Desde que eu fui à minha primeira Bienal do Livro Rio - no longínquo ano de 2011 - uma vontade enorme de ir para a Bienal do Livro de São Paulo no ano seguinte apareceu. Não só porque eu nunca tinha ido para São Paulo, mas porque a Bienal do Livro é um evento maravilhoso demais para só ser vivenciado uma vez a cada 2 anos! As coisas não deram muito certo nesse sentido nos anos seguintes, por um monte de motivos, mas principalmente porque a Bienal sempre acontece no meio do ano letivo. Quando eu terminei de escrever Mais Uma Vez em 2013 eu fiz uma promessa de que na Bienal de 2014 estaria com o livro publicado em mãos e entraria com a credencial, mas claramente esse navio naufragou. Os anos passaram, eu me mudei para muito mais longe de São Paulo e depois de vários flops e já ter desistido de ir à Bienal de São Paulo até pelo menos terminar a faculdade e sair do interior da Bahia, algo milagroso e mágico aconteceu: E ele se chama SA Sofredoras Anônimas, ou como é conhecido pelo público, Tertúlia.
A gente se conheceu durante o NaNoWriMo do último novembro. Começamos apenas como sofredoras de vários cantos do país, unidas por conversas sobre todo tipo de assunto via Twitter, nos fazendo descobrir tudo que temos em comum. Quando a gente faz amigas virtuais é natural que o assunto "Quando a gente vai se conhecer?" surja logo. Assim que o grupo oficial foi formado no Telegram e a gente começou a passar ainda mais tempo conversando/surtando/gritando ele acabou surgindo. Coincidentemente, 2016 estava chegando com a promessa da Bienal de São Paulo e o desejo de ir ao evento era tão universal que mesmo faltando 9 meses, todo mundo começou a planejar a viagem. No começo parecia brincadeira, mas aos poucos a ideia da viagem e do encontro oficial do SA foi ficando cada vez mais real e tangível. Às vezes pareciam surgir imprevistos que ninguém contava, mas, na maior parte das vezes, soluções iam aparecendo logo em seguida. Meus maiores problemas foram dois: O calendário da faculdade e dinheiro. O segundo foi solucionado com uma organização maluca e a abstenção de algumas coisas. O primeiro foi resolvido da mesma forma que eu resolvi ano passado: Com raiva. Eu fico tão frustrada quando o calendário maluco e sem noção da faculdade pós-greve se coloca no meio das coisas que eu quero que depois de alguns gritos de raiva reais e virtuais eu solto um: "QUER SABER DE UMA? ME RECUSO A DEIXAR A FACULDADE ME IMPEDIR DE FAZER QUALQUER COISA" E vou do mesmo jeito. Então eu comprei as passagens no começo de junho e comecei a me preparar para viajar para São Paulo pela primeira vez na vida.

Esse. Tema.
Os meses depois disso passaram tão rápido que eu ainda estou tentando processar o fato da viagem que eu esperava tanto já ter passado. Não só era minha primeira viagem para São Paulo, como era para a Bienal do Livro e para conhecer algumas das minhas amigas mais próximas!! Nós somos 7 - Eu, tatii, Isa, Dani, Gih, Laís e Lena -, mas apenas 5 conseguiram ir, já que Isa e Lena tiveram alguns problemas de percurso. (É claro que agora a gente já está planejando a Bienal do Rio ano que vem porque um encontro com todas nós PRECISA acontecer.). Aquelas pessoas que me aguentavam surtando e gritando com minhas histórias, com quem eu compartilhava vários momentos da vida e com quem fangirlava o tempo todo eram reais e eu ia conhecê-las!! E eu ainda veria a tatii antes de todo mundo, no sábado, e eu conheço ela há quase 3 anos! 3 anos de gritos, fangirl e conversas sobre os assuntos mais aleatórios finalmente iria resultar na gente se vendo!!
Acho que dizer que eu estava ansiosa seria um eufemismo. Ainda assim, durante a semana eu tive tanta coisa para fazer e passei por tantos estresses que eu nem parei para pensar a respeito. Eu ainda precisava organizar tudo para o minidocumentário que eu faria como trabalho final da aula de video-documentário - sobre jovens escritores não publicados na Bienal do Livro - e tentar imprimir marcadores de As Crônicas de Kat para distribuir na Bienal. (Todo ano eu prometo que vou fazer algo para divulgar o blog na Bienal e nunca acaba dando muito certo. Este ano a proximidade entre a volta de ACDK e a Bienal me deu essa ideia). Eu consegui fazer tudo, porém, e quando o dia 2, dia da viagem, chegou meu único foco era a viagem em si. Eu já estava ficando maluca para sair de casa porque a última vez que eu tinha viajado foi para a Bienal do Rio ano passado, o que está fazendo um ano esta semana. Claro que isso não diminuiu minhas paranoias em viajar de avião (mesmo que eu já tenha entrado em mais de 30 aviões na vida), especialmente porque o livro que eu estou ouvindo (é, aparentemente eu sou o tipo audiolivro de pessoa agora, porque eu estou amando isso) para a faculdade é muito mórbido. Mas a viagem foi tranquila. Tão tranquila que a gente chegou ao aeroporto de Guarulhos uma hora antes do estimado pela companhia aérea e eu passei as horas seguintes xingando a mesma. Eu cheguei às 16h05 e só sai do aeroporto 19h37 já que meu tio saiu para me buscar calculando que eu chegaria 17h20 e ainda pegou um engarrafamento maravilhoso. Eu estava exausta quando finalmente cheguei à casa dos meus tios, onde eu ia ficar, mas ainda fiquei acordada por um tempão, falando com todo mundo e comendo. Já era quase meia noite quando eu fui dormir e isso, meus caros amigos, foi uma decisão burra. Especialmente porque eu tomei meu remédio com uma hora de atraso e acabei passando mal o que eu assumi que foi porque eu estava cansada e tinha comido demais. Eu jurei que quando acordasse estaria bem e pronta para um longo dia.
Eu estava errada. No sábado, dia 3, acordei no meio da crise de ansiedade mais terrível que me atingiria há um tempinho. Às vezes eu tenho umas crises assim, que começam basicamente com meu coração disparando. Muitas vezes isso passa assim que eu levanto e distraio a cabeça, mas não foi esse o caso. Eu coloquei pra fora até a água que eu bebi naquele dia e continuei tendo ondas de náusea e quedas de pressão repentinas pelas horas seguintes. Eu não costumo sair de casa quando estou tão mal, mas a ironia do negócio era que eu não conseguiria me acalmar até chegar à Bienal porque a crise de ansiedade estava sendo causada justamente por isso. Então eu disse a mim mesma que passaria logo e fui passando mal mesmo para a Bienal. Não tenho certeza se me arrependo de ter ido, mas eu diria que não. Faz uma semana e eu já devo ter chorando de frustração por causa daquele sábado pelo menos meio milhão de vezes, mas eu sei que não tinha nada que eu pudesse fazer. Eu estava decepcionada por meu próprio corpo estar boicotando um dia que tinha tudo para ser o mais maravilhoso de 2016, mas o dia foi bom se você excluir esse pedaço.
Eu conheci tatii e foi dssaiiddjjjfbfdbfdfsdijfdijfjfd mesmo eu tendo deixada ela assustada e preocupada para caramba comigo. Eu ganhei essa blusa maravilhosa. Consegui olhar os preços dos livros que eu queria e todos eles estavam mais baratos do que eu esperava, o que é sempre sempre bom. Eu não tive forças para entregar marcadores ou para fazer algumas coisas que eu queria, como gravar o começo do meu documentário, mas tudo bem porque ainda tinha o dia seguinte. Além disso, a essa altura eu já transformei a frustração em energia para que minha próxima viagem a São Paulo e minha próxima Bienal sejam muito melhores do que essa foi, não interessa o que eu precise fazer. Não que essa tenha sido ruim. Houve salvação, especialmente no segundo dia de Bienal, o domingo, 4 de setembro.

OLHA TODAS ESSAS PESSOAS LINDAS, SOS.
Para o domingo, eu me preparei melhor. Tomei os devidos remédios na hora certa, dormi mais cedo e combinei de ir um pouquinho mais tarde para poder descansar mais. Acordei bem, mesmo que tivesse quase certeza de que acordaria mal outra vez. Café da manhã, umas confusões e muito medo de me perder no metrô depois, eu cheguei à Bienal às 12h51 exatamente. As meninas já estavam juntas e quando a gente se encontrou alguns minutos de grito e a confirmação de que eu estava bem se seguiram. Foi tão legal descobrir que elas eram reais mesmo. A gente acabou se dividindo em grupos e ficou se encontrando e se desencontrando várias vezes durante o dia, por isso nós acabamos não tirando uma foto com as 5 e eu acabei sem foto nenhuma com a Laís (A última pessoa da primeira foto da segunda linha na imagem lá em cima). Mas toda vez que a gente se encontrava era pra gritar se abraçar e falar de conversas antigas, piadinhas internas, etc. Foi um dia tão bom e eu quero tanto mais deles, especialmente se for com todas nós sete. A tatii e a Gi escreveram sobre o encontro também e vocês podem ler no blog da tatii e na última news da Tertúlia. Eu ainda não superei o momento.
Além das meninas, eu também conheci a Bárbara Morais escritora da Trilogia Anômalos, que se tornou oficialmente madrinha da Tertúlia no primeiro fim de semana da Bienal. A gente da Tertúlia fala e ouve sobre a Bells há um tempão e durante o evento praticamente todo mundo comprou a trilogia dela porque era uma questão de honra. Eu já ouvia sobre ela há um tempo maior já que eu estudo com a responsável pela fanpage da trilogia (Falei que eu ia te citar em algum momento, Vic). A Bárbara é um amorzinho e eu acho que posso dizer com certeza de que vocês vão me aguentar surtando com a trilogia em algum momento deste ano. Também revi a Carolina Munhóz e participei da sessão de autógrafos com Por um toque de Sorte, o último livro dela, o que já é meio que tradição de Bienal a essa altura.
Sobre as coisas que eu tinha planejado - a distribuição dos marcadores e a gravação do documentário: A primeira foi super tímida (como eu sou) e bem menor do que eu tinha planejado. Eu devo ter distribuído 20 ou 25 marcadores apenas (Não contando os que eu entreguei para amigas) e eu não faço a mínima ideia de se alguém que visitou o blog recentemente visitou por causa deles. Se você está aqui por causa deles, diz um oizinho. (Antes de pular para o assunto documentário, uma pergunta: Alguém tem interesse em sorteio dos marcadores?? Me avisem que eu organizo!). Já no documentário, eu gravei bem menos do que o planejado, mas eu fiquei tão apaixonada pelo que eu gravei que mal vejo a hora de começar a edição. Ele será curtinho, o professor pediu só 3 minutos, mas quero fazer algo dinâmico e interessante. Provavelmente vou postar ele no YouTube quando o semestre acabar (O QUE JÁ É SEXTA, GRAÇAS A DEUS).
No total, eu comprei 7 livros: Os três da Trilogia Anômalos (A Ilha dos Dissidentes, A Ameaça Invisível e A Retomada da União) da Bárbara Morais, Por um toque de Sorte da Carolina Munhóz, A Sereia da Kiera Cass, Carry On da Rainbow Rowell e Além-mundos do Scott Westerfeld. Foi quase a metade dos livros que eu comprei na Bienal do ano passado (13) e eu estou completamente abismada pelo tamanho do meu autocontrole. Mesmo sabendo que a culpa é totalmente da faculdade e do fato de eu saber que mesmo que comprasse 15 livros eu não conseguiria ler todos.

É isso,
Tudo que eu realmente quero agora é a Bienal do Rio em 2017 e tudo que ela promete.
Vejo vocês em algum momento da semana que vem,
G.