Vamos começar o mês em uma nota pesada, não é mesmo? É insano como as coisas mudam rápido, violentamente. Então, primeiramente, eu quero pedir desculpas por não ter postado nada no meu aniversário e nem nos dez dias depois dele. Eu acabei desistindo do outro post sobre os 20 anos, ou melhor, adiando ele até 18 de agosto, quando eu posto a outra atualização do "É só uma fase". Depois dessa decisão, só me restou pensar no que eu postaria. Eu tenho tanta coisa a dizer que eu nem sabia por onde começar. Eu já disse aqui que os dias depois do meu aniversário são uma onda de sentimentos e normalmente o período em que eu me sinto mais frágil e mesmo que eu esteja mais preparada para isso este ano, eu posso me sentir deslizando lentamente para a onda de fragilidade e insegurança que me toma nessa época. É uma bola de neve. E a vida não tem ajudado nadinha. Então, é, eu tenho muita coisa a dizer, mas antes de dizer eu preciso organizar tudo, o que vai levar muita terapia (se preparem, essa é só a primeira referência à terapia neste post) e páginas e mais páginas do meu diário.
Eu comecei esta semana com três posts anotados para que eu conseguisse escrever o que combinasse mais com o que eu estava sentindo. Pois bem, este post foi completamente inspirado pela energia dos outros. É engraçado porque ele começou comigo explicando porque eu estava saindo do meu estágio, mas uma bomba daquelas explosivas e fedorentas explodiu antes que eu pudesse terminar o post, então ele acabou como um relato das minhas experiências a respeito de ter um emprego. E um pouquinho de porque eu vou sair dele também, porque isso ainda vai acontecer.
Vamos começar com fatos: Em meados de março do ano passado, meu eu medroso começou a surtar sobre não ter um currículo ou nunca ter feito nenhum tipo de seleção para conseguir um emprego. Eu também estava no meio do 4º semestre da faculdade e o medo de não ter carga horária suficiente para me formar, quanto mais a formatura se aproximava. Naquela mesma época, várias seleções de estágio aconteceram na universidade. Tinha uma apenas que era realmente para mim - a da editora da universidade. O único emprego em Vitória da Conquista que me interessaria. Além de vendedora de livraria. Alguma livraria tá contatando meio período? -, mas eu faria todas, mesmo que não fizesse ideia do que faria com meu tempo se passasse em alguma. Versão curta da história: Eu passei. E como era com profissionais de saúde (minha mãe era enfermeira), começando no aniversário de morte da minha mãe, eu considerei um sinal de que deveria aceitar. E de repente eu me vi sendo a única produtora de um programa de TV educativo.
Parece glamouroso, mas não era nadinha. Eu era a ponte entre os dois grupos de pessoas que trabalhavam comigo: O pessoal da medicina - que vivia para falar sobre como o pessoal de jornalismo não sabia nada sobre o assunto do programa e refazia qualquer trabalho feito por eles/nós - e o pessoal do jornalismo - que vivia para falar sobre como o pessoal da medicina não sabia de nada sobre televisão. Os dois grupos estavam certos, mas não interessava onde minha lealdade estava: Eu tinha que saber sobre os dois, estudar os dois e descobrir os dois. E eu era a única que precisava fazer isso, porque "eu só tinha isso a fazer".
Bem, sendo justa, eu eventualmente peguei o ritmo do negócio. E então o programa foi cancelado, porque eis o que produtores de programas de TV descobrem rapidamente: Quem está com o dinheiro na mão manda. Minhas tarefas mudaram em julho, quando foi decidido que o projeto onde eu trabalhava teria um site. Foi aí que as coisas começaram a complicar. Eu não tinha mais a obrigação de cumprir horário todos os dias, o que significava que eu tinha que estar disponível o tempo inteiro. Em alguns dias, eu tinha que ir para a TV só para mostrar que estava cumprindo minhas 20 horas, mas não tinha muito o que fazer, então eu passava a tarde trabalhando em outras coisas. Choveram comentários de que meu trabalho era fácil, de que queriam trabalhar com algo como eu já que eu não fazia nada. E mesmo que a maior parte tenha sido brincadeira ou sem maldade, depois que o programa foi cancelado, eu já estava insegura demais sobre o meu trabalho. Era como se todo o esforço que eu coloquei em aprender o que eu aprendi e fazer o que eu fiz fosse jogado fora. Aprender a trabalhar em TV me fez perceber que eu odeio trabalhar em TV. Começar a trabalhar com o pessoal de medicina me fez perceber que eu odeio médicos. Mas eu ainda trabalhava pela sensação do dever cumprido e de ter algo produzido. E o que adiantava se tudo podia ser jogado fora em dois segundos?
Alguns meses trabalhando nisso, meu contrato acabou. A universidade resolveu que os alunos bolsistas do projeto teriam que ser realocados para terem seus contratos renovados e eu, tendo sido treinada na TV, fui realocada na TV. Mas continuei no projeto. Meu trabalho seria de produção em jornalismo de segunda à quarta e no site do projeto quinta, sexta e aos fins de semana quando houvesse feira de saúde. Minha carga horária e atividades aumentariam, mas o salário não. Existiram um monte de motivos pelos quais eu resolvi dizer sim a esse arranjo, mas o principal deles era que eu queria sentir que estava fazendo algo produtivo e real. E eu consegui o que eu queria. Meu nome finalmente aparece no fim do jornal da TV, o site do projeto está (quase) pronto depois de cinco longos meses de organização. E mesmo odiando o trabalho, eu conseguia lidar com ele e com as pessoas com quem eu trabalhava. Então, por que eu ainda me sentia miserável?
Cada erro se transformava em uma coisa gigantesca. Semanas atrás eu escrevi um texto enorme motivado pelo fato de que eu tinha gaguejado demais em uma ligação no trabalho. Em dias fáceis, eu chegava em casa exausta e deprimida. Em crises de depressão, pensar sobre o trabalho me deixava suicida. Eu me sentia vigiada - como se alguém tivesse tempo para se preocupar que eu não estivesse fazendo o suficiente. Mensagens da coordenadora do projeto me davam dor de barriga. Na TV, se eu não fizesse três pautas em um dia, eu me sentia um lixo, pensando em como todo mundo estava indo melhor. Era enlouquecedor, e eu até hoje não entendo como as pessoas não conseguiam perceber o que passava na minha cabeça o tempo inteiro. Eu me sentia tão mal. Quando eu finalmente contei para adultos que odiava telejornalismo, eu me senti livre. E de alguma forma, todo mundo ficou chocado quando eu disse que queria sair do trabalho.
A terapia me fez ver com mais clareza a situação. Não é que eu não seja boa o suficiente para o trabalho, eu só sou errada. Como se eu estivesse tentando varrer a casa com um espanador de pó ou calçar as mãos com sapatos: Mesmo que eu consiga, nunca vai ser perfeito ou bom o suficiente, não interessa quanto esforço eu coloque. Mesmo que elogiem o trabalho final, eu sei que poderia fazer melhor se tivesse as ferramentas certas. E dedicar tanta energia nisso nunca vai me trazer "o tipo bom de cansada" ou "a satisfação de algo bem feito". Então, depois de ter pensado que eu não teria salário até depois do meu aniversário (não aconteceu, mas a crise que eu tive compensou ainda assim), eu percebi que não fazia sentido insistir. Fevereiro seria meu último mês de estágio. (Isso não deu muito certo por motivos além de mim - também conhecido como "O Caos do REDA" que o Avoador vai explicar em breve e eu não tenho como explicar muito. Mas não é como se eu estivesse fazendo muita coisa no momento, então, estou esperando a poeira baixar para sair. Claro que se esse post chegar até alguém que pode me demitir, eu serei demitida antes de pedir para sair...... Mas não me importo).
Eu tenho sorte. Muita sorte. Eu nasci da única de cinco filhos que completou o ensino superior e que tinha um emprego estável e bom quanto morreu (quatro anos antes e ela teria morrido sem deixar nada). Eu tive pessoas para cuidar de mim. Minha mãe deixou tudo para que eu não me preocupasse com dinheiro até ela ser adulta e até depois disso. As coisas que eu herdei com a morte ela são nada além disso, sorte. É por ter essa sorte que eu posso sair do estágio sem me preocupar com ter dinheiro para viver. E eu sei que daqui a alguns anos talvez isso não seja mais verdade e eu possa precisar do salário de um emprego que eu odeio para sobreviver e é justamente por isso que eu preciso fazer isso agora. Porque é uma opção.
Além disso, se eu estou desde abril do ano passado repetindo para mim mesma que eu nunca vou trabalhar com telejornalismo então por que DIABOS eu estou estagiando nessa área? Meu currículo agora tem 11 meses de experiência em algo que eu não quero fazer. E eu preciso recuperar o tempo perdido. Então este ano, este último ano recebendo pensão do INSS e último ano antes da formatura, eu quero trabalhar em coisas que eu ame fazer. Quero encontrar um trabalho que eu ame - eu sempre soube qual a minha área, eu preciso transformar ela em algo rentável o quanto antes. Quero receber por fazer o que eu amo (mesmo que isso signifique colocar anúncios aqui no blog e receber 10 centavos por mês) (literalmente). Se eu não achar o que eu amo agora, depois da faculdade é que não vai acontecer. Mas eu não vou trabalhar sem levar em consideração o que esse trabalho me ensinou. E o que eu aprendi a terapia.
A terapia me fez perceber várias coisas, na verdade. Uma delas é que eu tenho muito medo do fracasso. Eu nunca tinha parado para pensar nisso de verdade, mas acho que eu sempre soube que não me considero boa o suficiente para conseguir ser bem sucedida. Eu tenho tanto medo de não ser bem sucedida nas coisas que quero fazer, que muitas vezes eu nem tento. Quando a oportunidade aparece eu surto e digo a mim mesma que não sou boa o suficiente nem para tentar. E então, quando outras oportunidades que não foram feitas para mim aparecem, eu as aceito porque não tenho medo de enfrentá-las. Lembram das seleções de estágio que eu falei lá em cima? Eu acabei desistindo da única seleção que eu considerava "o trabalho que eu queria", quando passei na primeira seleção que me chamaram. E por mais que seja verdade que eu tenha tentado a mesma vaga depois e ficado no 3º lugar de 3 candidatos, eu pelo menos tentei. Eu tenho que parar de pensar que eu não mereço o que eu quero antes mesmo de tentar. É estúpido.
A segunda coisa é que eu tenho muito medo de não ter estabilidade financeira no futuro. É claro que conscientemente eu sabia disso, mas enquanto eu falava na terapia, me dei conta de que eu estava deixando o medo de não ter dinheiro me impedir de fazer coisas como investir em mim mesma e no meu próprio tempo. No momento em que eu estou, isso é burrice! Eu preciso encontrar formas de guardar a renda que eu tenho, porque ela me permite flexibilizar meu trabalho. Em uma tentativa de ser mais adulta, eu passei meses sendo extremamente burra.
Enfim, a terceira coisa é: Eu me importo muito com a opinião das pessoas. Minha psicóloga me perguntou porque quatro anos depois, eu continuo tentando explicar para as pessoas que eu tinha um bom motivo para ter ido ao show da Demi semanas depois da minha mãe ter morrido, quando já ficou mais que claro que não querem entender, e eu não tive uma resposta. Eu também queria entender minha necessidade de explicar aos outros o que eu sinto e porque eu sinto, de ser validada pelos outros. A sensação de ouvir alguém dizer que me entende e compartilhar uma história de volta é libertadora, mas eu preciso aprender a ficar grata por essas coisas e não necessitar de compreensão para viver. Explicando a aplicação disso a esse post: Eu não precisava ouvir as pessoas que me diziam sobre meu estágio. Mas eu deixo o que os outros acham e esperam de mim tomar conta das minhas próprias crenças o tempo inteiro. Além disso, eu preciso ser menos paranoica sobre o que as pessoas pensam e falam de mim. Ou da imagem que eu passo. Todo mundo só estar tentando sobreviver nesse mundo horrível e ninguém tem tempo de pensar nas minhas irresponsabilidades e erros.
Então, é isto. Esses são todos os motivos pelos quais eu estou saindo do meu estágio e pelos quais eu preciso de freelas e contratos de publicação. Mas também porque eu preciso de coragem e de fé em mim mesma. Como minha terapeuta disse (última referência, juro), existem outras áreas (além da financeira) nas quais eu preciso de segurança, antes de conquistar o que eu quero.
G.
P.S.: "Auto do Busão do Inferno" tecnicamente não é tão "livro clássico" assim, mas o título era bom demais para que eu não usasse.
P.P.S.: Caso você tenha perdido, o vídeo de aniversário do blog foi ao ar no dia 21! Clique aqui para assisti-lo.
Eu comecei esta semana com três posts anotados para que eu conseguisse escrever o que combinasse mais com o que eu estava sentindo. Pois bem, este post foi completamente inspirado pela energia dos outros. É engraçado porque ele começou comigo explicando porque eu estava saindo do meu estágio, mas uma bomba daquelas explosivas e fedorentas explodiu antes que eu pudesse terminar o post, então ele acabou como um relato das minhas experiências a respeito de ter um emprego. E um pouquinho de porque eu vou sair dele também, porque isso ainda vai acontecer.
Imagens reais sobre trabalhar com telejornalismo |
Parece glamouroso, mas não era nadinha. Eu era a ponte entre os dois grupos de pessoas que trabalhavam comigo: O pessoal da medicina - que vivia para falar sobre como o pessoal de jornalismo não sabia nada sobre o assunto do programa e refazia qualquer trabalho feito por eles/nós - e o pessoal do jornalismo - que vivia para falar sobre como o pessoal da medicina não sabia de nada sobre televisão. Os dois grupos estavam certos, mas não interessava onde minha lealdade estava: Eu tinha que saber sobre os dois, estudar os dois e descobrir os dois. E eu era a única que precisava fazer isso, porque "eu só tinha isso a fazer".
Bem, sendo justa, eu eventualmente peguei o ritmo do negócio. E então o programa foi cancelado, porque eis o que produtores de programas de TV descobrem rapidamente: Quem está com o dinheiro na mão manda. Minhas tarefas mudaram em julho, quando foi decidido que o projeto onde eu trabalhava teria um site. Foi aí que as coisas começaram a complicar. Eu não tinha mais a obrigação de cumprir horário todos os dias, o que significava que eu tinha que estar disponível o tempo inteiro. Em alguns dias, eu tinha que ir para a TV só para mostrar que estava cumprindo minhas 20 horas, mas não tinha muito o que fazer, então eu passava a tarde trabalhando em outras coisas. Choveram comentários de que meu trabalho era fácil, de que queriam trabalhar com algo como eu já que eu não fazia nada. E mesmo que a maior parte tenha sido brincadeira ou sem maldade, depois que o programa foi cancelado, eu já estava insegura demais sobre o meu trabalho. Era como se todo o esforço que eu coloquei em aprender o que eu aprendi e fazer o que eu fiz fosse jogado fora. Aprender a trabalhar em TV me fez perceber que eu odeio trabalhar em TV. Começar a trabalhar com o pessoal de medicina me fez perceber que eu odeio médicos. Mas eu ainda trabalhava pela sensação do dever cumprido e de ter algo produzido. E o que adiantava se tudo podia ser jogado fora em dois segundos?
Alguns meses trabalhando nisso, meu contrato acabou. A universidade resolveu que os alunos bolsistas do projeto teriam que ser realocados para terem seus contratos renovados e eu, tendo sido treinada na TV, fui realocada na TV. Mas continuei no projeto. Meu trabalho seria de produção em jornalismo de segunda à quarta e no site do projeto quinta, sexta e aos fins de semana quando houvesse feira de saúde. Minha carga horária e atividades aumentariam, mas o salário não. Existiram um monte de motivos pelos quais eu resolvi dizer sim a esse arranjo, mas o principal deles era que eu queria sentir que estava fazendo algo produtivo e real. E eu consegui o que eu queria. Meu nome finalmente aparece no fim do jornal da TV, o site do projeto está (quase) pronto depois de cinco longos meses de organização. E mesmo odiando o trabalho, eu conseguia lidar com ele e com as pessoas com quem eu trabalhava. Então, por que eu ainda me sentia miserável?
Cada erro se transformava em uma coisa gigantesca. Semanas atrás eu escrevi um texto enorme motivado pelo fato de que eu tinha gaguejado demais em uma ligação no trabalho. Em dias fáceis, eu chegava em casa exausta e deprimida. Em crises de depressão, pensar sobre o trabalho me deixava suicida. Eu me sentia vigiada - como se alguém tivesse tempo para se preocupar que eu não estivesse fazendo o suficiente. Mensagens da coordenadora do projeto me davam dor de barriga. Na TV, se eu não fizesse três pautas em um dia, eu me sentia um lixo, pensando em como todo mundo estava indo melhor. Era enlouquecedor, e eu até hoje não entendo como as pessoas não conseguiam perceber o que passava na minha cabeça o tempo inteiro. Eu me sentia tão mal. Quando eu finalmente contei para adultos que odiava telejornalismo, eu me senti livre. E de alguma forma, todo mundo ficou chocado quando eu disse que queria sair do trabalho.
A terapia me fez ver com mais clareza a situação. Não é que eu não seja boa o suficiente para o trabalho, eu só sou errada. Como se eu estivesse tentando varrer a casa com um espanador de pó ou calçar as mãos com sapatos: Mesmo que eu consiga, nunca vai ser perfeito ou bom o suficiente, não interessa quanto esforço eu coloque. Mesmo que elogiem o trabalho final, eu sei que poderia fazer melhor se tivesse as ferramentas certas. E dedicar tanta energia nisso nunca vai me trazer "o tipo bom de cansada" ou "a satisfação de algo bem feito". Então, depois de ter pensado que eu não teria salário até depois do meu aniversário (não aconteceu, mas a crise que eu tive compensou ainda assim), eu percebi que não fazia sentido insistir. Fevereiro seria meu último mês de estágio. (Isso não deu muito certo por motivos além de mim - também conhecido como "O Caos do REDA" que o Avoador vai explicar em breve e eu não tenho como explicar muito. Mas não é como se eu estivesse fazendo muita coisa no momento, então, estou esperando a poeira baixar para sair. Claro que se esse post chegar até alguém que pode me demitir, eu serei demitida antes de pedir para sair...... Mas não me importo).
Aaah, o jornalismo |
Além disso, se eu estou desde abril do ano passado repetindo para mim mesma que eu nunca vou trabalhar com telejornalismo então por que DIABOS eu estou estagiando nessa área? Meu currículo agora tem 11 meses de experiência em algo que eu não quero fazer. E eu preciso recuperar o tempo perdido. Então este ano, este último ano recebendo pensão do INSS e último ano antes da formatura, eu quero trabalhar em coisas que eu ame fazer. Quero encontrar um trabalho que eu ame - eu sempre soube qual a minha área, eu preciso transformar ela em algo rentável o quanto antes. Quero receber por fazer o que eu amo (mesmo que isso signifique colocar anúncios aqui no blog e receber 10 centavos por mês) (literalmente). Se eu não achar o que eu amo agora, depois da faculdade é que não vai acontecer. Mas eu não vou trabalhar sem levar em consideração o que esse trabalho me ensinou. E o que eu aprendi a terapia.
A terapia me fez perceber várias coisas, na verdade. Uma delas é que eu tenho muito medo do fracasso. Eu nunca tinha parado para pensar nisso de verdade, mas acho que eu sempre soube que não me considero boa o suficiente para conseguir ser bem sucedida. Eu tenho tanto medo de não ser bem sucedida nas coisas que quero fazer, que muitas vezes eu nem tento. Quando a oportunidade aparece eu surto e digo a mim mesma que não sou boa o suficiente nem para tentar. E então, quando outras oportunidades que não foram feitas para mim aparecem, eu as aceito porque não tenho medo de enfrentá-las. Lembram das seleções de estágio que eu falei lá em cima? Eu acabei desistindo da única seleção que eu considerava "o trabalho que eu queria", quando passei na primeira seleção que me chamaram. E por mais que seja verdade que eu tenha tentado a mesma vaga depois e ficado no 3º lugar de 3 candidatos, eu pelo menos tentei. Eu tenho que parar de pensar que eu não mereço o que eu quero antes mesmo de tentar. É estúpido.
A segunda coisa é que eu tenho muito medo de não ter estabilidade financeira no futuro. É claro que conscientemente eu sabia disso, mas enquanto eu falava na terapia, me dei conta de que eu estava deixando o medo de não ter dinheiro me impedir de fazer coisas como investir em mim mesma e no meu próprio tempo. No momento em que eu estou, isso é burrice! Eu preciso encontrar formas de guardar a renda que eu tenho, porque ela me permite flexibilizar meu trabalho. Em uma tentativa de ser mais adulta, eu passei meses sendo extremamente burra.
Enfim, a terceira coisa é: Eu me importo muito com a opinião das pessoas. Minha psicóloga me perguntou porque quatro anos depois, eu continuo tentando explicar para as pessoas que eu tinha um bom motivo para ter ido ao show da Demi semanas depois da minha mãe ter morrido, quando já ficou mais que claro que não querem entender, e eu não tive uma resposta. Eu também queria entender minha necessidade de explicar aos outros o que eu sinto e porque eu sinto, de ser validada pelos outros. A sensação de ouvir alguém dizer que me entende e compartilhar uma história de volta é libertadora, mas eu preciso aprender a ficar grata por essas coisas e não necessitar de compreensão para viver. Explicando a aplicação disso a esse post: Eu não precisava ouvir as pessoas que me diziam sobre meu estágio. Mas eu deixo o que os outros acham e esperam de mim tomar conta das minhas próprias crenças o tempo inteiro. Além disso, eu preciso ser menos paranoica sobre o que as pessoas pensam e falam de mim. Ou da imagem que eu passo. Todo mundo só estar tentando sobreviver nesse mundo horrível e ninguém tem tempo de pensar nas minhas irresponsabilidades e erros.
Então, é isto. Esses são todos os motivos pelos quais eu estou saindo do meu estágio e pelos quais eu preciso de freelas e contratos de publicação. Mas também porque eu preciso de coragem e de fé em mim mesma. Como minha terapeuta disse (última referência, juro), existem outras áreas (além da financeira) nas quais eu preciso de segurança, antes de conquistar o que eu quero.
G.
P.S.: "Auto do Busão do Inferno" tecnicamente não é tão "livro clássico" assim, mas o título era bom demais para que eu não usasse.
P.P.S.: Caso você tenha perdido, o vídeo de aniversário do blog foi ao ar no dia 21! Clique aqui para assisti-lo.
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