Se alguém me dissesse sete anos atrás que em 2018 eu ainda estaria escrevendo no mesmo blog, mesmo que ele não tenha me deixado muito rica ou famosa, eu definitivamente riria da simples ideia. A gente faz muito isso aos 12, 13 anos. Pensamos que as coisas que a gente faz e que ama com essa idade não são sinônimo do que vamos fazer para sempre. E não são, mas se tem uma coisa que eu aprendi é que eu nunca vou ser "grande o suficiente" para abandonar meus amigos imaginários (ou como eu tenho me referido a eles mais recentemente, Minhas 13 Personalidades ou O Júri), ou "adulta o suficiente" para não ser obcecada por mim mesma em um nível inseguramente narcisista ou "ocupada demais para perder tempo" escrevendo textões sobre os meus ídolos. Eu não sou a mesma pessoa que era quando comecei o blog, mas eu ainda gosto das mesmas coisas e eu ainda sou eu da forma como eu sempre serei eu. Vocês estão prontos para acompanhar a jornada inteira? Porque nem eu estou.

Sim, isso é um gif de mim mesma. E sim, o título do post é uma referência ao balão de 40 polegadas com o nº 7 que eu comprei.
Tanta coisa aconteceu nesses sete anos. Várias muito muito boas mesmo. Aqui eu compartilhei a minha primeira Bienal e a minha primeira Bienal com credencial de profissional do livro. Compartilhei a jornada de terminar de escrever meu primeiro livro e a de começar a escrever o quinto. Contei das minhas inseguranças sobre publicação e leitura dos meus livros. Falei muito sobre o meu coração, amor, minhas pequenas vitórias, o processo da cura, aprender a me amar mais um pouquinho. Tem posts sobre ter terminado o ensino médio, passado na faculdade, me mudado para um apartamento que tem meu nome no contrato, conseguido meu primeiro estágio. Mas também aconteceram muitas coisas muito muito ruins. Eu contei sobre perder minha mãe e logo em seguida perder toda a minha vida no Rio de Janeiro. Contei sobre meus dias realmente ruins de depressão. Vocês viram quando eu deixei uma amizade extremamente abusiva para trás. Compartilhei talvez um pouco demais do que deveria sobre a vida como um todo. Vocês me viram partida em pedacinhos e tentando me reconstruir. Me viram quando eu estava no topo do mundo e quando a rotina era simplesmente demais para mim. Me viram com muito mais clareza do que pessoas que convivem comigo conseguem me ver.
É seguro dizer que eu tenho o QaMdE desde que eu me entendo por gente. Desde antes disso. Minha vida começou de verdade entre os 13 e os 14, entre começar a passar muito mal e descobrir que não era só coisa da minha cabeça - ou era, mas coisas da cabeça também têm tratamento. Eu me descobri gente quando descobri que estava sozinha no mundo. À exceção da família, praticamente todo mundo na minha vida não me conhece sem o "Quebrei a máquina de escrever". É parte inerente de mim a essa altura. E foi como uma espécie de dor de parto que eu descobri que este blog está costurado à minha linha da vida de forma definitiva. Eu provavelmente nunca vou escrever uma autobiografia. Pra quê? Minha vida todinha está aqui no blog.
Vivo perguntando às pessoas "Você leu o último post do blog?" antes de contar alguma novidade, porque eu provavelmente contei no blog antes. E cara, nem todo mundo entende a existência disso aqui. Lembra no segundo dia de aula da faculdade quando eu contei a uma professora que tinha um blog desde os 13 anos e alguns minutos depois ela apontou para mim e disse "Viu só? Qualquer um pode ter um blog!" e então eu prometi que nunca mais falaria do blog dentro da faculdade? Três anos depois essa professora não só transformou uma das disciplinas dela em "aula de blog", como se deu bastante mal nisso. (Karma's a bitch). Mais recentemente aconteceu algo que fez com que eu passasse um bom tempo sem conseguir nem falar do blog na frente de algumas pessoas. Parecia que o tempo que eu passava aqui era jogado fora e tudo que eu fazia para manter isso aqui funcionando era a mesma coisa que passar tempo vendo séries. Ao invés de me sentir feliz por conseguir 90 mil visualizações, eu me senti culpada por não ter tantas notas 9 na faculdade ou não dedicar todo meu tempo ao site do estágio. Então eu estava falando sobre o blog com a minha nova terapeuta e disse "Eu sei que eu não recebo um retorno, mas o blog faz bem para mim." e ela me disse "Retorno financeiro, certo? Sua expressão muda completamente quando você fala sobre escrever.".
Por incrível que pareça, eu não sou muito boa em me abrir - em compartilhar as coisas com as pessoas. Mas eu sou literalmente conhecida por compartilhar demais da minha vida na internet (É sério, perguntem à minha professora de Jornalismo Digital). Eu escrevi sobre o mais feio e o mais bonito de mim aqui. Isso me formou e eu nunca tinha pensado que isso poderia ter me destruído até muito recentemente. Eu não recebi um comentário negativo depois do dois posts sobre depressão. Já pensaram o que poderia ter acontecido se eu tivesse recebido comentários negativos?
Por tudo isso, eu agradeço a vocês. Por me deixarem compartilhar. Por me deixarem falar. Por me ouvirem e às vezes responderem. Eu acho incrível quando alguém realmente tira um tempo da vida para me contar do que gostou em algo que eu escrevi. A comunidade do QaMdE é pequena, mas é completamente incrível. Vocês me enxergam. E ao me ver com carinho, me permitiram que eu fizesse o mesmo comigo.
Eu sou muito mais eu agora do que eu era aos 13 anos. E eu fico tão feliz de ter documentado tudo para saber disso com toda certeza do mundo. 7 anos se passaram. Que venham mais 7 vezes 7. Obrigada por me ajudarem a enxergar o que há de bonito em mim, enquanto aprendo a amar o feio.
Amo vocês,
G.

P.S.: O vídeo especial que eu prometi no Instagram vai ao ar assim que meu computador parar de ser um filho da mãe e o Movie Maker (eu seeei, eu preciso aprender a usar outros editores de vídeo) colaborar. Espero que até amanhã, mas caso não, até sábado. De qualquer forma, será postado, porque já deu muito trabalho. Aviso quando ficar pronto.