A primeira coisa que eu tenho a dizer sobre Fake é que eu já sabia que iria resenhar esse livro 2 anos antes de tê-lo lido - mesmo com a minha regra de só resenhar livros que eu tenha gostado. O ano era 2013 e eu estava tranquilamente passeando pelo Facebook quando apareceu a propaganda da página do livro no meu feed e eu cliquei para dar uma olhada. O que me chamou atenção não foi a capa do livro ou a sinopse (mesmo as duas sendo incríveis), o que geralmente chama, foi o fato de ele ser uma publicação independente que estava chamado atenção de leitores de todas as idades e sendo muito bem avaliado. Na época, eu tinha terminado de escrever Mais Uma Vez, acabara de descobrir sobre publicação independente e estava planejando publicar o livro assim (parece que eu estou falando disso no passado, mas eu estou cada vez mais convencida de que a publicação independente de MUV é o caminho). Uma publicação nacional independente era tudo que eu queria ler naquele momento e cada uma das resenhas e comentários positivos a respeito só me davam mais certeza disso. Eu não sei dizer porque eu levei 2 anos inteiros para conseguir comprar o livro, só sei que quando a Black Friday do ano passado chegou, Fake era o único livro que eu realmente queria, porque eu lembrava que na Black Friday de 2014 o livro estava R$9,90 (Eu não pude comprar em 2014 porque estava viajando para fazer vestibular e sem dinheiro nenhum). Deu certo e o livro ainda veio com um autógrafo que deixou meu Natal mais feliz.
Fake conta a história de Téo, um garoto de 19 anos, que acabou de passar no vestibular de Direito da UERJ e está lutando para conseguir contar para os pais que é gay. No meio do caos que ele já estava enfrentando sozinho, Téo conhece Davi, um aspirante a ator que pode ou não significar que ele acabou de descobrir o amor.
Foi de longe um dos livros mais engraçados que eu já li em toda a minha vida - o que é surpreendente porque ele trata de assuntos bem sérios e até considerados pesados. Fake é o melhor tipo de livro para ler quando você pega uma gripe no meio das férias de verão e seu sono está completamente desregulado então o momento do dia em que você está mais acordada é às 2 da manhã (Sim, estou sendo tão específica porque foi totalmente o meu caso). Com um monte de personagens engraçados, complexos, confusos e apaixonantes, capítulos curtos de leitura rápida, Fake é uma leitura envolvente que te deixa louco para saber o que vai acontecer em seguida, criando teorias malucas para os segredos dos personagens. A linguagem é leve e livre, com elementos que talvez fossem cortados se o livro fosse lançado por uma editora (Ainda bem que não é, porque a linguagem faz toda diferença).
A história inteira do Téo é carregada de drama, mas um drama legal, um drama é-exatamente-o-tipo-de-coisa-que-aconteceria-comigo-mas-não-foi-comigo-dessa-vez-então-eu-posso-rir. Desde o começo ele já avisa que fez várias merdas e tomou decisões erradas, o que já nos prepara para o que está pior vir. Alguém disse que é um livro para todo mundo que já fez papel de trouxa e eu ainda não vi definição melhor que essa. Ele ainda é lotado de referências pop, escrito como um livro autobiográfico do personagem principal. Uma das minhas partes favoritas foi uma coisa que pode passar batida para a maioria: o livro começa em 2010 e termina em 2012 e conforme o tempo vai passando, a gente consegue ver as mudanças tecnológicas que aconteceram nesse período como o abandono ao Orkut e a popularização do iPhone. Eu achei isso muito legal para mostrar a passagem do tempo, bem feito.
Podemos até dizer que o ano de 2016 já começou bem melhor que o ano de 2015 foi no quesito leitura, porque eu já comecei escrevendo resenha de um livro completamente maravilhoso. Recomendo muito, a todo mundo.
G.

¹Adaptado da página a-otária-aqui-não-anotou-e-fechou-o-livro-sem-marcador.