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Este post está alguns dias atrasado, o aniversário de 14 anos do blog foi na última sexta-feira, dia 7. Mas uma das muitas coisas que eu aprendi aqui é que timing é uma construção social, que força pessoas a publicarem coisas antes delas estarem prontas para que o mundo as veja.

Eu fiquei meio bloqueada sobre o que escrever aqui, mesmo sabendo o que eu queria dizer. A escrita tem dessas coisas. Quanto mais importante, mais difícil de escrever. É por isso que na história do blog teve vários posts que eu prometi fazer e nunca consegui. Textos sobre momentos importantes da minha vida que nunca foram publicados. Mas eu estou me adiantando um pouco.

O primeiro post da história deste blog foi escrito no meu caderno de escola, durante o primeiro dia de aula do 9º ano, quando eu ainda nem tinha feito 13 anos. Quando eu cheguei em casa, digitei o que tinha escrito e cliquei em publicar. Na época, escrever era um ato de desobediência. Meu trabalho era estudar, ficar no computador "teclando" era só para as horas vagas. Justamente pelo fato de que ninguém levava isso aqui a sério, eu comecei a levar a sério. A sério até demais.

É claro que o próprio ato de ficar no computador me causava uma sobrecarga de dopamina, mas a ideia de estar fazendo algo real, com significado e que alcançava outras pessoas também causava. Quando eu era criança, fazia um desenho bonitinho e tentava vender na porta de casa, adulto nenhum me levava a sério. Mas com a internet, não importava se ninguém ao meu redor me levasse a sério. Alguém, em algum lugar do mundo, levaria.

Nesse meio tempo, eu caí na armadilha de tentar fazer com que a minha vida fosse mais interessante do que ela é, mais de uma vez. A autenticidade construída, sabe como é? Caí na armadilha de tratar a internet como o fim — ao invés de um meio — diversas vezes também.

No começo eu precisava publicar tudo, como um diário mesmo. Tudo que acontecia comigo virava post. Essa era me tornou uma escritora melhor porque quanto mais eu praticava, melhor eu me tornava. Depois disso, foi a época em que as pessoas começaram a abandonar os blogs e irem para redes mais focadas em imagens e vídeos. Quanto mais as pessoas recomendavam que eu fizesse o mesmo, mais decidida eu ficava em continuar com o blog. Essa era me ensinou uma espécie de teimosia que manteria meu conteúdo alinhado com quem eu sou, muito além das tendências. E me deixou espaço para crescer.

Na sequencia, eu não conseguia mais escrever sobre a minha vida. Coisas que eram simples foram ficando mais complexas e eu me sentia uma pessoa diferente a cada semana que passava. Essa era me tornou alguém que acredita no poder do não dito. Me ensinou também a ser mais seletiva e a escolher o que eu queria dividir com o mundo.

Eu me transformei e me reinventei diversas vezes nesses 14 anos. Também prometi que iria mudar e me reinventar várias vezes e as coisas continuaram do mesmo jeito. Mas crescer é assim né? Eu ainda estou aprendendo o que funciona e o que não funciona. E só torcendo para que eu não esteja perdendo tempo nas coisas erradas.

Em conclusão, eu sou muito grata por esses 14 anos. A maior parte da minha vida, foi passada tendo um blog. Que coisa completamente absurda e assustadora. Espero que vocês continuem por aqui.
G.

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