Segunda-feira é dia de conto! O Arthur é um dos meus afilhados honorários do 1º Write-In Conquista. Não esqueçam de ir ao segundo evento para eu poder adotar mais gente! Passo a palavra ao autor do texto:
Olá, eu sou Arthur. Sou também subjetividade e imperfeição, mas isso é outra história. Tenho 15 anos e curso o 2° ano do ensino médio. Sempre fui fascinado e maravilhado pela literatura, por essa expressão através da escrita. Minhas inspirações para os textos tendem a ser uma música, um filme, uma frase, uma manchete - qualquer coisa com o mínimo "teor artístico" que pode virar arte. Escrevo porque não quero mais hesitar diante de certas situações. Porque quero extrair o que há de bom (e de ruim) de dentro de mim. Porque sinto a necessidade de mergulhar em outra realidade de vez em quando. Esse sou eu.
"Magnólia se via mais uma vez
no fundo daquela cozinha suja, sua única forma de conseguir o dinheiro para
cuidar dos seus dois filhos, suas duas filhas, seu cachorro, sua calopsita e
sua neta que estava a caminho.
Sempre que percebia aonde estava
na vida, sentia uma dor no lado esquerdo do peito, talvez a lembrando do que
ela poderia ter feito de diferente durante seus 49 anos de existência.
Aquilo não era digno dela; pensava
consigo mesma, repetidas vezes ao dia. Tantos sonhos de construir a família
perfeita, de viajar ao redor do mundo, de ter o trabalho que ela queria -
cantar; cantar para quem pudesse ouvir, de onde ela estivesse - se perderam.
Todos eles. Todos eles?
- Mas o que quer de mim... - Continuou
- se o que eu quero de ti...
A cozinha barulhenta por conta dos
inúmeros pedidos que iam e saiam pelas portas por onde entravam os garçons
parou por um instante. Magnólia cantava, com um sorriso no rosto, sem perceber
que todos aqueles olhos haviam voltado sua atenção a ela.
- ... Não podes me dar...
Por alguns segundos, aquela moça
que corajosamente cantava não se deu conta de que era dela mesma que saia sua
voz. Todos os sons soaram diferentes. Como se tudo houvesse se encaixado no
lugar em que pertencia. Ao se ver lavando os pratos novamente, com todos
aqueles rostos pairando sobre ela, corou.
Mais tarde, chegando em casa,
ainda estava desnorteada pelo acontecimento. Olhava para a sua casa como se não
a reconhecesse, como se tudo o que se desenrolou durante sua vida não passasse
de um sonho ao qual ela estava fadada a acordar.
- Maíra! Maíra, cheguei, minha filha!
Entrou em casa, mesmo sem resposta
da garota. Pisou no tapete. Andou ao sofá. Soltou as sacolas de compras no
chão. E se pôs a chorar, abraçada às almofadas.
Não era tristeza, não era alegria,
não era dor, não era felicidade. Era algo além. Maíra desceu as escadas e,
quando viu a mãe a se desaguar no chão, acelerou o passo. Desceram, então,
Michel, Maria e Márcio. Todos abraçaram a mãe em perfeita sintonia. Um por um
iam, desesperados, perguntando o que havia acontecido. Magnólia levantou a
cabeça, abriu um sorriso radiante de alegria e se despediu.
Voltando ao hospital, os filhos de
Magnólia se reuniam, em total angústia, na sala de espera. Havia quase três
horas que a mãe fora admitida na ala de emergência, pela parada do miocárdio.
Culpa subia na garganta de cada um deles, enquanto esperavam pela enfermeira
para vir e revelar a condição de saúde da paciente. A verdade é que todos eles
amavam Magnólia e não estavam prontos para perdê-la. Magnólia era gentil.
Magnólia era humilde. Magnólia não se cansava de olhar para o lado bom da vida
que ela levava. Magnólia podia cantar livremente na cozinha do restaurante, que
o gerente não iria reclamar. Magnólia amava quando o sorriso de um dos seus
filhos enchia o seu coração de vida e de motivos para continuar seguindo, a
lembrando de que tudo havia valido a pena.
A enfermeira chegou na sala de
espera, gesticulando para a família de Magnólia seguir.
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