E este é o outro post atrasado com outra desculpa mais ou menos plausível: quando eu cheguei de viagem eu tive várias coisas para fazer e logo depois fui consumida pela pior gripe de todos os tempos que só começou a melhorar ontem. Eu realmente sinto muito. E se eu for bem sincera com todo mundo, eu preciso dizer que nem sei direito aonde eu quero levar esse post ou como ele acabará saindo, eu só realmente preciso escrever sobre essa experiência, porque foi algo que eu disse a mim mesma que faria. E já que isso é sobre a viagem que eu fiz no feriado do dia 4 (essa viagem passou tão rápido que pareceu mais um sonho) (isso é deprimente) e sobre uma aventura que eu não sei como deu certo, este post faz parte da coluna de viagem fora das férias do blog, a Escapadas. Agora ao post, shall we?
Bem, no último post, escrito durante a viagem eu disse que não queria escrever simplesmente como o acampamento foi porque eu não conseguiria falar direito sobre a importância dele para mim, mas, na manhã seguinte, aconteceu algo que me deixou com vontade de só escrever sobre isso pelo resto da minha vida. Eu meio que disse para os meus amigos que eu escreveria sobre o acampamento aqui, mas esse post nem é exatamente sobre o acampamento inteiro é sobre essa experiência específica. Nem tenho certeza se vou fazer um bom trabalho demonstrando a importância da situação inteira pra mim, mas preciso tentar porque se eu não dividir isso com o mundo eu vou surtar. Então, aqui está: eu fiz uma trilha ecológica. EU SEI, EU SEI. Esse meme foi a reação da maioria das pessoas agora. "Nossa, Giulia, esse drama todo só porque você fez uma trilha?" Na verdade, sim. Mas não foi só uma trilha. Eu vou precisar recapitular tudo para todo mundo entender a importância do antes, durante e depois:

~~1500 metros~~
Quando eu nasci.... Ok, exagerei. Quando eu tinha 9 anos, eu participei de outro acampamento, de outra igreja, aqui no interior da Bahia, mas não na cidade em que eu moro. (Aliás, explicações para quem não sabia: Eu sou da Igreja Batista e de vez em quando me vejo envolvida em eventos assim, mais com a minha igreja do Rio do que com a daqui, porque meus amigos estão lá.). Em um momento nós fomos para uma cachoeira que ficava ali perto. O que ninguém me avisou era que para chegar à dita cachoeira, nós teríamos que descer um pequeno morro, ingrime, de pedra e terrivelmente alto. Eu congelei. Chorei muito e fui levada aos poucos segurando nas mãos dos adultos - o que era bem pior, porque se eu desço algo assim segurando nas mãos das pessoas a sensação de que eu tenho é de que elas vão me puxar. A subida de volta também não foi muito fácil, eu ficava pensando em como seria a queda o tempo todo e chorava do mesmo jeito. Foi a maior cena, mas graças a Deus, eu geralmente sempre sou a mais nova (Ou era. Aos 17 você geralmente é um dos mais velhos no seu grupo de adolescentes - duh) nessas situações e ninguém me julgou muito. (E eu ainda me lembro do quanto foi maravilhoso para a Giulia de 9 anos que ninguém julgasse ela por ter caído no choro. Eu estava na quarta série e todo mundo ria da minha cara por qualquer coisa) (Eu meio que ainda fico maravilhosamente surpresa quando as pessoas não me julgam por ser completamente doida).
Adianta pra quando eu fui no Cristo Redentor pela segunda vez, em 2011. Eu entrei em pânico subindo o Corcovado. Eu quero dizer, DENTRO do carro. (Tem uns buracos bem grandes na floresta enquanto a gente sobre OKAY?). Quando eu cheguei lá em cima eu praticamente abracei a estátua e fiquei congelada lá no meio. Mas não de verdade porque isso é impossível - eu só fiquei colada na base. E aquilo foi antes que eu fosse diagnosticada com depressão/síndrome do pânico, então as pessoas entenderam que eu estava com medo, mas não a profundidade dele. Eu estava em pânico de verdade. Aquilo era muito alto mesmo! O Cristo tem milhares de protetores e equipamentos de segurança, mas o peitoril simples que circula o monumento dá uma falsa sensação de perigo que MEU DEUS DO CÉU.
Esse são só dois exemplos do meu medo de altura. Eu também já congelei no meio de pontes e nunca olho pra baixo atravessando passarelas (mesmo que eu sempre ande olhando pra baixo). A questão é que agora que eu estou em tratamento eu tenho plena consciência de que meu medo é muito maior do que a situação real. Eu ainda tenho um medo cagado de altura e só iria ao Cristo Redentor outra vez se me pagassem, mas em determinadas situações eu sei que se eu me distrair do medo eu consigo lidar. Ainda assim, se me dissessem "Hey, então a trilha é basicamente subir um morro, passando por lugares extremamente ingrimes de floresta fechada, onde seu pé pode deslizar no barro e você cair por cerca de 2 metros e bater numa árvore" eu pegaria meu livro e meus fones de ouvido e passaria a manhã inteira fazendo o que eu sei fazer de melhor. Mas ninguém disse, já que ninguém sabia (além do guia, que nem falava muito), então eu fui. Foi totalmente um caso de "Ela não sabia que era impossível, então foi e fez".

Essa aqui sou eu, fingindo que não estava com medo, até porque esse era um trecho estável. Eu to tão estranha nessa foto.
Não me entendam mal, eu sabia que a trilha podia ter alguns momentos de subida e algumas partes perigosas e molhadas.  Eu inclusive deixei meus colegas de trilha de sobreaviso, porque eu sabia que demoraria um pouquinho para enfrentar subidas. Mas eu realmente acreditava em mim mesma para fazer isso mesmo que algumas subidas fossem tensas. Não sei se vocês lembram, mas quando 2015 começou eu disse que minha única meta era não fazer planos e apenas agarrar toda a oportunidade possível de fazer algo interessante (E eu queria muito já falar de tudo que isso fez por mim até agora, mas vou guardar para o fim do ano). Além disso, essa viagem deveria ser uma aventura, para me tirar do maldito tédio de passar um mês em casa sem fazer precisamente nada. Então, às 9 horas do sábado, dia 6, eu peguei um tênis 2 números maior emprestado (eu não tinha levado e nem tenho tênis feito pra praticar esportes) (eu não faço educação física desde o 9º ano e mesmo assim só porque fui forçada) (me processem), preparei minha força de vontade e fui.
Nós tivemos um pequeno momento de alongamentos com os professores e estudantes de educação física presentes e depois seguimos pelo fundo da fazenda até o início da trilha (onde fica aquela plaquinha da foto). Logo no começo, já era uma subida, floresta adentro. Eu disse pra mim mesma que logo logo estabilizaria e olhei para nada além dos meus próprios pés enquanto tentava distrair a cabeça falando com o pessoal que estava junto comigo. Eu não sei em que ponto eu me dei conta de que o terreno não ia estabilizar e que na verdade era tudo uma subida, mas eu me prendi à negação a maior parte do caminho. Eu sei que em algum momento eu percebi que estava subindo um morro, e fiquei superorgulhosa de mim mesma por estar fazendo aquilo. Isso seria totalmente impossível 2 anos atrás. Nos meus piores dias de depressão, eu fiz grandes cenas por muito menos do que algo de que eu tenho tanto medo. Aquela Giulia arruinaria tudo pra todo mundo sem nem perceber (ou poder se culpar, na verdade), enquanto essa Giulia fez algo incrível que ainda nem acredita que fez até hoje. E claro que depois disso, eu fiz o que eu sempre faço quando eu estou animada, orgulhosa, triste ou, para ser sincera, em qualquer humor: comecei a falar sobre isso para todo mundo, o tempo todo. 
Esse parágrafo vai soa bem estranho: os momentos em que eu me conecto mais com Deus nem sempre são os mais comuns. Eu tenho muita dificuldade em me concentrar, fechar os olhos e fazer uma oração, sem nada me distrair. Mas as vezes, eu estou em um culto e uma música muito importante vai começar e eu consigo senti-la dentro de mim. Ou, às vezes, eu não estou em um culto, mas eu estou olhando a natureza e a música perfeita para aquele momento começa a tocar. Muitas vezes é sobre o livro perfeito, ou a tarde perfeita escrevendo ou basicamente qualquer coisa que eu ame. Essas coisas vão me fazer bem e me fazer me sentir plena e me sentir conectada com Deus. Geralmente, são nessas horas que eu oro - que eu paro tudo para conversar com Deus. E eu precisava fazer aquilo nele momento, porque aquilo significava tanta coisa pra mim. Quais são as chances reais de uma garota que chorou por todo o 2º ano do ensino médio enfrentar um dos maiores medos menos de 2 anos depois?? Nenhum mesmo. Então, eu precisava agradecer. Claro que todo mundo orou lá em cima, nós crentes sempre fazemos esse tipo de coisa, mas quando a oração em grupo acabou eu ainda estava no meio da minha própria.

Aqui somos nós lá em cima. Eu estou aqui na frente parecendo um troll com o cabelo preso e com as pernas super tensas. Mas é prova visual de que eu subi uma montanha então, eu amo essa foto.
A descida foi sobre fazer promessas fitness que eu sabia que não ia cumprir enquanto fazia, mas foi legal de fazer mesmo assim. Os níveis de endorfina estavam altos e foi tudo lindo. A única parte ruim da experiência aconteceu depois: semana passada, eu estava relendo o 3º post mais popular do blog e lembrei que tinha prometido a mim mesma que se um dia subisse uma montanha eu berraria Vagabond (MisterWives, duh) do ponto mais alto. Só que eu esqueci totalmente disso logo depois de fazer a promessa, porque na verdade, eu nunca acreditei que um dia iria conseguir subir uma montanha de verdade. Então, lá em cima, eu não lembrei de cantar. Eu fiquei tão frustrada por ter esquecido isso que fiquei até triste. E agora eu terei que subir outra montanha quando a oportunidade surgir pra poder cantar Vagabond lá de cima ou eu nunca vou conseguir me livrar da sensação de que alguma coisa ficou incompleta. Eu me odeio.
Tudo isso tendo sido dito, eu só queria dizer que eu nem poderia começar a descrever o quanto foi importante para mim passar esses 4 dias naquele pequeno pedaço de paraíso (quem me segue no Instagram viu, eu estava no encontro de Nárnia com Terabíntia), com meus amigos maravilhosos e com Deus. Foram dias super edificantes, divertidos e cheios da coisa que eu mais precisava no mundo inteiro - paz. Minha saudades de todo mundo e da viagem está tão grande que é quase palpável. Foi tudo o que eu queria e um pouquinho mais. Agora qualquer outra coisa que acontecer no meu recesso (*tosse* greve) vai ter que ser maravilhosa demais para ser melhor que isso.

G.

P.S.: Só queria dizer que eu levei minha conta do Spotify dizendo que educaria as pessoas musicalmente e saí de lá tendo feito todo mundo MisterWives (mesmo que eu duvide que a maioria ouviu em casa). Eu até fiz um amigo tocar Imagination Infatuation no violão. Foi lindo.
P.P.S.: Um número absurdo de pessoas ficou gripada ou teve alguma doença respiratória depois do acampamento, mas só a otária aqui tá doente até hoje.
P.P.P.S.: Todas as fotos nesse post foram tiradas por minha prima. A que está tremida e escura, na verdade, está ótima considerando o lugar onde a gente estava, acreditem.