OLÁ!!! Bem-vindos à segunda participação especial do Mês Literário. Esta semana, eu trago uma das minhas pessoas preferidas do universo e que foi a primeira a aparecer aqui no blog em participações especiais. Vocês devem te-la visto em  "O dia em que eu resolvi falar sobre amor, paixão e outras coisas que machucam" e "E no dia do amigo, eu apresento uma nova escritora" e em breve de prováveis muitas histórias ótimas: ANNIE SCIGO, SENHORAS E SENHORES. Ela chega hoje com um conto que sinceramente me deixou toda gritando e que eu ainda estou tentando superar. (Como minhas amigas são tão talentosas, Deus?). Mas não vou falar muito, não quero atrapalhada a chegada de vocês até o conto. Vamos deixá-la apresentar o conto:

Olá! Queria compartilhar com vocês uma historia que já estava na minha cabeça fazia um tempo, mas foi a G que me impulsionou a passar para o papel quando falou de eu participar do mês literário desse ano - Thanks G, sua linda. 
A historia é muito importante, porque é baseada em uma musica que eu amo muito, e também contém sentimentos demais, e eu fico feliz que posso compartilhar com vocês.
Obrigada G, por me deixar participar mais uma vez do mês literário, e obrigada a você que vai ler.
Eu espero que você goste de ler o tanto quanto eu gostei de escrever, boa leitura!

Marianas Trench - By now

Às vezes, quando seus olhos veem algo que seu coração não consegue explicar, sua mente inventa uma nova história, para tudo fazer sentido. Você faz uma nova história; uma com o final que você merece.
Você se senta e diz para si mesmo “Era uma vez, eu acordei em um lugar estranho...”
*
Meus olhos se abriram.
O suor escorria pelo meu corpo e eu não sabia muito bem o que fazer. Tentei de todo jeito não acorda-la. Queria sair dali, mas qualquer movimento brusco ela acordaria e me perguntaria novamente porque eu acordara naquele estado, e eu não aguentaria mentir mais uma vez.
O teto branco ao qual eu encarava agora não me dizia o que vinha a seguir, e eu queria saber. Queria levantar daquela cama e saber o que fazer a partir dali, mas a única coisa que eu tinha certeza era sobre o sonho.
A certeza de que ele viria novamente assim que eu fechasse os olhos, e eu não sabia se conseguiria viver aquilo novamente.
*
23 de julho, sábado, 17h30
- Como você está? – Perguntei, depois que ela abriu a porta para mim. – Posso entrar? – Disse sem jeito, ajeitando o casaco que eu usava, enquanto ela me olhava de um jeito estranho. – Eu só vim pegar minhas coisas e então acho que vou embora. – Conclui.
Ela me olhou com mais intensidade e saiu do caminho para eu passar. Eu queria conseguir falar o que ela gostaria de ouvir. Um sussurro em seu ouvido, enquanto estaríamos na cama, eu diria que era apenas temporário, eu voltaria. Mas ela começara a achar que eu estaria ali para tudo, mesmo que ela não fizesse esforço nenhum para eu ficar.
E depois de pegar minhas coisas, saí dali. Ela não abrira a boca, e nem eu. Tudo estava acabado.

27 de maio, sexta-feira, 23h07
- Eu pensei que você sentisse o mesmo que eu! – Ela gritou.
Eu a olhei com um ar de incredulidade, as lagrimas já queriam teimar em correr por meu rosto. Não entendia onde que a briga começara, e não sabia onde iria terminar, mas quando sua frase foi dita, rapidamente toda a minha mente gritava outras milhões de frases em resposta, as quais eu queria conseguir colocar para fora.
- Está na hora de esclarecer tudo isso. – Disse, sem delongas.
Nossa conversa fora curta. Eu falei que ela deveria continuar com o apartamento. Entreguei minhas chaves, e disse que voltaria para pegar minhas coisas.

08 de junho, quarta-feira, 06h13
Acordei e olhei para o lado.
Ela dormia de maneira serena, sua mão apoiava seu rosto no travesseiro. Estava encolhida e com uma expressão de paz em seu rosto.
Levantei-me e fui para o banheiro tomar um longo banho. Tirei minha roupa, escovei os dentes rapidamente e entrei no chuveiro. Escutei um barulho vindo do quarto e então a porta se abriu. A torneira fora ligada e eu podia ouvir o som dela escovando seus dentes.
Assim que não ouvi mais barulho nenhum, vi sua sombra na frente do box cheio de vapor, e antes que eu pudesse impedir, ela já estava lá dentro, de pijama, me beijando, me fazendo rir entre o beijo.
- Fico feliz que voltou. – Ela disse, enquanto eu tirava sua regata do pijama.
- Fico feliz que você me desculpou. – Eu disse, tornando a beija-la.
- Penso em todos os momentos que vivemos nesses dois anos, e eu não quero que isso acabe. – Ela disse, me olhando.
- Você queria que eu ficasse enquanto você não fazia esforço nenhum para eu ficar. – Falei, fitando-a séria.
Ela apenas deu de ombros e sorriu de canto, me beijando logo em seguida, e eu instantaneamente me perdi em seus lábios.

05 de agosto, sexta-feira, 10h30
Olhava o mundo da varanda de meu novo apartamento. Um lápis na mão e um caderno em meu colo. Me permiti passar a tarde toda ali, desenhando, colocando os pensamentos para fora, como tanto gostava.
“Nós apenas somos construídos para nos derramarmos e nos perguntarmos para onde que o coração foi.”
Era o que eu lia naquela pagina.
Sorri instantaneamente.
De algum jeito eu sabia que eu lembrava um pouco ela, e sabia que ela lembrava um pouco a mim também, mas como um de nós poderia se sentir satisfeito enquanto o outro estava tão perdido?

21 de julho, quinta-feira, 21h47
- Você precisa sentir a mudança! – Eu gritei. – Só fica pior se continuar a mesma coisa. – Disse não querendo mais falar sobre aquilo.
- Eu só não entendo o que você vê de tão errado, eu só queria entender. – Ela rebateu.
Eu não sabia desde quando eu havia percebido que eu estava em um relacionamento onde a pessoa ao meu lado era manipuladora, mas eu apenas não conseguia mais continuar com tudo aquilo.
Do mesmo jeito que tudo havia começado, dois anos atrás, terminou.
*
Acordei assustada pela segunda vez aquela noite, e me sentei na cama por impulso. O sonho mudara dessa vez, minha mente inventara um final feliz para mim, e eu não sabia se eu levaria aquilo como um sinal, mas quando olhei para o lado, soltei um suspiro.
- Podemos fingir dormir por agora? – Ela disse baixinho. – Só por agora?
Às vezes a pessoa que você quer, não é a pessoa que você precisa, e o que vai embora, não tem, necessariamente, que voltar, só se você permitir.
Ela deveria me conhecer há essa altura.
E eu deveria conhece-la também.
Porém nada mudaria o que sentíamos, nem mesmo a vontade de deixar tudo para trás.
*
Eu costumava ser outra pessoa... Até ela. Então tudo mudou. Tudo o que ela queria, eu queria, e nada mais importava, porque estávamos apaixonados. Mas, eu não me lembrava quanto tempo fazia desde que perdi o controle. Você se perde. Você perde a si mesmo por um sonho. E então, um dia, você não consegue dizer quando o sonho termina e a vida real começa... Mas de qualquer jeito você sabe de uma única coisa:
Isso vai acabar.