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ATENÇÃO UNIVERSO: FALTA MENOS DE UM MÊS PARA O MEU ANIVERSÁRIO!!!!!!!!! 24 DIAS PARA SER MAIS ESPECÍFICA!!!! Isso não é um treinamento. Eu vou fazer 25 anos no dia 18 de fevereiro. Se você acha que o desenvolvimento do meu córtex frontal me convenceu a deixar de me fazer o centro das atenções no meu aniversário ou nas semanas que o antecedem, achou errado. Tudo que eu estou é mais confiante na minha própria importância. Mas é por um bom motivo.
Mais de um ano atrás, lá em 2021, eu estava tentando arranjar motivos para não me matar quando pensei na chegada eminente dos meus 25 anos. Claro que na época eu ainda precisava completar 24, mas quando a gente sente vontade de ir de Lojas Americanas (isso, Giulia, date seu texto) todos os dias, pensar em 15 meses à frente e ignorar o presente ajuda a distrair, mesmo que não solucione o problema. Por isso, eu comecei a planejar e fazer metas para completar antes dos 25 anos quando ainda tinha 23. Agora que este aniversário finalmente está próximo, eu quero celebrar meus 25 como o fim de uma era e, é claro, o começo de outra. Tudo pela Giulia de 23 que não sabia se chegaria até aqui.
Naquela mesma época, eu procurei listas de livros e filmes para consumir antes dos 25, mas não concordei muito com nenhuma. Quando eu comentei isso no Twitter, me sugeriram fazer a minha própria lista. O resultado dessa sugestão são os próximos três ou quatro posts aqui do blog, que sairão nas próximas semanas! Aproveitem a leitura!
25 LIVROS PARA LER ANTES DOS 25 ANOS
Quando eu era mais nova, eu usava listas como essas como "checklists para viver a vida direito" então preciso avisar: Esta lista foi construída violentamente baseada em gostos pessoais e livros que mudaram minha vida e me formaram até agora. É possível que alguns deles ou até todos não façam seu estilo e não te afetem como me afetaram, porque cada pessoa é uma pessoa. Eu recomendo fazer sua própria lista, se baseando em várias indicações de listas como a minha.
1. Carmilla por Sheridan Le Fanu
Porque ler: Gay
Eu não acho que preciso explicar porque meu livro preferido que eu li 17 vezes está nessa lista. Mas honestamente, Carmilla é o tipo de livro que faz literatura clássica se tornar obsessão. A primeira vampira lésbica da literatura mundial, Carmilla é incrível mesmo 150 anos depois do lançamento. Caso precisem de mais razões para ler, tem um post inteiro sobre isso em "13 motivos para ler Carmilla".
2. O Sétimo Punhal por Victor Giudice
Porque ler: Gay
O Sétimo Punhal é um dos maiores achados de sebo da minha vida. Lá na Bienal do Livro de 2013, eu consegui ele em um stand de troca de livros. Acho inclusive que foi minha mãe que escolheu, porque ela leu primeiro e quase não me deixou ler por causa da forma como o livro termina (spoiler: É GAY). O fato é que eu acabei lendo do mesmo jeito, aos 15 anos, e ele influenciou minha escrita nos anos seguintes e talvez para sempre. O Sétimo Punhal tem uma protagonista sem nome, contando a própria história desde a adolescência no meio do século XX até a morte do marido abusivo, anos depois. Ambientada no bairro de São Cristóvão no Rio de Janeiro, o livro é livro de carnaval, mas também é histórico, místico, caótico, ridículo e gay. Perfeito.
3. Além-Mundos por Scott Westerfeld (Disponível no KindleUnlimited)
Porque ler: Gay, inspirador, revolucionário e caótico
Esse eu indiquei em vídeo no Mês Literário ano passado. Ele é um dos livros que mudou minha vida, facilmente e que eu referencio com frequência. Até hoje eu queria a irmã da Darcy para organizar minha vida financeira. É claro que sendo YA e tendo uma escritora bem sucedida (ou tão bem sucedida quanto pessoas de 18 anos conseguem ser), o livro me causou algumas crises de identidade no começo dos meus 20 anos. Mas é ficção, nada é tão simples assim. E no mínimo, você acaba aprendendo muita coisa sobre a indústria literária dos EUA. Além-Mundos fala disso, a indústria literária e como o processo de publicação funciona, narrando meses do processo de edição de um livro, ao mesmo tempo que você pode ler o livro nos capítulos interpolados.
4. Monsters por Emerald Fennell (Disponível no KindleUnlimited)
Porque ler: Traumatizante de todas as melhores formas
Recentemente, eu estava perturbando uma amiga sobre Bela Vingança e como ela se sentiu sobre ele. Eu sei que é um filme difícil de processar, mas é claro que eu preciso saber a opinião dos meus amigos sobre ele, mesmo que seja diferente da minha. Descobri assim que vários dos meus amigos assistiram ao filme juntos e a conversa em seguida foi para a escrita da Emerald e como a melhor parte da história é que ela quebra todas as expectativas do começo ao fim.
Caso você não tenha visto o vlog de leitura do livro, saiba agora que Monsters faz exatamente a mesma coisa. Talvez não com a mesma maestria, porque tem um período de 6 anos entre a publicação de um (Monsters) e a compleição do outro (Bela Vingança) na qual a escrita dela obviamente se aperfeiçoou. Também estamos falando de temas, funções e mídias diferentes. Monsters é um livro de terror — e terror gótico ainda por cima — e sua função principal é te horrorizar. Você provavelmente vai se horrorizar até consigo mesmo em algum ponto, reagindo às coisas horríveis que acontecem à protagonista. E o final, é sufocante, torturante e frustrante. E brilhante para caralho.
Apesar de uma leitura curta, Monsters me fez pensar tanta coisa sobre escrita criativa que eu precisava indicar nessa lista. Também me fez pensar muito sobre literatura gótica contemporânea e sobre como esse gênero ainda me define. Mas mais sobre isso depois.
5. Vozes por Giulia Santana (Disponível no KindleUnlimited)
Porque ler: Porque qualquer pessoa com o cérebro desenvolvido precisa entender mais sobre assédio
Quebrando expectativa nenhuma, lá vou eu indicar meu próprio livro. Falar de Vozes é diferente, porém, porque eu realmente considero uma leitura importante que eu dei o meu melhor para não deixar tão difícil de ler. Contando a história de 4 mulheres que sofreram assédio sexual em ambiente acadêmico, eu traço um quadro do que vi na faculdade. É um livro que eu tenho orgulho de ter escrito e que fez diferença, da sua própria forma.
Inclusive, eu acho que ter escrito Vozes é o motivo pelo qual eu me sinto tão conectada com Bela Vingança e todas as nuances da história. Bela Vingança é ficção, mas eu sei, por ter trabalhado diretamente com vítimas, que casos de violência sexual em ambiente acadêmico não têm finais felizes. E quão fácil é esquecer um para focar no próximo. Os temas de corporativismo, de homens se protegendo a todo custo e de até mesmo mulheres defendendo a reputação destes homens, chegaram a ser um pouco realistas demais, considerando o que eu vivenciei.
E mais que tudo, eu me identifico com a Cassie. Ela não sofreu a violência, mas alguém que ela amava foi impactada por ela. E então ela fez o que podia, movida por ódio, por frustração, por culpa e por ressentimento. Eu também vi algumas entrevistas com a Emerald falando sobre como a Cassie é escrita como uma pessoa imatura, criando caos porque ela se sente injustiçada. Se essa não era eu nos meus últimos três anos de faculdade, eu não sei quem era.
No fim, eu escolhi escrever Vozes para lutar contra violência sexual na universidade, ao invés de cometer uma série de crimes contra vários abusadores. Mas é por isso que vocês precisam ler o livro. Ainda dá tempo de apelar para os crimes.
6. A Cidade do Sol por Khaled Hosseini
Porque ler: Porque é simplesmente indispensável
A Cidade do Sol é um daqueles livros que eu era jovem demais para ler quando li e precisei reler quando era adulta. Porque o livro simplesmente é devastador, mas é tão tão importante. Os três livros do Khaled Hosseini — que também é autor de O Caçador de Pipas e O Silêncio das Montanhas — são leituras indispensáveis para quem se importa com o mundo e as pessoas que vivem nele. Eles precisam de cuidado durante a leitura, por serem leituras carregadas de situações pesadas, mas são situações que as pessoas estão vivendo até hoje em países em guerra no Oriente Médio.
A Cidade do Sol é o meu preferido dos três livros. Ele conta a história de Mariam e Laila, duas mulheres de idades bem diferentes, mas que são unidas por trajetórias relativamente parecidas que se tornam aliadas em momentos de vulnerabilidade. Preparem a caixinha de lenços. Ou uma toalha logo.
7. Noite de Reis por William Shakespeare (Disponível no KindleUnlimited)
Porque ler: Gay
O único livro que eu li em 2020, Noite de Reis foi um daqueles livros que eu esbarrei sem querer, enquanto lia sobre outra coisa e acabei resolvendo começar a ler imediatamente. Claro que eu já tinha ouvido falar nele antes disso, é o livro que inspirou o filme Ela é o Cara com a Amanda Bynes, e já tinha sido mencionado em outros livros que eu li, mas eu não tinha noção de quão caoticamente gay essa peça é, até aquele fatídico dia em 2020.
Ele é tão bom que acabou me fazendo realmente gostar de Shakespeare, mais do que somente respeitar. Antes disso, minha peça preferida era Othello, que eu li aos 12 anos, mas as duas que eu li em seguida, Hamlet e Ricardo III, me deixaram meio decepcionada. Noite de Reis resolveu o problema rapidinho.
8. Noite Na Taverna por Alvares de Azevedo
Porque ler: Porque é formativo para a pessoa brasileira
Eu acredito que existem dois tipos de pessoa neste país: As que aprenderam sobre necrofilia de uma forma relativamente normal (em um filme, um documentário ou uma leitura técnica) e as pessoas que aprenderam sobre necrofilia em uma aula sobre ultrarromantismo no ensino médio. Uma vez que a ideia de pessoas que se sentem atraídas por cadáveres entra na sua cabeça, você nunca mais é a mesma pessoa.
Álvares de Azevedo foi o autor que me ensinou sobre necrofilia e eu acho até engraçado o fato de Noite na Taverna ter sido publicado postumamente. Dramático, como tudo relacionado ao ultrarromantismo, eu creio que este livro é leitura essencial para qualquer brasileiro que tenha entre seus livros preferidos Drácula e Frankenstein ou O Morro dos Ventos Uivantes e O Castelo de Otranto.
Este livro também é, na minha humilde opinião, o maior exponente de literatura gótica clássica nacional. E eu era tão obcecada por literatura gótica na minha adolescência que eu tinha certeza absoluta de que não viveria até meus 21 anos, assim como a maioria dos escritores ultrarromânticos brasileiros. Para a surpresa de todos, eu estou chegando aos 25, relativamente bem de saúde e com uma escritora gótica contemporânea preferida nova para chamar de minha.
9. Assassinato no Expresso do Oriente por Agatha Christie
Porque ler: É o melhor livro de Agatha Christie
Não, eu não li todos, mas a verdade é que se eu lesse qualquer livro de Agatha Christie hoje eu não o receberia com a mesma surpresa, admiração e inocência de quando eu li Assassinato no Expresso do Oriente. Então, se você tem menos de 25 anos, leia agora. É exatamente o livro que te faz entender porque ela é a Dama do Crime. E não, não assista ao filme achando que é suficiente. O livro, para a surpresa de ninguém, é muito melhor.
10. A Casa da Madrinha por Lygia Bonjuga
Porque ler: Foi meu primeiro livro preferido
Eu tinha no mínimo 6 anos e no máximo 9 quando li este livro pela primeira vez, mas volta e meia eu ainda sonho com ele. Ele fala sobre um menino, Alexandre, que precisa abandonar os estudos para ajudar a família em casa, trabalhando. Alexandre ouviu do irmão mais velho sobre a "Casa da Madrinha" que ficava no campo, seguindo uma mesma estrada e andando sempre para a frente. Quando a vida do trabalho e a situação em casa pioram, Alexandre foge, procurando a Casa da Madrinha, andando sempre em frente. A história fica fantástica a partir daí, o que inclui um Pavão falante com história difícil e muita imaginação da parte de Alexandre.
Eu tenho um amor tão grande por este livro. Um dos que me formou leitora quando eu era pequenininha, porque minha avó tinha em casa. Ele fez parte do PNLD (Programa Nacional do Livro e do Material Didático) Literário no começo dos anos 2000 e quando a escola onde minha avó era diretora fechou, ela ficou com os livros. Eu seria uma pessoa diferente se não tivesse esse tipo de literatura em fácil acesso quando era criança. Eu fico pensando como o resto do mundo seria se tivesse sido exposto aos mesmos textos.
11. A princesa salva a si mesma neste livro por Amanda Lovelace (Disponível no KindleUnlimited)
Porque ler: Temas importantes
Eu não quero entrar em discurso sobre poesia contemporânea. É realmente uma questão de gosto. Mas se você gosta de versos curtos e impactantes cujos socos você vai sentir uma semana depois da leitura, eu recomendo. A princesa salva a si mesma neste livro fala, em versos curtos, sobre abuso sexual, violência doméstica, transtornos alimentares, estresse pós-traumático e outros transtornos psicológicos, enquanto cria uma narrativa onde a salvação está nas mãos da própria eu lírica. É uma leitura poderosa.
12. Oryx e Crake por Margaret Atwood
Porque ler: O Conto da Aia, mas sobre veganismo e ética científica
Não que eu tenha lido O Conto da Aia. Meu primeiro contato com a Margaret foi com Oryx e Crake e me surpreendeu o quanto algumas coisas que ela escreveu começaram a acontecer nos últimos anos. Nada legal. Oryx & Crake é uma narrativa em retrospectiva do último ser humano na Terra, contando para as novas criaturas que habitam o planeta sobre como eles começaram a existir. Perturbador e interessante.
13. Colorblind por Siera Maley (Disponível no KindleUnlimited)
Porque ler: Gay
Eu NUNCA vou esquecer a sensação de terminar Colorblind e GRITAR o que acontece no final por duas horas. Siera Maley é uma autora de romance e um dos fundamentos do romance é que a história termina com um final feliz. A bio dela do Twitter também diz que ela acredita em finais felizes para lésbicas. Então, você pode ter certeza de que todos os livros dela tem finais felizes. O problema com Colorblind é: COMO???
Neste livro, Harper consegue enxergar, na testa das pessoas, a idade com a qual elas vão morrer. Ela não sabe de onde vem esse poder, mas o número é inevitável e sempre está certo. O problema chega quando ela conhece Chloe, por quem ela se apaixona, que tem o número 16 na testa e cujo aniversário de 16 anos se aproxima rapidamente. Como você tira um final feliz dessa trama?? Vocês terão que ler pra descobrir
14. Eu Estou Feliz Que Minha Mãe Morreu por Jennette McCurdy (Mas eu recomendo ler em inglês)
Porque ler: Pra sair um pouco da zona de conforto
É isso que Eu Estou Feliz Que Minha Mãe Morreu faz: Te deixa desconfortável. E as pessoas precisam ficar desconfortáveis com mais frequência. Conforto raramente gera mudança, seja em nível pessoal ou social. Então, quanto mais pessoas lerem este livro, melhor.
Só recomendo ler em inglês, se possível, porque eu conferi a tradução e ela não respeitou a escrita incrível da Jennette, mas nem fodendo. Uma gigantesca decepção.
15. O Morro dos Ventos Uivantes por Emily Brontë
Porque ler: Porque você não deveria ter medo de livros clássicos ANTES de ler eles
Se você me perguntasse o que eu queria ser aos 15 anos, eu provavelmente diria "Uma irmã Brontë". Escrever livros que revolucionaram a literatura e depois morrer de tuberculose? Um ótimo plano de vida, na época.
O Morro dos Ventos Uivantes é um clássico por vários motivos. Pessoalmente, o que me atrai na narrativa do livro é a obsessão doentia dos personagens principais um pelo outro ao mesmo tempo que eles são as piores pessoas do mundo um para o outro. A forma revolucionária com a qual a Emily Brontë criou este trope fez com que eu soubesse exatamente como Babilônia ia acabar quando assisti ao filme no sábado.
E de acordo com Charlotte Brontë, Emily inventou as almas gêmeas encapetadas com a Catherine e o Heathcliff somente observando pessoas e suas ações. A Charlotte disse que Emily "podia ouvir sobre [as pessoas que a cercavam] com interesse, e falar deles com detalhes (...); porém, com eles, raramente trocou uma palavra". Como uma autora que escreve romance sem nunca ter estado em um relacionamento, violentamente influenciada pelos casais ao meu redor: She's just like me for real.
Então sim, você precisa ler O Morro dos Ventos Uivantes. Não porque ler clássicos é obrigatório, mas porque não tem motivo para não querer ler um clássico quando a autora é foda desse jeito.
16. Jane Eyre por Charlotte Brontë
Porque ler: Mesma razão
Existe uma quantidade de livros considerável do século XIX que são basicamente "menina órfã e pobre atinge a maioridade e precisa enfrentar o mundo real" e como isso funcionava naquela época. Todos eles valem a pena ler. É possível que essa opinião seja pessoal e justificada pelo fato de que eu sou uma menina órfã e pobre enfrentando a vida real? Sim, é possível, mas eu ainda acho que vale a pena. Jane Eyre vai mais longe com aspectos assustadores e imaginativos que só uma irmã Brontë pensaria em fazer.
17. Drácula por Bram Stoker
Porque ler: O homem criou uma revolução, okay?
Drácula não é o melhor livro de vampiros de todos os tempos. Não é o primeiro livro de vampiros que já existiu. Não é sequer o livro de vampiros mais original que já existiu. Mas quando a lenda irlandesa Abraham Stoker sentou para escrever este livro, ele jogou alguma coisa nele que acabou revolucionando a literatura para sempre. Drácula é o ponto de partida de muitos dos melhores livros, melhores filmes, melhores HQs, melhores animações e até melhores fanfics de vampiros da história do mundo. E eu sinto que é importante conhecer o original para entender o que veio depois.
18. A Hospedeira por Stephenie Meyer
Porque ler: Porque todo mundo precisa ler o melhor livro da Stephenie Meyer
Eu li este livro 12 anos atrás (aqui vai uma resenha que eu escrevi com 13 anos) e eu ainda penso nele constantemente. Crepúsculo tem seus problemas e seus pontos positivos, mas A Hospedeira é o livro que quase todo mundo que leu concorda ser o melhor da autora. Eu não sei o que ela tinha quando escreveu e não sei porque ela não continuou escrevendo livros como ele, mas aqui estamos. É bem possível que se eu fosse reler ele (de novo), eu fosse encontrar vários problemas, mas como alguém que cresceu nos anos 2000, é indispensável conhecer este lado da escrita da Stephenie também.
19. Keeping Long Island por Courtney Peppernell (Disponível no KindleUnlimited)
Porque ler: Boa representatividade e descrição de transtornos psicológicos. Ah, e GAY.
Keeping Long Island é simplesmente um daqueles livros. Eu li por ser LGBTQIAP+ e acabei vidrada por quão real ele é. Eu nunca tinha visto uma protagonista tão boa em monólogo interno fodido quanto a Kayden (talvez até a protagonista de Monsters, mas ela é um tipo diferente de fodido). O livro é um diário, de uma menina no último ano de faculdade, o que faz dela uma protagonista mais velha do que as que eu lia quando li o livro, em 2017. Foi mais fácil de me identificar e aprender (tanto sobre narrativa com o texto da autora, quanto aprender as lições de vida que a Kayden aprende no livro) por causa da proximidade de idade. É o livro ideal para quem tá chegando aos 20 e poucos anos.
20. Razão e Sensibilidade por Jane Austen
Porque ler: Porque não dá pra parar em Orgulho e Preconceito né, gatos?
Minha coisa preferida sobre Razão e Sensibilidade definitivamente não é o romance, mas os relacionamentos platônicos dentro da história. Mas se você gosta de romance, tem ele ali também. O livro é um companheiro perfeito para quem gostou de O&P e meu Austen favorito, pelo menos entre os que eu li. E assistam ao filme também!!
21. O Teorema Katherine por John Green
Porque ler: Para entender minhas referências
De todos os John Greens que eu li, O Teorema Katherine se destaca por ter o protagonista que mais se parece comigo. Ou com quem eu era quando era adolescente (sim, podem ficar horrorizados). É o melhor livro dele? Claro que não. Mas ele é importante para me entender. Eu me identifiquei imediatamente (honestamente, isso deveria ter sido um sinal grande de neurodivergência em mim, mas eu tava sem psicóloga na época) e até hoje existem coisas sobre mim que eu só consigo explicar referenciando este livro. E é complicado porque muita gente não leu este livro. Então, leiam o livro.
22. A Hora das Bruxas por Anne Rice
Porque ler: Gay e traumatizante e formativo
Agora que a série das Bruxas Mayfair acabou de sair, eu vou obrigar vocês a lerem os livros também. Porque esses livros mudaram a minha vida. Eles têm TUDO (menos um final bom). Esse livro é o motivo de eu ter escolhido o nome que escolhi para o meu futuro rebento (mesmo que agora tenha outro 392 motivos junto). O que eu preciso avisar é que eu não recomendo a leitura para pessoas que têm a idade que eu tinha quando li (15 anos) porque vai faltar alguma coisa. Se eu tivesse lido com 18, não só eu teria aproveitado muito mais e sido mais crítica de algumas partes, eu teria tirado um proveito muito maior da inspiração que o texto me trouxe.
23. A Sangue Frio por Truman Capote
Porque ler: Crimes??? reais???
O melhor livro que eu li na faculdade (e o primeiro audiolivro que me fez perceber que eu gosto de audiolivros), A Sangue Frio é um livro de true crime sem muita ênfase na parte do true. Ele conta a história de um crime que aconteceu, mas ele é narrado como um livro de ficção e você sabe que não dá pra ter acontecido como é descrito porque o escritor não tava lá. Mas enquanto a gente lê, não importa. É quase um episódio de CSI. É importante entender, APENAS, que outros livros sobre crimes e livros jornalísticos não são escritos da mesma forma e não deveriam ser. O que Capote fez foi icônico? Foi. Mas foi ético? Nem tanto. Nem mesmo que você assista um vídeo e o descreva em texto o que aconteceu, você tem como descrever os pensamentos e os sentimentos dos personagens. E Capote dependeu de documentações que não são tão realistas quanto um vídeo, então a realidade está ainda mais distante.
Ainda assim é uma leitura importante, em especial para escritores e jornalistas. Este livro influenciou e impactou minha escrita de várias formas, mas se eu for explicar como eu escrevi mais de um familícidio por influência de Truman Capote, eu entro em uma lista do FBI. Em resumo: leia A Sangue Frio. Porque vale a pena. Só não seja inocente sobre ele.
24. Meninos Sem Pátria por Luiz Puntel
Porque ler: Porque 25 anos é velho demais para não entender o que foi a ditadura
Eu tinha 10 anos quando eu li este livro pela primeira vez e ele é um livro infantil, que faz parte da Série VagaLume. E ele é sobre a ditadura militar no Brasil, sobre exílio, sobre censura a jornalistas e sobre anistia. Tudo do ponto de vista de uma criança, Marcão, filho do jornalista perseguido, que precisou fugir com o pai, a mãe grávida e os irmãos primeiro no Chile e depois na França. O livro é inspirado na história real do jornalista mineiro José Maria Rabêlo.
Por ANOS, este foi meu livro preferido e talvez tenha até sido o livro que me fez decidir fazer jornalismo. E aprender a falar francês. É incrivelmente frustrante pensar que eu li este livro com 10 anos, porque achei na casa de familiares e estes mesmos familiares negam que a ditatura militar no Brasil foi tão grave. Ou que houve perseguição a jornalistas. A frase que a mãe de Marcão diz em dois pontos do livro "Eu estou grávida, não doente" também nunca saiu da minha cabeça e sempre é associada ao livro quando eu ouço.
Todo mundo deveria ler Meninos Sem Pátria e mesmo que eu saiba que em 2023, várias pessoas não vão gostar dele, eu ainda acho importante ler. E eu fico feliz por ter crescido lendo livros como ele.
Porque ler: Mesma razão de ler A Hospedeira
Nos primeiros anos dos anos 2010, Alyson Noël foi minha Stephenie Meyer. A minha Veronica Roth. A minha Suzanne Collins. Basicamente, pense em qualquer série de livros YA escrita por mulheres que eram populares no começo dos anos 2010: eu provavelmente estava pegando elas emprestadas e usando o dinheiro da minha mãe para comprar todos os livros da Alyson Noël. E eu ainda tenho todos os livros dela publicados no Brasil e The Soul Seekers como série de fantasia preferida (apesar de provavelmente substituir ela em breve por The Five Crowns of Okrith). Daire Santos? Maior crush literário de todos os tempos. Meu gay awakening.
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