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Este post foi escrito à mão.

São raros os momentos da minha vida adulta em que eu posso dizer, com toda certeza, que está tudo bem. Este momento, porém, é um deles. Mesmo com a insônia que eu tenho narrado no Instagram, crises emocionais pontuais e outros problemas da vida adulta — essas coisas não são nada, próximos a outros momentos e situações que vivi nesses meus 24 anos e meio na Terra.

Eu já disse isso antes e deu tudo errado depois, mas a verdade é que eu tenho bons amigos, um bom emprego e vários dos meus sonhos de vida já foram realizados. Dos sonhos que eu ainda não realizei, sei que estou a caminho de realizar. Eu estou satisfeita, uma sensação que nem sempre me acompanhou. Satisfeita em quase todos os sentidos.

Eu não consigo parar de pensar no que faz da minha vida, a minha vida. Começou no meu meio aniversário, dia 18 de agosto. Eu estava no ônibus, a caminho do aniversário da minha sobrinha, quando bateu a realização: eu faria 25 anos em 6 meses. Foi uma realização tão súbita que eu tentei negociar com o universo: só dia 20 faltariam 182 dias para meu aniversário e todo mundo sabe que metade de 365 é 182,5. Aí dia 20 chegou e foi embora e só me restaram contemplações. 

Sim, minha vida está do jeito que eu quero. Sim em estou trabalhando um constante auto-aperfeiçoamento, encontrando o que me faz feliz e eu me sinto pronta para entrar nessa nova fase da minha vida. A ver o mundo com o córtex pré-frontal completamente desenvolvido. Só que apesar de tudo isso, porque eu me sinto tão sozinha nesse processo (a vida)? 

Eu acho que, sendo justa, ficar solteira por tanto tempo não fazia parte dos planos. É a área onde eu sinto que falhei (comigo mesma, não com expectativas sociais). Assistir ao relacionamento dos outros deixou de me convencer de que prefiro ficar sozinha. Talvez porque a maioria das pessoas comprometidas que um conheço, estejam em relacionamentos maduros e confortáveis. Eu ainda não sonho com o para sempre, mas eu vivo sonhando com o fim de semana que vem.

"Mas Giulia, você não é arromântica?" Sim, E ESTE é o problema. Minhas fantasias românticas sequer têm um rosto. Eu raramente vejo alguém e desenvolvo um crush atualmente. Exceto quando é algo tão passageiro, que some da minha cabeça quando desaparece de vista (vantagens?? do TDAH). E eu ainda me sinto presa a crushes de 2019 (e aos ressentimentos deixados por eles).

E aí vem a parte física da coisa. Eu sobrevivi a uma das fases mais hormonais e inconsequentes da minha vida, sem nunca ter beijado na boca! A Giulia de 12 anos estaria tão decepcionada que a gente viveu outros 12 sem nada. Uma pessoa mais simples que eu simplesmente arranjaria alguém que resolvesse esse problema. Um desconhecido ou algum amigue, mas essas duas opções literalmente me dão dor de barriga. Vocês viram o gráfico, eu me importo demais com meus amigos platonicamente para me interessar dessa forma por eles e um estranho completo? Jesus Cristo.

Também não é só um problema a ser resolvido. Se fosse, eu já tinha sanado a questão há anos. É uma experiência não vivida. Como minha primeira viagem internacional: eu não esperei tanto tempo para não aproveitar ao máximo. E eu sou velha demais para achar que um primeiro beijo é algo mágico, mas será que é muita inocência querer que a primeira pessoa que eu beije também seja a segunda? e terceira? e quarta? Eu quero beijar alguém que eu realmente queira beijar, alguém que eu sonhe em beijar. Alguém que tome conta das minhas fantasias sem rosto sobre sussurros no escuro e entrelaces da cabeça aos pés.

Mas é claro que as pessoas que se encaixam nesses desejos se perderam de mim nos últimos três anos e ninguém mais me interessou do mesmo jeito. Eu gosto de limites e rótulos bem definidos e já entrei em tudo quanto é app de relacionamento. É claro que, como uma mulher bissexual, eu também tenho várias histórias de terror a contar. Sem mencionar o fato de que pessoas neurotípicas não gostam de rótulos bem definidos e o Tinder tá cheio de gente (em sua grande maioria mulheres hétero ou monogâmicas) atrás de amizade, o que me deixa confusa. Eu também estou em uma cidade onde todo mundo se conhece e meus parentes conhecem todo mundo. É a receita para uma nova história de terror. 

Eu sempre quis um amor que fosse tão natural e tão óbvio que, nem uma pessoa tão obtusa ao amor romântico quanto eu, deixaria de perceber. E se você acha que a idade matou essa fantasia, você está completamente enganada, meu amor. Eu nunca estive tão convencida de que mereço o amor que desejo. Talvez porque a cada dia eu vou me amando mais — e eu só amo coisas incríveis. 

Eu provavelmente não vou morrer dessa solidão que é tão física. Até mesmo escrever sobre isso já aliviou essa saudade do que não conheço. Mas depois de ter trabalhado tanto para me tornar tudo que eu queria ser, me mataria diminuir meus padrões por outra pessoa que ainda nem me conhece.

Vou tentar voltar em breve, mas qualquer coisa me achem semanalmente no YouTube
G.

PS.: Normalmente, na coluna "É só uma fase" em falo sobre como eu espero que a minha idade seja e como ela tem sido. Dessa vez, eu quis fazer um documento histórico de como eu me sinto. Em especial, por ser tão diferente de como um me sentia em fevereiro. Espero que tudo bem.