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Eu sou uma pessoa particularmente positiva. Realista, claro, mas positiva. Eu sempre tento encontrar o lado positivo independente de quão escondido ele esteja. Este ano, por exemplo, mesmo quando eu fiz um vídeo sobre quão difíceis as coisas estavam, eu falei sobre como este foi o ano em que eu "mais aprendi sobre mídias sociais". E esse positivismo complexo está presente em todo meu conteúdo e especialmente na minha escrita: eu escolhi um final feliz para A Linha de Rumo (isso NÃO é spoiler, o livro saiu tem 6 anos) porque coisas ruins estavam acontecendo na vida real; eu tenho uma regra geral de não fazer resenhas sobre obras que eu não gosto e, mais relevantemente, minhas retrospectivas escritas aqui no blog são frequentemente tentativas de, com o perdão da linguagem, catar ouro na merda. O exemplo mais óbvio é a Retrospectiva 2020 chamada de "Mais uma lista com partes de 2020 que não foram tão ruins assim" (que na verdade foi ao ar no dia 05/01/21 porque meu tio morreu no dia 31/12/2020). Eu preciso dizer mais alguma coisa? Todo esse positivismo é um mecanismo de defensa. Ou melhor, de sobrevivência.
A razão pela qual eu estou escrevendo essa retrospectiva de outra perspectiva e falando sobre as coisas deprimentes é boa! Eu finalmente não me sinto mais em modo de sobrevivência. Os últimos dois meses foram ótimos e em especial no último mês, que criou uma base sólida pro meu futuro. Eu sinto que posso ficar triste, com raiva e até me pressionar sem medo de quebrar. Eu finalmente estou crescendo e avançando, mas para continuar esse processo eu preciso me permitir sentir o que eu estava evitando. Eu preciso viver o luto e enterrar algumas coisas para conseguir florescer. E é um processo de luto: luto pelo livro que eu não publiquei este ano, pelas oportunidades que eu não pude aceitar, pelas ideias que me disseram que não mereciam se tornar realidade, pela energia que desperdicei em coisas que eu sabia que dariam errado e por todos os planos que eu tinha para 2024 que poderiam ter sido realizados se as coisas fossem diferentes.
Eu também comecei só agora a processar o trauma que eu vivi em 2024. E de novo, sim, foram traumas. Repito isso porque até eu só percebi quão traumatizada estava quando passei por situações semelhantes e me encolhi, esperando o mesmo baque anterior. Quando se trata do físico, quer você precise de pontos ou de uma cirurgia, tudo é trauma. No emocional, parece que a gente se sente mal em chamar de trauma algo se não for extremamente violento. Mas toda memória que faz com que meu estômago revire e eu comece a duvidar de mim mesma é um trauma. Uma ferida que eu preciso curar. E como o sistema imunológico não cura feridas emocionais, a forma que eu encontrei de deixar meu corpo agir para eliminar essas dores é falar sobre o que aconteceu.
Não que eu vá dar detalhes de tudo que aconteceu ou contar de forma cronológica. Tudo que eu vivi envolve pessoas e sistemas que não merecem nenhum espaço na minha vida e não merecem nenhum espaço no meu blog. Além disso, este texto não é sobre eles, é sobre mim. Porque eis uma verdade: muitas vezes as pessoas tem um motivo para fazer "algo ruim" contra você. Às vezes são seus próprios traumas e suas próprias ansiedades. Mas você não precisa perdoar nos outros o que eles não perdoam em si mesmos. A jornada com a qual eu preciso me preocupar nessa vida é a minha. E sim, é sempre engraçado quando alguém que fez merda com você se lasca lá na frente, mas eu não vou gastar meu tempo desejando coisas ruins para os outros quando tem tanta coisa boa que eu ainda quero pra mim. Eu me recuso a dar a pessoas que não merecem, meu tempo, minha energia e espaço na minha história. Eu não posso controlar o que acontece comigo, mas eu posso controlar o que eu levo comigo para o futuro.
Então vamos focar no que importa: eu. Giulia Santana. Toda essa experiência me tornou mais consciente das minhas próprias ações, mais consciente de mim mesma. Me ensinou a não deixar que outros afetem minha própria noção de quem eu sou. E não que tenha sido fácil. Exemplo: você já esteve em uma situação em que uma fofoca sobre você rodou tanto que voltou para você e te fez questionar sua própria memória sobre o que aconteceu? É o momento perfeito para lembrar que as mesmas pessoas que fizeram a fofoca já falaram sobre outras pessoas na sua frente. E então você começa a lutar por você mesma. Eu acho que é por isso que eu me sinto tão machucada — foram muitas batalhas por mim mesma em um ano só. Pelo menos eu sou alguém por quem vale a pena lutar.
Uma coisa que eu percebi este ano também é que eu sou permissiva e compreensiva demais. Não da forma como algumas pessoas me acusaram de ser, só pela forma como eu crio justificativas para as ações dos outros antes que eles mesmos pensem nisso. Isso é em partes culpa da terapia, para a qual eu inclusive voltei em março. Eu estou tão ciente das minhas próprias ações que às vezes eu projeto, desejando que as pessoas também tenham essa consciência de si. E isso acaba fazendo com que eu seja passada para trás vezes demais. Mas ironicamente, este ano também me fez mais tolerante, menos absolutista. Eu vi na prática que pessoas ruins não são ruins o tempo inteiro e que todo mundo tem a capacidade de bem e de mal dentro de si. Eu sei, isso é básico e óbvio, mas eu percebi isso no sentido de que às vezes a gente precisa agarrar a bondade que pessoas ruins jogam na nossa direção também, especialmente quando elas servem ao nosso propósito. Mas eu acho que uma das minhas resoluções para 2025 definitivamente é ter menos medo de ser um pouco mais egoísta. Agir um pouco menos como se eu precisasse "ganhar" as pessoas que estão na minha vida.
Por falar em terapia e o fato de eu ter voltado em março, a terapia foi uma das coisas que literalmente salvou minha vida em 2024. PAUSA: LI-TE-RAL-MEN-TE salvou minha vida. Falando super sério por um instante, eu não tive ideações suicidas este ano, mas eu entrei em uma fase super entorpecida em que parecia que eu não me importava se algo de ruim acontecesse comigo ou não. Vou dar um exemplo um pouco pesado, então pulem para o próximo parágrafo qualquer coisa: eu e minha irmã ganhamos uma panela de pressão de presente e nos primeiros usos ela fazia um barulho estranho que me dava medo e eu evitava chegar perto dela quando ela estava no fogão. Um dia no meio do ano, eu entrei na cozinha enquanto a panela estava no fogo e fiquei lá, parada, olhando para a panela e pensando que se ela explodisse eu provavelmente ia passar alguns meses em coma no hospital e poderia descansar. Horrível, né? A pior parte é que eu contei essa história para um monte de gente e recebia olhares horrorizados todas as vezes, mas eu ria porque não era nem o pior pensamento que eu tive este ano. Foi só mês passado, quando eu estava fazendo carne de panela, que eu me dei conta do quão horrível esse pensamento foi. O detalhe é que isso aconteceu meses depois de eu ter voltado para a terapia.
Eu voltei para a terapia em março, já sabendo que eu precisava dessa ajuda e que minha mente iria para um lugar bem pior se eu não fizesse algo sobre. E a forma como as coisas pioraram depois disso me mostram que eu NÃO teria sobrevivido se não fosse pela terapia. Ir à terapia duas vezes por semana não me possibilitou evitar o começo de burnout que eu tive em setembro, mas me permitiu reconhecer os sintomas e evitar que eu desenvolvesse um 6º transtorno mental aos 26 anos. Não impediu todas as batalhas que eu tive que lutar, mas me ensinou pelo quê valia a pena lutar. E hoje, ter ido para a terapia o ano inteiro permite que eu veja as histórias que eu contava para mim mesma para sobreviver pelo que elas realmente são, seja grata pelo que elas fizeram por mim e perceba, ao mesmo tempo, que elas não me servem mais. Então, sim, a terapia salvou minha vida este ano. Literalmente.
Quando eu volto e olho para trás em 2024, eu não penso que é impossível ser triste e eu não penso só nas coisas boas. Não me entendam errado, coisas boas aconteceram — assim como as pessoas, anos ruins também tem a capacidade de fazer coisas boas. Eu tive a sorte de registrar essas coisas boas no YouTube algumas delas vocês veem no vídeo abaixo. Mas esta retrospectiva, esta reflexão sobre o ano de 2024 é um funeral. Estou enterrando 2024 com todas as honras. Que aquilo que não me serviu se decomponha e aquilo que pode me nutrir seja adubo para que eu cresça em 2025.
Para fechar, eu quero contar uma coisa boa que saiu do meu cérebro este ano e que é a mentalidade que eu quero levar para o ano que está começando. No começo de outubro, quando eu recebi meu salário, eu estava pensando na minha fantasia de Halloween (que mudou minha perspectiva sobre várias coisas, inclusive sobre como eu parto meu cabelo) que eu precisava comprar o quanto antes. Eu sabia que seria Betsy Kelso, mas ainda não tinha escolhido em qual cena. Eu pensei em sair para procurar algumas roupas aquele dia, mas mudei de ideia, pensando "daqui para o fim do mês eu serei uma pessoa completamente diferente". O pensamento me deixou muito feliz porque eu não queria ser quem eu era naquele momento e quando o mês acabou, eu estava certa. Daqui para o fim de 2025 eu serei uma pessoa completamente diferente. E mesmo com todas as minhas cicatrizes de batalha, eu recebo a mudança de braços abertos. Eu estou feliz, segura e pronta para o que quer que aconteça.
ANTES DE IR...
Tradição é tradição. Eu faço as listas e tops 5 abaixo aqui no blog desde 2011 e este ano não seria diferente.
Postagens em 2024: 8
Total de postagens até o fim de 2024: 549
Postagem mais popular do ano: 24 livros (nacionais e independentes) para ler em 2024
Visualizações de página em 2024: 28.560
Total de visualizações de página até o fim de 2024: 687.654
Tentando não me xingar muito por estes números, porque eu sei que escrevi tão pouco por aqui porque não estava bem. Mas eu espero que ano que vem esses números sejam absurdamente diferentes.
NO ESPÍRITO DE 2024
As 5 coisas ruins mais engraçadas que aconteceram comigo este ano. Sem ordem específica.
1. Eu testei positivo para Covid-19 pela primeira vez em 11 de março, o aniversário de 4 anos do dia que a OMS declarou a Covid uma pandemia. 4 anos depois. Primeira vez.
2. Todos os meus artistas musicais preferidos entraram em hiatus ou pararam de fazer música. TODOS. Música costuma ser uma das coisas que me mantém viva todos os anos, mas este ano eu quase morri quando um pouco depois da minha banda preferida, MisterWives, anunciar que entraria em hiatus de tour, meu grupo preferido Bahari se separou e pior, está no meio de uma batalha jurídica. Minha cantora preferida Kira Kosarin já estava em uma pausa da música quando o ano começou, mas eu já sabia e conseguia lidar com isso. Mas todo mundo? Todos os artistas que eu matava e morria para ver? De uma vez. Só de pensar eu quero chorar.
3. Minha gastrite se tornou oficialmente crônica e eu tive uma crise estomacal tão forte que fui parar no hospital de tanto vomitar. Depois disso, eu precisei ficar uns 2 ou 3 meses sem tomar café. Coincidentemente, foram os 2 meses que eu estive envolvida em uma campanha eleitoral.
4. E falando em campanha eleitoral, no dia 28 de setembro eu fiz parte de uma caminhada por um candidato à prefeitura. Nessa caminhada eu andei 12km. 12 QUILÔMETROS. Só para referência, a Avenida Paulista tem 2,8km de extensão. A corrida São Silvestre, tem 15km. Eu andei 12 quilômetros naquele dia, no período de 10:30 às 13h20. O candidato pelo qual eu andei? Teve o pior resultado de candidatos do partido na nossa cidade desde 1996.
5. Essa última é algo que eu nunca vou superar porque eu me sinto maluca toda vez que eu penso sobre. Eu sugeri uma ideia em janeiro deste ano sobre um conteúdo educativo que eu considerava relevante, mas o restante da equipe achou desnecessário e desdenhou da ideia. Em maio, eu estava assistindo a TV local quando vi uma propaganda com a minha exata ideia feita pela concorrência. Não, eles não me copiaram e ninguém vazou a ideia, o conteúdo simplesmente era tão relevante para a opinião pública que eventualmente alguém faria. E é isso que me deixa maluca.
TOP 5 DE LIVROS LIDOS EM 2024
Dessa vez eu não vou fazer a lista de livros, porque eu só li 5 livros e não terminei 2 deles. A boa notícia é que eu já fiz um vídeo onde eu mencionei todos os livros que eu li! É só clicar aqui para assistir!
TOP 5 DE FILMES ASSISTIDOS EM 2024
Esta lista é considerando todos os filmes que eu assisti em 2024, independente do ano de lançamento. Para uma lista de filmes lançados em 2024 que eu assisti e rankeei, é só clicar aqui (e me sigam no Letterboxd também!)
1. O Retorno dos Thundermans (The Thundermans Return)
Dir. Trevor Kirschner
2. Rivais (Challengers)
Dir. Luca Guadagnino
3. Ainda Estou Aqui
Dir. Walter Salles
4. Garotas em Fuga (Drive-Away Dolls)
Dir. Ethan Coen
5. Wicked
Dir. Jon M. Chu
TOP 5 DE SÉRIES ASSISTIDAS EM 2024
Aqui eu considero as melhores séries que eu comecei este ano, não as melhores temporadas do ano. Ironicamente, essa lista acabou sendo quase todas as séries que eu comecei este ano.
1. That '90s Show
NETFLIX VOCÊ ME PAGAAAA. Betsy Kelso salvou minha vida.
2. Ghosts (UK)
Não acredito que eu passei o ano inteiro e não terminei esta
3. O Chefe da Casa (Man With A Plan)
Paramount+ devolve minha série
4. Love Has Won: O Culto da Mãe Deusa
5. Jovem Sheldon: Young Sheldon
TOP 5 ÁLBUNS DE 2024
Sem discussões neste aqui
1. eternal sunshine de Ariana Grande
2. Nosebleeds: Encore de MisterWives
3. BRAT de Charli XCX
4. Short n' Sweet de Sabrina Carpenter
5. The Thundermans Return (Original Motion Picture Score) por Caleb Chan, Brian Chan
OK, é isso, o ano acaba agora. Meia noite tudo começa do zero de novo. Obrigada por tudo e vejo vocês ano que vem,
G.
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