Eu estou tendo a semana mais longa da história do universo, então a gente vai relevar o fato de eu estar escrevendo o post da "É só uma fase" apenas algumas horas antes do meu aniversário, quando meu planejamento era que o post saísse no máximo até a última sexta, junto com o booktrailer de Aqueles Seis Meses. Já teve ano que nem coluna teve, então vocês fiquem quietos e aceitem.

A ideia da coluna é que eu fale sobre como eu acho que minha idade será e alguns meses depois eu fale sobre como minha idade tem sido ou foi. No mês passado eu fiz um post sobre os meus 22. Este mês eu prometi que esse o texto sobre como eu acho que meus 23 anos serão, seria o mais especial da coluna inteira. E agora eu preciso alcançar essa expectativa. O único problema é que eu já escrevi sobre como eu esperava que meus 23 anos fossem.

Em 2013, quando eu tinha a pior melhor amiga que já se ouviu falar, nós duas tínhamos planos de nos mudar para Nova Iorque depois que eu me formasse na faculdade. Eu sabia que se passasse no vestibular assim que saísse do ensino médio (o que aconteceu), eu me formaria em 2018 (o que aconteceu e não aconteceu ao mesmo tempo, porque eu me formei em 2018.2, que na minha faculdade, foi no meio de 2019). Foi então que eu decidi escrever um conto que se passava três anos depois da nossa mudança para Nova Iorque, já que na minha cabeça de 14 quase 15 anos, três anos era tempo mais do que o suficiente para ter uma carreira bem sucedida na Teen Vogue ou na Seventeen (spoiler alert: eu não to nem na Teen Vogue, nem na Seventeen e as duas pagam freelancers mal demais para que ainda sejam meu grande objetivo profissional).  No conto, eu também estava trabalhando com o grande amor da minha vida e de repente ele me chamava para um encontro no meu aniversário. Spoiler alert: O ator a quem eu me referia na época hoje em dia me dá até agonia só de ver.

Quem acompanha as publicações antigas do blog, já sabe que normalmente o que eu escrevo na É só uma fase, se torna realidade. Não da exata forma como eu planejava, mas sempre acaba acontecendo. Até alguns anos atrás, eu costumava dar títulos para as idades que eu estava completando:13 a idade fofinha, 14 é uma idade problemática, 15 é clichê, 16 é jovem adulto e os 17 a idade das últimas chances,18 foi a idade da coragem. Tudo isso se realizou de alguma forma. Eu não faço isso há alguns anos, então não vou voltar a fazer, mas meu ponto é que essa coluna é a maior prova do poder da manifestação. Minha vida está muito distante do que eu desejava que ela fosse em 2013, mas eu amo a vida que tenho. Sabendo do poder dessa coluna, eu deveria desprezar tudo que eu escrevi na época, certo? ERRADO. E eis aqui o porque:

"Eu estou esperando há vinte e três anos para dizer isso"

Eu reli NY Dream para fazer essa publicação porque eu queria ver o que ainda é aplicável à minha vida e o que não é. Logo no comecinho, já tem trecho que precisa ser desprezado:

Até os meus 15 anos, aniversários eram algo muito importante pra mim. Mas depois que a gente cresce mais um pouco, percebe que só porque você tá completando mais um ano de vida o mundo não vai parar pra ficar feliz por você. Ele simplesmente vai continuar girando. E a vida vai continuar acontecendo. Na verdade, uma parte de mim odeia aniversários agora, porque isso significa que eu estou crescendo e que tenho um ano a menos de vida pela frente.

ERRADO. Além de não me importar mais com envelhecer (eu vivo dizendo que queria ter 30 anos), eu ainda levo meu aniversário muito a sério e graças a Deus, hoje em dia sou cercada de pessoas que acreditam que eu tenho o direito de levar meu aniversário a sério. Ao contrário da época que o conto foi escrito, em que me convenciam que eu precisava crescer (cofcofamelhoramigaemquestãocofcof). Eu fui de me sentir um lixo no meu aniversário porque eu queria um post no Instagram em 2014 pra receber uma mensagem de "hi 4 hours till bday" do amor da minha vida/minha amiga atriz e cantora internacional alguns minutos atrás. Então eu vou continuar sendo insuportável sobre meu aniversário.

No conto, nós partimos para uma conversa seguida de um meet cute, não tão cute, entre o casalzinho apaixonado. Eis às conclusões que eu cheguei sobre essa parte: Eu preciso tomar controle da minha vida amorosa. Quando eu escrevi NY Dream e até alguns anos atrás, eu tinha certeza de que eu nunca confessaria meus sentimentos por alguém e que ia precisar rolar muita boa vontade da outra parte envolvida pra que eu desencalhasse. Ou aconteceria o que acontece no conto: uma intervenção dos meus amigos. Mas nos últimos 3 anos aconteceram duas coisas muito importantes: 1. eu me descobri arromântica e 2. eu confessei meus sentimentos para alguém. Essas duas coisas aconteceram com um ano de diferença, mas impactaram uma à outra não só pelo fato de que ter essa informação sobre mim mesma afeta todos os aspectos da minha vida, mas porque o segundo só aconteceu porque a pessoa em questão disse que tinha um crush em mim, mas isso aconteceu quando eu estava no processo de descobrir o primeiro, então minha resposta foi "obrigada". Ainda entra na lista de coisas mais estúpidas que eu já fiz na vida.

Não houve exatamente um resultado naquela situação. Tudo ainda está incompleto e sem conclusões, mas eu ainda sinto que valeu a pena confessar meus sentimentos nesse caso e ser eu mesma responsável pelos resultados do que eu disse. Eu já tive intervenção dos amigos na minha vida amorosa e já tive pessoas com muito boa vontade me querendo, mas as duas situações deram muito mais errado do que quando eu confessei meus sentimentos. Porque eu fiz isso quando sabia que estava pronta, disposta a enfrentar as consequências. Eu preciso de mais coragem para colocar o meu na reta com mais frequência? Sim. Mas enquanto isso, eu preciso tomar as rédeas da minha própria vida amorosa e não esperar ela acontecer.

Outra lição muito importante dessa cena, é o fato de que eu preciso levar meu trabalho mais a sério. Eu disse que 2021 seria bad bitch Giulia no comando e eu tenho dado o meu melhor para mostrar justamente isso. Mas eu ainda estou trabalhando na parte de não falar do meu trabalho como se não fosse tão importante e nem colocar meus projetos de lado pelos projetos de outras pessoas que eu estou apoiando. Ter lido no conto o trecho:

Toda vez que eu digo que eu trabalho na revista em que sempre sonhei trabalhar, as pessoas tem a ideia errada sobre com o que eu trabalho. Acham que eu sou colunista ou editora, como eu sempre quis, mas na verdade, eu sou assistente da editora chefe. O que me coloca em uma espécie de vida ao estilo "O Diabo Veste Prada" e basicamente classifica minha profissão como "garota do café".

Seguido da informação de que a personagem principal (eu) ajuda em grandes decisões sobre o que sai na revista e que existem boatos de que ela se tornaria editora-chefe (o que não é bem como a hierarquia de uma redação funciona, mas eu tinha 14 anos quando escrevi isso) me deixou furiosa. Jornalismo, escrita e criação é muito mais do que o trabalho glamuroso e simplesmente sentar a bunda e escrever. E às vezes você acaba tendo que dar apoio administrativo como levar documentos ou comprar café pros colegas. Mas isso não quer dizer que o seu trabalho é menos valoroso do que as pessoas que não precisam fazer isso.

No caso da minha pessoa atual, eu trabalho feito uma condenada, todo dia, o dia todo e esse trabalho nem sempre se parece com simplesmente sentar e escrever. Sentar e escrever é talvez 15% do meu trabalho semanal. E é fácil me sentir frustrada com isso ou agir como se a escrita não fosse tão importante quando o resto do processo. É fácil sentir que meu trabalho não é real. Mas ele é, porra. Então acrescenta levar meu trabalho mais a sério (não trabalhando mais, mas me lembrando que o que eu faço é importante) este ano.


Tem outra coisa importante sobre o conto que eu fiquei chocada quando me dei conta, que acontece na antepenúltima cena, quando a personagem principal chega em casa e encontra a amiga histérica: Ela conseguiu um contrato com um produtor em LA. Eu não posso contar o que tá acontecendo no momento que me deixou chocada quando eu me dei conta ,porque é um segredo bem guardado desde setembro. Mas quando a informação for divulgada, eu vou postar esse trecho nos meus stories do Instagram para lembrar vocês.

Mas o que importa de verdade sobre NY Dream é como a existência desse conto mostra que eu cresci e que os sonhos malucos que eu tinha na época se realizaram de uma forma muito maior do que eu podia sonhar. A coisa toda sobre ter 15 anos é que você só tem 15 anos uma vez e eu tenho orgulho de tu... da maior parte das coisas que eu fiz com aquela idade. Oito anos depois, eu nem lembro mais de quem eu era aos 15, mas eu sigo cheia de expectativa sobre tudo que eu serei e farei aos 23 — expectativas mais realistas, não porque eu não sonho mais tão alto, mas porque eu sei quem eu sou agora.

Feliz 2 horas até meu aniversário pra mim,

G.

P.S.: Se você não sabia ainda, amanhã de manhã sai Aqueles Seis Meses, meu primeiro livro em português e inglês no Wattpad. Aqueles Seis Meses é uma versão reescrita e mais impessoal de NY Dream, por isso eu resolvi comemorar meu aniversário de 23 anos assim. Caso você seja bilíngue, recomendo ler as duas versões.