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Acho que não tem como ser mais óbvio que este post está saindo duas semanas depois da data que eu planejei que ele saísse. E isso é depois de meses tentando escrever e sem conseguir. Mas vamo lá: eu comecei a escrever este post sentada em um puff, no chão, durante a Bienal do Livro Bahia 2024. Era o quarto dia de evento e o meu terceiro dia por lá, dia 29 de abril. Desde o primeiro dia, eu fiquei levando meu tablet, teclado e mouse para tentar tirar um momento para escrever, como eu fiz na Bienal de 2022. Escrever cercada de livros, em um evento cheio de amantes de livros me fez bem na época e eu tinha certeza de que ia me fazer bem este ano. Nos dois primeiros dias, sábado e domingo, a quantidade de gente no espaço e as mudanças da dinâmica do evento tornaram impossível escrever uma palavra que fosse. Mas na segunda-feira, finalmente consegui, só não foi do jeito que eu pensava que seria.

O impulso escrever surgiu de uma forma dolorosa: eu estava em um dos estandes de uma livraria, um dos meus preferidos na última edição e fui, aos poucos, ficando triste quando percebi que nenhum livro me animava muito. O pico de tristeza veio quando eu achei um livro chamado Escrever sem medo  e ele foi o primeiro a me chamar atenção de verdade. Um guia de escrita para quem escreve qualquer tipo de texto, o título pareceu partir meu coração no meio, porque uma grande parte do que me paralisa é o medo. O tema de escrita criativa também me fez pensar sobre como eu ainda não publiquei sequer uma aula de escrita criativa este ano, como meus planos literários para 2024 estão na gaveta e como fazia meses — MESES — que eu não conseguia escrever nada de verdade.

Então, eu resolvi tentar escrever. Alguma coisa. Escrever este resumo fez sentido, porque me dava espaço para desabafar sobre o que eu estava sentido e dar alguma coisa real para quem estava lendo. O título começou como "Viva, mas a que custo", um lembrete para os leitores que apesar do meu desaparecimento, eu estou viva, mas não está sendo fácil. Eventualmente, mudei para "Estou viva, sim, até demais" pensando sobre como esses sentimentos fazem parte da vida e até a própria dor é um lembrete de que estou viva. E também porque nas duas semanas desde aquele dia, meus sentimentos mudaram e minha energia mudou.

Escrever ainda está difícil. A maior prova sendo que eu levei outras duas semanas para terminar o post que eu comecei no dia 29 de abril. Eu levei uma semana para editar a primeira parte do vlog da Bienal por causa da quantidade de vídeos gravados e quando terminei, me dei conta de que eu queria liberar o vídeo junto com esse post. O que deixou o vídeo pronto, editado e preparado para a publicação, mas guardado como rascunho por outros 6 dias. Uma semana tentando escrever e sendo impedida por coisas reais — trabalho, exaustão causada pelo trabalho, outros compromissos com pessoas importantes — e por coisas completamente abstratas — medo, falta de foco, ansiedade, tristeza sobre a situação geral do mundo. Até eu finalmente começar a me sentir um pouquinho mais confiante, decidida e corajosa — hoje de manhã.

Então, finalmente, o post está aqui. Ele, e o vlog da Bienal que eu coloquei aqui embaixo. Eu não posso prometer nada além disso aqui. Mas eu vou contar para vocês o que aconteceu e o que eu tenho feito. E apesar de escrever ser impossível, eu continuo fazendo o impossível para atualizar o YouTube. Espero que isso seja o suficiente.


O RUIM E O BOM
Vou conversar com um pouco de contexto sobre a minha vida no momento. No dia que eu viajei para a Bienal — que eu documentei todinho no YouTube — eu parei por um momento e pensei "Uau, hoje é o primeiro dia deste ano que eu estou me sentindo fisicamente bem". Coisas como dor de estômago, dificuldade para respirar, desânimo, aumento de frequência das minhas enxaquecas e dores, que nunca passavam, em várias partes do corpo se tornaram demônios contra os quais eu lutava todos os dias. Essas coisas me deixavam preocupada, mas pior de tudo eu me culpava por me sentir assim. Por não cuidar de mim mesma e não conseguir fazer as coisas que eu conseguia fazer. Foi só quando eu resolvi voltar para a terapia, no começo de abril que eu comecei a me dar conta do absurdo da situação que eu vivi nesses meses.

2024 começou com questões burocráticas no trabalho que me fizeram ficar mais de 50 dias sem salário. E depois de receber o primeiro salario do ano, foram outros 40 dias. Nesse meio tempo, não consegui pegar freelas e os valores extras, como o que eu ganho com criação de conteúdo, eram convertidos em comida da semana. Isso fez com que eu precisasse interromper uma parte da minha medicação, incluindo o tratamento para o estômago e o remédio do TDAH. Interromper tratamento com psicotrópicos não é recomendado e causa diversos efeitos colaterais. Além disso, ano passado eu fui diagnosticada com gastrite e esofagite e interromper o tratamento do estômago pela metade explica 90% dos meus sintomas físicos.

Mas vocês vão perceber aqui que eu disse que percebi isso no começo de abril, quando voltei para a terapia. Antes disso, eu passei meses só tentando me forçar a existir apesar dessas sensações, lutar contra elas me sentindo e me forçar a ser produtiva e "normal". E ninguém é melhor que eu mesma em me punir. Ninguém nunca vai conseguir ser tão cruel comigo quanto eu sou.

Então, todo mês que passava sem uma palavra escrita era mais uma forma de me convencer de que eu não sou uma escritora de verdade. De que eu não sou nada de verdade, porque até o que eu sei fazer, no trabalho que eu faço para sobreviver, eu não estava gostando de fazer. E o que eu gosto de fazer, eu não conseguia fazer. E quando eu tinha energia para fazer algo, eu acabava sempre escolhendo o que eu não gosto de fazer, ou ficava esperando o que eu não gosto de fazer chegar, checando grupos de WhatsApp obsessivamente, em uma onda infinita de ansiedade e autoflagelamento. 

Eu falei sobre no vlog do YouTube, mas enquanto eu estava sem medicação do TDAH, a sensação que eu tinha era de que eu nunca ia conseguir voltar a escrever. Começar algo novo é um desafio para quem tem esse transtorno e é um dos que mais me paralisa. Naquele momento, escrever parecia impossível. E na época, eu me culpava por estar dando poder demais ao remédio, mas hoje eu percebo que isso tudo foi simplesmente uma tentativa de sobreviver. Dizer a mim mesma que eu não conseguia escrever até estar medicada de novo tirava um peso de mim. Era uma batalha a menos que eu precisava lutar. E funcionou.

Quando eu voltei para a terapia, foi pensando em evitar uma piora, uma crise de verdade. Mas o que me recebeu na sessão foi uma compreensão maior da intensidade do que eu estava vivendo. E em certo nível ainda estou. Eu ainda estou processando e sentindo coisas novas e mudando perspectivas. Ainda tem muita coisa que eu nem quero compartilhar. Mas isso eu queria, porque eu quero ser justa comigo mesma.

O QUE EU TENHO APRONTADO
Sendo justa, meus dias têm sido preenchido por mais que somente terror existencial e transtornos emocionais. Algumas coisas que eu fiz nesses últimos meses são óbvias, como o corte de cabelo que eu fiz no meu aniversário e que também resultou em um vlog. Mas tem outras que eu não registrei ou falei por cima, seja por não ter como ou porque não fazia sentido registra. Tem uns easter eggs no gif de capa desse post e é sobre eles que eu quero falar.

No começo de fevereiro eu comprei uma airfryer usada por R$150 divida em 2 vezes, de uma amiga que estava se mudando e a fritadeira se tornou minha melhor amiga desde então. Qualquer comida que seja possível fazer na airfryer, eu vou fazer na airfryer. O resultado, é que eu fiquei viciada em fazer rabanada na airfryer em fevereiro e no começo de março. Ovos se tornaram minha comida principal o dia inteiro. Quando eu queria algo doce, rabanada. Quando eu queria algo salgado, arroz com ovo frito. Ficou repetitivo depois de um tempo, mas até hoje ovo é a comida de segurança porque é barato e preenche o estômago. Por exemplo, quase sempre que eu retiro R$1,50 do Kwai é para comprar 2 ovos no mercado da frente de casa.

Foi assistindo vídeos sobre airfryers na internet que eu achei minha mais recente obsessão culinária: doce de leite. No caso, foi aquela receita maluca e falsa que envolvia colocar uma lata de leite condensado na airfryer, o que eu obviamente não fiz, porque eu não sou maluca. Mas o vídeo me deu vontade de fazer doce de leite e uma pesquisa rápida me fez perceber que doce de leite é literalmente leite e açúcar. Então eu comecei a fazer doce de leite, em diversas quantidades e diversas consistências (de duro a cremoso), quase sempre que tem leite e açúcar em casa. Não na airfryer, só para ficar claro, nas panelas (que são surpreendentemente fáceis de lavar depois porque o doce de leite derrete todo na água). Em uma dessas situações eu acabei queimando a perna da minha irmã enquanto transferia o doce de leite de um recipiente para o outro e agora ela está traumatizada. Mas eu não consigo parar. Me sugiram mais receitas simples que eu posso fazer quando não tem quase nada em casa!!

Saindo do tema comida, minha outra obsessão é preocupante e a maioria das pessoas nem quer ouvir falar sobre, então vocês vão ter que ouvir: vídeos sobre desastres de avião. Começou ano passado quando eu estava em São Paulo, parou quando eu voltei de viagem e voltou com tudo alguns meses depois. A subseção de canais do YouTube de pilotos que fazem vídeos de 40 minutos sobre aviões que caíram e as investigações subsequentes têm dominado meus dias. O pior é que quanto mais sombrio está meu humor, mais eu sinto vontade de assistir vários vídeos do tipo, piorando bastante a situação. Sendo justa, existe uma questão didática nisso: Eu prefiro vídeos de pilotos porque eles explicam exatamente o que levou o acidente a acontecer, o que me faz entender melhor o que impede um avião de cair quando eu entro nele. E aviões possuem TANTOS elementos de segurança que as chances de um acidente acontecer são muito menores do que os de eu morrer atravessando a rua. Uma conclusão que eu cheguei também é de que 90% dos acidentes (estimativa minha) são causados por pura avareza das empresas que constroem os aviões, das companhias aéreas e até dos aeroportos. Como sempre, culpa do capitalismo.

A última coisa que eu ando aprontando é a mais saudável da lista, apesar de ter me feito ir dormir 2 da manhã dois dias seguidos na última semana: Stardew Valley. Vocês viram no YouTube que eu comecei a jogar ano passado e joguei mais de 200 horas em dois meses. Depois disso eu espacei um pouco focando em outras coisas, mas jogando quando dava vontade. Foi o aniversário do jogo, uma promoção e o lançamento da versão 1.6 para PC que fez todo mundo começar a falar do jogo, ou começar a jogar pela primeira vez, que me fez voltar a jogar também. Hoje, 13 de maio, eu estou com quase 500 horas jogadas e faltam somente 2 coisas para que eu chegue a 100% do jogo. Como eu jogo mobile pelo tablet, eu estou na versão 1.5 ainda, então quando eu completar, vou ficar esperando a versão 1.6 sair para mobile. Eu tinha começado uma fazenda no PC com o Xbox PC Game Pass, mas aí meu teste grátis acabou e ela foi abandonada. Pensei, porém, em começar uma fazenda nova no PC só para fazer stream no YouTube. O que vocês acham? Comentem aí

BOOK FRIDAY E MAIS TORMENTA DE GRAÇA
Vamos falar de coisas de trabalho agora? Se você aguentou este post até agora, chegamos na parte interessante. Nesta quinta, 16, às 18h começa a BookFriday Amazon. É a edição de 10 anos e a Amazon está prometendo muito! Não sei se vão cumprir, mas sei que já comecei um sorteio lá no Twitter @giulialojinha cujo resultado sai no primeiro dia de BookFriday. A ideia é reinvestir o dinheiro que já vou receber da Amazon nesse sorteio (para quem não sabe, o @giulialojinha é o Twitter onde eu posto ofertas com meus links de afiliado e sorteios assim ajudam a conta a ter mais visibilidade, aumentando o número de compras através do meu link). 

Vocês podem participar do sorteio clicando neste link aqui e aproveitar as ofertas e me apoiar ao mesmo tempo neste link aqui. Além disso, a partir do próprio dia 16, meu conto Tormenta vai ficar completamente de graça no Kindle, comemorando também o Dia Mundial da Luta contra a LGBTfobia no dia 17. Não deixem de aproveitar!


FISCALIZAÇÃO LETTERBOXD E O RETORNO DOS THUNDERMANS
Este tópico é só promessas. Em fevereiro, eu lancei 4 vídeos de uma vez no YouTube sobre o app Letterboxd, esses da playlist acima, e eles têm sido os vídeos mais populares do ano por lá. Eu prometi que ia fazer mais vídeos e também que ia fazer um post por aqui, escrito para quem não gosta de tutorial em vídeo. Eu só queria dizer que eu ainda vou fazer essas coisas. Lembrando do que eu falei no começo do ano, não importa quanto tempo leve, eu não quero abrir mão das coisas que eu tinha planejado fazer.

O mesmo vale para o meu videoensaio de The Thundermans Return, ou O Retorno dos Thundermans, o filme spin-off da minha série preferida entre 2015 e 2018. Eu prometi que seriam 3 vídeos no YouTube e fiz 2 até agora: um react do meu episódio preferido depois de 5 anos e um vídeo resumindo tudo sobre o filme. O terceiro vídeo, a resenha mais completa e profunda do filme, com spoilers, pode até não ter saído ainda, mas vai sair. Nem que seja a última coisa que eu faça nessa vida!! (Nessa mesma nota, a parte 2 do post da minha viagem do ano passado também vai sair. Mesmo fazendo 6 meses. Eu sou persistente.)

OS 24 LIVROS QUE ME TIRARAM DA FOSSA
Para encerrar, um agradecimento. 20 dias atrás, eu liberei um post que me ajudou a ir desse período transicional de não conseguir escrever, para conseguir escrever algo. A lista de 24 livros (nacionais e independentes) para ler em 2024 foi uma ideia aleatória que eu tive, de renovar um post que fiz em 2022. Escolhi justamente por ser simples e fácil de fazer e por me ajudar a me reconectar com a comunidade literária em um momento que eu precisava. Acho que sem aquele post, este aqui não existia. Então muito obrigada a todo mundo que contribuiu para ele existir.

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E é isso! Obrigada por aguentarem até aqui. Não esqueçam de assistir a primeira parte do vlog da Bienal. A segunda parte chega esta semana ainda (com fé em Deus).
Até o próximo,
G.