Sim, chegou aquela época do ano. Os dias estão mais longos e quentes, as noites possuem o vento frígido de um inverno que ainda não quer ir embora. O ar fica cada dia mais seco e carregado e nele podemos sentir a tensão criada pela insanidade de milhares de escritores prestes a passar um mês inteiro em estado de alerta total. FALTAM 5 DIAS PARA O NANOWRIMO!!!!!!!!!!! Quem tá surtando? EU TÔ!!! MUITO!!! É isso mesmo que vocês estão pensando, a maluca aqui do outro lado vai participar do seu quarto NaNoWriMo para escrever seu quinto livro e desta vez criou um monte de desafios pessoais e vai mexer com um gênero que nunca tinha mexido antes.
Antes de eu começar a falar sobre o meu projeto, eu sei que tem um monte de leitor novo aqui, então me deixa explicar o que é essa sigla difícil: o National Novel Writing Month (em tradução livre: Mês Nacional de Escrever Romances) é um evento criado nos Estados Unidos que acontece todo mês de novembro e tem como objetivo motivar escritores profissionais e amadores no mundo inteiro (apesar do nome) a escrever 50 mil palavras em 30 dias. A ideia é ter um primeiro rascunho completo com essas 50 mil palavras, mas eu conheço pouca gente que fechou um livro nessa média de palavras, então a gente costuma dizer que vai escrever as primeiras 50 mil palavras em novembro. A doida aqui participou das edições de 2013, 2015 e 2016. Em 2013, eu escrevi as primeiras 51 mil palavras do segundo livro da trilogia Sociedade Inglesa de Oposição. Em 2015, eu consegui escrever o primeiro rascunho inteiro de A Linha de Rumo, que ficou em 88 mil palavras (não, eu ainda não sei como escrevi 88 mil palavras em um mês). Em 2016, isso se repetiu com Tóxico, que fechou em 86 mil palavras. Se os anos anteriores provam alguma coisa é que eu consigo chegar a 50 mil palavras, então meu foco não é essa meta original, mas a de escrever um primeiro rascunho completo, com início, meio e fim. O problema de ter essa meta para 2017 é só um: Entre os cinco livros que eu já me meti a escrever (Seis se contar As Crônicas de Kat e sete se dividir a história nas duas fases), o meu projeto do NaNoWriMo 2017 será o mais longo de todos.
Como eu sei disso? Bem, só para começo de conversa, Mirae é meu primeiro projeto de ficção científica. Ele também envolve mistério, fantasia, é decididamente LGBTQIA e ainda tem elementos de terror. A história envolve tantos aspectos loucos que não tem como eu escrever tudo em poucas palavras (não porque é impossível, mas porque eu sou eu). A ideia do livro surgiu em janeiro graças a minha obsessão repentina com o Efeito Mandela e seguiu o ano inteiro absorvendo várias das minhas outras obsessões, especialmente a obsessão por crimes da vida reais (quem pensaria que eu ia virar A Doida dos Crimes com Armas Brancas?). A pesquisa começou com textos sobre a teoria dos multiversos, continuou com uma listagem de superpoderes práticos e aplicáveis na vida real e terminou comigo estudando a constelação de Libra. Eu tenho dezenas de arquivos de pesquisa salvos, eu fiz uma série de enquetes sobre a história no Twitter e ainda criei um grupo orientador basicamente com as minhas amigas que tomou todas as decisões que não foram tomadas nas enquetes - fazendo de Mirae meu primeiro projeto que foi "decidido por voto popular". Eu também fiz uma listinha no Twitter que descreve bem todos os aspectos malucos que envolvem este livro:



A boa notícia é que eu já comecei a escrever o livro, até como parte do planejamento (É claro que eu só vou contar no NaNoWriMo tudo que eu escrever ou reescrever em novembro). O primeiro capítulo, inclusive, é um dos meus preferidos já escritos por mim. Eu - muito mal e cambaleando - consegui manter esse projeto relativamente em segredo. Quando eu tive a ideia, queria guardar tudo e manter tanto segredo (provavelmente porque um conceito que eu amo e que uso em várias histórias foi roubado na cara dura naquela mesma época) que eu me recusei até mesmo a contar qual era o título provisório que eu tinha pensado. (O título era AU - sigla do termo inglês "alternate universe", ou seja, "universo alternativo"), mas, no fim, acabei falando até o título oficial antes da hora, de tão apaixonada que eu estava por ele. Foi muito difícil não compartilhar todos os momentos de descobertas de uma história tão completamente maluca quando esta. E é por isso que eu estou muito feliz em finalmente poder compartilhar com vocês as informações do livro que eu escreverei em novembro. Bem-vindos aos universos de Mirae:


Desde que era criança, Bri se lembra de ter sonhos vívidos sobre acontecimentos reais ligeiramente diferentes de como eles se desenrolaram de verdade. A forma confusa como esses sonhos se apresentam para ela se torna um problema quando sua família é assassinada dentro de casa e as lembranças que Bri tem do dia do crime não podem ter acontecido de verdade.
A chegada de Victoria à cidade de Garra Sul passa despercebida pela maior parte da população. Há seis meses a cidade está tomada de estranhos - policiais, jornalistas, detetives particulares e curiosos - todos dedicados a descobrir como o assassinato da família Bragança aconteceu. Mostrando-se completamente desinteressada pelo caso, Victoria consegue um emprego em uma das principais escolas particulares da cidade sem que quase nada sobre seu passado seja checado e, antes que qualquer pessoa possa impedir, já está próxima da sobrevivente Brigitte de Bragança.
É através de Victoria que Bri descobre que os "sonhos" são reais e que ela possui um superpoder registrado como Mira: a cada 334 dias ela altera a realidade em que está, causando pequenos efeitos colaterais espalhados pelo mundo. A última vez que isso aconteceu foi no dia em que sua família morreu, quando ela acordou com os gritos da irmã e desejou que aquilo fosse um sonho. Falta um pouco mais de 100 dias para a próxima mudança, e a ideia de solucionar o crime e mudar a realidade para uma em que sua família ainda vive toma forma dentro de Bri - que só precisa decidir se os possíveis efeitos colaterais são um risco que vale a pena correr.

Tanto o livro, quanto o poder da Bri receberam seu nome de uma classe de estrelas variáveis de longos períodos chamadas Variáveis Mira (inclusive, a imagem da capa provisória é do rastro de uma Variável Mira). Estrelas variáveis são estrelas cuja aparência e luminosidade mudam de foma significativa em determinados períodos de tempo. Variáveis Mira  são estrelas gigantes vermelhas com período de variação maior que 100 dias, que receberam este nome em homenagem à estrela Mira Ceti (cujo nome significa Baleia Maravilhosa ou Maravilha da Baleia). Mira Ceti foi descoberta e chamada de "estrela maravilhosa" graças às suas mudanças, observadas a cada 332 dias. Hoje em dia sabe-se que o período de mudança de Mira Ceti é de algo entre 304 e 353 dias - convenciona-se que esse período seja de 11 meses, ou seja, 334 dias com uma margem de erro de até três dias para menos.
Essa é mais ou menos a parte em que vocês me perguntam porque acabaram de ter essa linda aula de astronomia. Bem, meus caros, o motivo principal é porque isso tudo precisou de uma pesquisa do caramba e eu não estudo por nada. (Vocês tem noção que eu estou desde agosto estudando astrofísica?? Escrever faz a gente fazer cada maluquice). Explicando a mitologia da história: em Mirae todos as pessoas com superpoderes estão ligadas a pelo menos um corpo celeste. O poder de Bri a liga automaticamente a Mira Ceti, mas uma outra estrela à qual ela descobre também estar ligada, Sigma Librae (também conhecida como minha pior inimiga), dita a importância das escolhas de Bri no equilíbrio tão facilmente abalável do universo. Sigma Librae está em um dos pratos da balança da constelação de Libra e é um dos seus nomes em árabe Zuben el Genubi, que dá nome à cidade fictícia em que Bri mora, Garra Sul.

Este foi um dos edits que eu fiz da Bri, porque eu sou completamente obcecada pela minha própria personagem. ME PROCESSEM. Vocês podem ver outras imagens que eu fiz inspirada em Brigitte Etoile Santos de Bragança* clicando aqui.
*Sim, a mãe dela era viciada na França.
Vocês vão saber ainda mais sobre a história no mês de novembro e ao contrário do últimos livros, Mirae está sendo escrito com um plano de publicação muito claro em mente. (Na verdade, eu tenho grandes planos para 2018 - completamente movidos pelo desespero, é claro -, mas esses eu vou manter em segredo de verdade. Juro. Não me perguntem nada.). Então, não se preocupem, vocês lerão a história mais rápido do que esperam.
Sobre meus planos para o mês que vem, vocês sabem como é: Um post de atualização por semana, com trechos escritos, contagem de palavras e muitos desabafos sobre como eu sou maluca por participar desse negócio de novo. Para quem convive comigo: Vocês sabem as regras, NADA DE FICAR CHATEADO QUANDO EU DISSER QUE NÃO POSSO FAZER ALGO. Eu já estou inventando coisas demais para novembro (incluindo um write-in na minha cidade!!!! Vou falar mais sobre isso quando estiver 100% fechado) e eu já me deixo maluca sozinha. Além disso, eu tenho priorizado muitas coisas ao invés da minha escrita desde agosto - quando eu terminei de editar o livro que está em avaliação no momento. Em novembro é escrita, escrita, escrita. Livro, livro, livro. Com várias pausas para o café, porque vocês sabem como a coisa toda funciona.
Para finalizar o post, vocês não acharam que iam ficar sem ela - a famigerada PLAYLIST DE ESCRITA - hoje né? Eu já tenho usado a playlist para escrever o livro e vou continuar usando e atualizando durante todo mês de novembro, então, fiquem à vontade para seguir:


E aí, o que vocês acharam de Mirae? Mais alguém vai participar do NaNoWriMo?? Eu quero saber tudo! Além disso, gente, eu sei que parece loucura eu continuar escrevendo livros quando eu ainda não publiquei os quatro primeiros, mas eu juro para vocês que eu não parei de trabalhar nos já escritos. Pelo menos para mim, escrever é a parte fácil. E eu realmente passei 2017 inteiro tentando fazer meus filhos saírem da gaveta então nada de tentar me intimidar, obrigada.
Psssst, ainda tem especial de Halloween este mês!
Vejo vocês em breve,
G.

P.S.: No fim do NaNo do ano passado, eu tinha dito o projeto de 2017 seria o livro-reportagem que será meu TCC. No começo do ano, uma amiga me fez perceber que é mais lógico levar o mesmo para o NaNo de 2018. No momento, eu nem tenho certeza se realmente levarei o livro para o NaNoWriMo. Mantenho vocês atualizados sobre <3