Galera, eu fiz de novo. Hoje é dia 29 (na verdade, o dia 29 já até acabou em boa parte do país) e eu tenho três posts para publicar antes que o mês acabe. Eu realmente preciso parar de matar personagens ou reajustar minha agenda de acordo com as mortes que eu preciso escrever, porque toda vez que eu faço isso eu cérebro entra em Modo de Segurança e eu não consigo escrever uma palavra, de ficção ou não, por dias. Pelo menos eu assisti mais de vinte episódios de série durante esses dias, o que para mim significa produtividade. Eu também limpei meu quarto (eu finalmente tenho uma mesinha!!), saí com minhas amigas, organizei meu celular, limpei o tablet, encontrei uma academia que tem natação (mas não procurei pilates ainda). Do que eu tô reclamando? Eu fiz mais coisas nesses três dias do que em todo ano de 2015. Mas eu realmente me ferrei legal ficando esses dias sem escrever direito. Não importa o quanto eu tente, eu realmente não vou conseguir falar sobre tudo que aconteceu em janeiro antes que fevereiro comece, antes que minhas aulas voltem ou sequer antes do meu aniversário (quando o Diário de Bordo normalmente termina). Janeiro de 2017 foi o janeiro mais longo da história dos janeiros e eu tive escolher os melhores momentos para transformar em post. Porém, já que eu acho e espero que mais nada aconteça, eis uma lista oficial de todas as coisas que aconteceram e que eu fiz este mês, as que tiveram post, as que terão post e as que não, sem ordem particular:

  • Eu comecei o ano viajando, fiquei super nostálgica na cidade onde eu cresci (e decidi que muito deste ano vai ser uma tentativa de deixar minha versão de 9 anos orgulhosa) e vi o mar pela primeira vez em mais de dois anos.
  • Uma parte da minha família do Rio, que eu também não via há mais de dois anos, veio nos visitar e eu vi meus primos (inclusive o mais novo deles, de um ano e sete meses, que eu ainda não conhecia). Isso significou festas de família, vária visitas à casa dos meus avós e até mesmo gente dormindo na minha casa. A visita deles teve o efeito passou-muito-rápido-mas-aconteceu-tanta-coisa do qual eu ainda estou me recuperando.
  • Eu peguei uma "semi-gripe", provavelmente dos meus primos (os dois mais novos estavam gripados, mas isso não me impediria de encher o bebê de beijos. Ele é um bebê. Eu raramente tenho acesso a bebês e quando eu tenho, eu preciso fazer a Felícia.) e estou "semi-gripada" há mais de uma semana - o que quer dizer que minha garganta e nariz estão irritados, que toda hora eu espirro, que meu corpo precisa urgentemente decidir se eu estou com fome ou se estou enjoada e que eu estou ficando cansada muito fácil, mas eu não apresento os sintomas óbvios de alguém gripada e nem estou gripada o bastante para me considerar "doente". Eu odeio ficar assim, mas ainda é melhor do que ficar completamente gripada nesse calor, então eu aceito.
  • Eu também comi Doritos mais de uma semana atrás e ainda estou com o gosto na boca. Isso não é relevante para tudo que aconteceu no mês, mas vocês deveriam saber disso. Odeio ressaca da Doritos.
  • Eu venci um sorteio de uma sessão de fotos e estou muito SNJSNADJSNDSJNDAJSNJ a respeito.
  • Eu percebi (na verdade, me fizeram perceber) que é mais lógico levar o livro-reportagem que eu quero escrever de TCC para o NaNoWriMo 2018 do que para o NaNoWriMo 2017 a menos que um milagre aconteça e o calendário da faculdade se regularize em um ano e meio (Jesus volta montado em um unicórnio antes disso acontecer), então eu preciso de um projeto para o NaNoWriMo 2017. O que levou ao item 7.
  • Eu tive uma crise interna seríssima sobre escrever fantasia, mas percebi que mesmo que eu quisesse parar e focar em escrever young adult contemporâneo, eu não tenho mais ideias de projetos que não são fantasia para escrever. Livro independente fofinho para escrever no NaNoWriMo como A Linha de Rumo e Tóxico estão em falta. No meio do mês, eu finalmente tive ideia para um novo projeto independente, um para o qual eu estou muito animada, mesmo que ainda não saiba muita coisa sobre e nem tenha certeza se vai funcionar (ao qual eu estou me referindo como "Projeto da Bri"). Mas eu não cedi à crise, já que o projeto em questão é fantasia também. Aparentemente minha maldição é só conseguir fazer coisas que eu mesma não me considero boa o suficiente para fazer.
  • Enquanto eu pensava sobre o Projeto da Bri percebi que o motivo pelo qual eu comecei a escrever fantasia foi o filme "Sky High - Escola de Super-heróis" e me dei conta de que eu tenho uma paixão por histórias de super-heróis adolescentes que precisa urgentemente ser estudada.
  • Escrevi um conto fofinho, mas muito doloroso, que será postado no dia 31 aqui no blog. Se preparem desde já.
  • Eu finalmente mudei o plano da minha Netflix para duas telas para que eu e minha irmã assistamos ao mesmo tempo (isso tava dividindo a minha casa) e parece que isso me fez começar a usar a Netflix de verdade, ao invés de usar apenas como barulho de fundo para que eu possa pegar no sono. Só esse mês eu vi Desventuras em Série inteira, One Day at a Time de uma vez só e  a primeira temporada de Brooklyn Nine Nine toda. Mas eu vou falar sobre as séries em outro post (exceto por Brooklyn Nine Nine, que eu ainda estou muito no começo, mesmo que eu não consiga parar de pensar sobre aquele season finale filho de uma mãe).
  • EU ASSISTI MOANA DEPOIS DE QUASE DOIS ANOS ESPERANDO E É O FILME MAIS INCRÍVEL QUE EU JÁ VI. Eu chorei o filme inteiro, apenas pensando que um filme maravilhoso assim existe e que crianças vão assisti-lo e que a Moana vai ter a chance de inspirar tantas meninas pelo mundo. Vou chorar outra vez.
  • Eu agora tenho uma mesinha no quarto. Teoricamente é uma "mesa de trabalho", mas em primeiro lugar, eu não tenho uma cadeira e em segundo lugar, eu não consigo trabalhar sentada em frente a mesas. Preciso de um mínimo de conforto-misturado-com-desconforto (confortável, mas não confortável o suficiente para que eu pegue no sono. Escrevo melhor em sofás e poltronas, completamente torta, com o notebook no colo. Minha cama ou uma cadeira que me force a manter a postura: não) para conseguir escrever e mesas não me proporcionam isso. O que quer dizer que eu queria a mesa apenas para colocar os livros que eu ainda não li e entupir as duas gavetas dela de papel em branco e de todos os cadernos que ficavam na gaveta embaixo da minha cama (eu atualmente tenho dez cadernos sem uso. DEZ!). Ah, e para a aesthetic de "pessoa que trabalha em casa" e de "estudante" (as aspas em "estudante" são a coisa mais real do dia). Ah, e para ter um lugar para colocar meu notebook para ficar vendo série da minha cama. E enquanto eu arrumava meu quarto ontem, eu percebi que dava para montar uma espécie de cabana embaixo da mesa e se eu juntar todas as mantas que eu tenho, dá para deixar o chão relativamente confortável e aí sim escrever "na mesa". Viu? A mesa é muito útil.
  • Finalmente, eu fui fiscal no vestibular da minha universidade, a primeira vez em que eu usei minha carteira de trabalho para alguma coisa. O que é o assunto deste post.
A primeira coisa que você deveria saber é que por um tempo no ano passado, eu esqueci que tinha tirado a carteira de trabalho. Depois do trabalhão que foi para fazer ela, incluindo dois reagendamentos (eu já disse, nada nessa vida é resolvível de uma vez só), eu simplesmente a enfiei na gaveta de documentos e esqueci completamente dela até abrir a gaveta para pegar meu título de eleitor em outubro e ficar: Ah é, eu tirei isso né? Não é que eu não queira trabalhar nem nada do tipo (apesar de eu não querer me vincular a empresa nenhuma por definitivo. Eu preciso falar sobre isso um dia), é que o atual momento da minha vida foi trabalhado para que eu não me preocupasse com trabalho e focasse nos estudos. E ISSO ME DEIXA APAVORADA. Eu sei quão sortuda eu sou por não me precisar preocupar com isso e eu quero usar essa base e essa segurança para poder fazer o que eu quero, já começando enquanto eu estou na faculdade, mas eu nem sei por onde começar. Mas isso é assunto para o futuro, especialmente para a coluna Passos e Tropeços, o que eu preciso falar aqui é sobre a primeira vez em que eu usei a carteira de trabalho (ok, eu usei o número da carteira de trabalho - a carteira mesmo mal saiu da gaveta. Mas dizer "A primeira vez que eu usei a carteira de trabalho" é legal, ok?): Eu fui fiscal de vestibular pela primeira vez. Ou seja, depois de vencer na edição de 2014, eu me tornei uma das organizadoras dos Jogos Vorazes.
Não acho que existam sensações universais que expliquem como é estar nos bastidores de um vestibular. O que quer que eu esperava, não era exatamente como foi, mas achei que todo mundo no meu prédio estava achando a situação mais estressante e cansativa do que eu achei. Deixa eu explicar como tudo se desenrolou do começo: As inscrições acontecem no site da faculdade e a lista de fiscais convocados foi liberada na segunda semana de janeiro (eu não fui convocada, mas alguns dias depois saiu a lista de suplentes e como eu era a primeira da lista, eu me considerei dentro - e não estava errada). O vestibular aconteceria nos dias 15 e 16 de janeiro e no dia 12 deveria haver uma reunião para treinamento dos fiscais. Eu disse "deveria", porque a reunião aconteceu, mas o treinamento, não mesmo. Os coordenadores do meu prédio simplesmente disseram o horário que a gente tinha que ir e o que a gente deveria vestir (incluindo um comentário completamente desnecessário e machista sobre o coordenador não ser de ferro e a gente ter que ir de calça jeans por isso. A gente tinha que ir de calça jeans porque todos os fiscais de vestibular nas três cidades com campus da faculdade iriam de calça jeans e blusa branca, mas claro, coordenador, claro) e entregaram o manual do fiscal - que já dizia tudo isso. Quem já tinha sido fiscal, antes seria fiscal de sala e quem não, seria de corredor, banheiro, etc. A falta total de treinamento real levou um monte de erros a serem cometidos (alguns que poderiam resultar em eliminação dos candidatos) e uma total falta de padrão na organização das salas. Mas eu, a mais nova entre as fiscais do meu prédio, ia reclamar disso? Eu resolvi foi observar as reações dos outros, acostumados a serem fiscais, e tentar fazer meu trabalho evitando acidentes. (Houveram acidentes, mas eu não quero falar sobre isso).




Eu fui escolhida como fiscal de corredor, então na minha cabeça, eu não ia fazer muita coisa. Você pode até rir e achar que eu descobri que estava errada, mas na minha concepção, eu realmente não fiz muita coisa. Eu passei mal na noite do sábado (14), para o domingo (15) e mal dormi, mas ainda acordei às 5h para ir para a escola onde eu seria fiscal. Não consegui comer nada nas primeiras horas e todos os ossos do meu corpo doíam. Peguei o crachá e fui para o meu posto às 7h, para ficar mais meia hora esperando os portões que abririam 7h30. Por muuuito tempo, foi isso que eu fiz - esperar. O portão abriu, as pessoas entraram e meu trabalho era esperar as pessoas chegarem e indicar as salas. Todo mundo chegou, os portões fecharam e meu trabalho era esperar no corredor para garantir que nada de errado aconteceria ali e esperar caso os fiscais de sala precisassem de algo na coordenação. Eu não fiz nada por todo esse tempo. O sono e as dores estavam tomando o melhor de mim, mas aí começou: A primeira pessoa quis ir ao banheiro. Era meu trabalho levar as pessoas da sala delas até o banheiro e de volta para sala, garantindo que nada de errado aconteceria no processo. E eis um segredo sobre fiscalizar corredores: Quando a primeira pessoa do corredor quer ir ao banheiro, todas as outras pessoas do corredor quererão ir ao banheiro em seguida e o trabalho segue contínuo até o banheiro fechar ou a prova acabar. O probleminha é que eu estava no primeiro andar e o banheiro que serviria para o meu corredor ficava no andar de baixo, depois de uma rampa e um corredor bem longo. Então, pelas três horas e meia seguintes, eu precisei ficar subindo e descendo a rampa e o corredor para levar adultos ao banheiro e garantir que nada contra as regras acontecessem.
Depois de um tempo todo mundo ficava falando "Nossa, você deve estar cansada né?" e eu simplesmente lançava olhares confusos. Eu estava cansada desde que eu tinha chegado lá, aquelas subidas e decidas não estavam piorando ou melhorando nada. Claro que minhas pernas reclamaram ao fim do dia, mas enquanto eu estava lá, comecei a fazer tudo automaticamente depois de um tempo. Eu subia, tinha gente esperando para ir ao banheiro, levava a pessoa ao banheiro, esperava, voltava para o corredor, tinha mais gente esperando para ir ao banheiro, repetia o processo. Quando os fiscais começaram, a querer sair para lanchar e descansar um pouco, eu não me importei em ser a última (em especial porque eu ainda não queria comer, mas finjamos que é porque eu sou forte). Tudo que passava pela minha cabeça era: Eu preferia subir e descer essa rampa um milhão de vezes por sete dias consecutivos do que estar dentro da sala fazendo aquela prova. Não interessa quão ruim estivesse para mim, estava muito pior para quem estava lá dentro. Dane-se a dor nas pernas, dane-se a noite não-dormida. Aquelas pessoas com semblante cansado e inquieto que eu levei ao banheiro para lavar o rosto, estavam muito, mas muito pior do que eu.

"Bem, eu apenas esperava que eu não queimasse até a morte" E naquele primeiro dia eu estava.

Ainda espero pelo dia em que eu vou me tornar a pessoa que vira para adolescentes do ensino médio e diz que a faculdade é pior, mas eu realmente não entendo pessoas que fazem isso. A faculdade é uma das experiências mais exaustivas física e mentalmente que eu já passei pela minha vida. O número de vezes que eu penso em desistir é absurdo e eu nem sei como sobrevivi a esses três semestres. Mas se você me pedisse para escolher entre passar os próximos dez anos na faculdade ou voltar para o ensino médio e ser vestibulanda por mais três, eu me mudaria para o meu centro acadêmico amanhã. E eu sei que eu enfrentaria o ensino médio de uma forma diferente se não tivesse que passar por ele nos piores anos da minha depressão, mas a pressão absurda e as coisas que a gente passa para poder "ser alguém na vida" (ainda não sei o que isso significa) durante o ensino médio são o tipo de coisa que eu nunca mais quero ter que enfrentar na vida. Além disso, minha irmã está no ensino médio e toda vez que eu vejo o que acontece na sala dela, eu dou graças a Deus pela mentalidade da qual eu escapei. Então é, mesmo que eu tenha feito piada sobre ter passado dois dias levando adultos para o banheiro em troca de dinheiro, eu fico feliz por ter feito apenas isso e ainda receber pelo "esforço". Foi fácil, eu não precisei pensar e até mesmo eu estar doente não atrapalhou em nada (ok, quase nada. De novo, eu não quero falar sobre isso). Se eu estivesse fazendo vestibular naquelas condições, eu não receberia nada e ainda perderia um ano inteiro.
O segundo dia foi bem mais fácil, porque eu já sabia o que esperar e tudo pareceu passar mais rápido. Me deixaram responsável por uma garrafa de café os fiscais de corredor e eu fiquei quase que namorando a garrafa em questão, com medo pelo meu estomago de poucas horas de sono, mas sendo convencida pelo meu cérebro com dois dias de abstinência. Eu acabei cedendo, mas não passei mal e o problema na verdade foi que aquela garrafa de café acabou se tornando pivô do único problema que o meu corredor teve com vestibulandos: Um cara que queria ficar do lado de fora, sem fazer nada e ainda meteu a mão no café dos fiscais. Mas esse foi realmente todo problema. Então, eu meio que estou empenhada a ser fiscal de vestibular outra vez. Mas espero para sempre levar em consideração o que as pessoas para as quais nós organizamos tudo estão sentindo.
Vejo vocês amanhã (POR QUE EU CONTINUO FAZENDO ISSO???),
G.