas como você espalhadas por aí eu sempre digo: não pare de escrever, nunca; porque pessoas como você respiram a escrita e isso é fascinante de se ver, traz um arrepio gostoso no corpo. Se você não deixar sua essência de lado, você conseguirá realizar cada um de seus sonhos, acredite. Ah e se lembre, mesmo que de longe estarei observando e torcendo por cada conquista sua.
ResponderExcluirMar.
Você nem faz ideia de como é bom ler isso, Mar... Tão bom saber que eu consegui transmitir o que eu penso, o que eu sinto. Obrigada pelo seu carinho e por estar sembre aqui<3
ExcluirDe nada minha linda! Em troca de estar sempre aqui apenas quero que você nunca pare de escrever.
ExcluirPS: Desculpa a demora para responder!!!! Só fui abrir o e-mail hoje e estava lá que você havia me respondido hahahaha
Vou te contar uma coisa: esse post me fez mudar o jeito como eu me sinto em relação a mim mesma. Eu andava tão dura cmg mesma e não percebi que o que sempre me fez um mais feliz era aceitar o meu eu de agora e não lamentar o passado. Consigo me sentir quase plena. Obg pq sem tu escrevendo, minha vida seria diferente.
ResponderExcluirAwwwn, sua linda. Você é uma pessoa maravilhosa e precisa ter certeza disso mais do que qualquer um. Te amo muito, Ama.
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